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Entrevistas 4. 10. 2019
Políticas questionáveis, mortes e desaparecimentos misteriosos e um rol de emoções à flor da pele. É assim The Politician, a nova série da Netflix realizada por Ryan Murphy. A Vogue conversou com Claire Parkinson, responsável pelo guarda-roupa, sobre o processo de vestir as personagens e os maiores desafios do mesmo.
À primeira vista, a premissa de The Politician pode parecer um tanto simples: Payton Hobart (interpretado por Ben Platt) é um estudante de Santa Bárbara, Califórnia, que sabe desde criança que quer ser Presidente dos Estados Unidos da América. Os seus objetivos são claros, o seu percurso é singular, o seu foco é inabalável e a sua imagem impossível de manchar - isto é, até ao momento em que a sua candidatura a Presidente do Corpo Estudantil da escola secundária Saint Sebastian revela uma série de desastres, mistérios, políticas questionáveis e morais corruptas.
Uma verdadeira comédia satírica, esta nova série de Ryan Murphy — que conta com nomes como Lucy Boynton, Zoey Deutch, Gwyneth Paltrow e Jessica Lange no elenco — abre a cortina ao mundo da política e àquilo que é preciso para "criar" um político, da equipa certa ao vice ideal, sem esquecer o fato perfeito. Fato esse que, em The Politician, ficou a cargo de Claire Parkinson.
A Vogue conversou com a responsável pelo guarda-roupa da série sobre o seu processo criativo, a tarefa de vestir as personagens de The Politician e os maiores desafios de trabalhar neste projeto.
Como é que se envolveu nesta área do guarda-roupa?
Na verdade, foi um pouco aleatório para mim ter este emprego. Cresci com uma mãe que era stylist. Eu estava mais envolvida na área da escrita, tinha estagiado na Harper's Bazaar em Nova Iorque, e pensava que ia ser jornalista de Moda. Trabalhei em lojas vintage quando era mais nova, e a minha mãe colecionava peças vintage. Acabei por trabalhar num filme com uma responsável de guarda-roupa que conheci através da minha mãe. A minha mãe disse-lhe: "A minha filha sabe imenso sobre roupas de época". Isto era um filme sobre os anos 50, 60 e 70, e eu estava muito entusiasmada porque tive a oportunidade de aprender mais sobre o departamento de guarda-roupa. Daí, mudei-me para Los Angeles e continuei a trabalhar em cinema e televisão. Trabalhei com muitos responsáveis de guarda-roupa incríveis antes de me ter tornado numa. Conheci diferentes pessoas, tive várias experiências e trabalhei arduamente. (Risos) Tornei-me responsável de guarda-roupa há alguns anos. Conheci a Lou Eyrich, que trabalha com o Ryan Murphy há vinte anos, e ela ligou-me a dizer que tinha uma série que seria perfeita para mim. Foi a Lou, que agora é produtora para o Ryan Murphy, que me arranjou este trabalho. Encontrei-me com ele [o Ryan Murphy] todos os dias durante uma semana, conversámos sobre todas as personagens e colaborámos em formas de as trazer à vida através do guarda-roupa.
Qual foi o seu look favorito de The Politician?
Só um? (Risos) Oh, uau, deixa-me pensar um pouco... Diverti-me muito a criar o guarda-roupa da personagem da McAfee, que foi fortemente influenciada por mulheres icónicas e fortes, como a Gloria Steinem e a Diane Keaton, mas também por David Bowie. Estou a tentar lembrar-me dos fittings para te dizer um look que tenha gostado mesmo muito... Na verdade, adoro o fato verde que, se não estou em erro, ela usou no primeiro episódio. A personagem dela usa peças muito contemporâneas, mas também bastante vintage, porque quisemos misturar esses dois mundos. O fato é da Rachael Comey, que é uma marca que nós adoramos, e a camisa estampada que ela usou por dentro é Dries Van Noten. Quando andávamos a explorar as lojas encontrámos estes sapatos Celine, em tons de branco e bege, ao estilo loafer, mas mais um chunky loafer com salto. Esse é um dos meus coordenados favoritos, mas é um dos muitos. Foi muito divertido criar todas estas personagens e adorei colaborar com os atores e perceber com eles quem estas personagens eram.
Quem foi a personagem mais desafiante de vestir?
Acho que a Alice foi uma das mais desafiantes porque a personagem dela era muito de aparências e o estilo dela era muito deliberado. Não queríamos que ela usasse só peças contemporâneas, por isso olhámos para influências como a Jackie Kennedy e a Princesa Diana, mas também para Chanel. Queríamos que ela fosse muito clássica e calculada, mas ainda assim preppy e colorida. Não queríamos que ela tivesse um look demasiado vintage, por isso acabámos por misturar sweaters e pérolas Chanel, pegar em blusas bonitas e criar saias a condizer, à semelhança dos coordenados em tweed da Chanel, mas com um twist mais vintage. Também fizemos algumas bandoletes e laços a combinar com os coordenados. Foi desafiante comprar peças em lojas mais contemporâneas para a personagem dela, porque queríamos algo mais icónico, mas ao mesmo tempo incrível, visto que muitas das coisas foram feitas à medida. Usámos muitas peças clássicas, mas peças que não estavam à venda em lojas contemporâneas. Foi uma procura incessante para encontrarmos coisas que fossem realmente especiais e que funcionassem para a personagem, porque a missão dela é fazer com que o Payton seja eleito. Os coordenados dela são uma espécie de uniformes, muito pensados. É uma sátira.
Quem foram as influências e referências que a inspiraram durante o processo?
O processo começa com o guião, e daí temos reuniões com os nossos produtores, onde conversamos sobre todas as personagens. Depois de termos o nosso primeiro encontro, volto ao meu espaço e começo a criar mood boards para cada personagem com as inspirações. Para o Payton, olhei para imagens do JFK, de quando ele era muito novo, e do Robert Redford no The Candidate. Usei muitas influências dos anos 50 e 60 para as camisolas de gola alta, mas também olhei para aquilo que se está a fazer na Moda hoje — a Gucci foi uma fonte de inspiração para os ténis. Cada personagem foi influenciada por diferentes períodos de tempo. Depois de ter estes boards feitos, comecei a procurar o guarda-roupa, tanto em lojas, em espaços vintage, diretamente com os designers ou a criá-las de raíz.
Para a Georgina, olhámos para a fotografias antigas de mulher poderosas e socialites, por exemplo. Já para Astrid a inspiração foram os designers do agora, porque ela tem um estilo mais trendy — por isso olhei muito para a Dior, para a Miu Miu e para as influências dos anos 60. Para a McAfee inspirei-me na Bianca Jagger e na Katharine Hepburn. No caso da Skye virei-me muito para o grunge dos anos 90, Marc Jacobs, mulheres poderosas como a Angela Davis. Queria que o guarda-roupa da série fosse algo mais intemporal ao invés de ser só trendy. Eu adoro vintage, eu cresci nesse mundo e quis trazer esse universo para aqui, com um twist moderno. Esta série é sobre poder, mas não deixa de ser uma sátira, e cada personagem expressa isso através das roupas que veste, tal como todos nós o fazemos. Adoro que cada uma delas tenha uma voz muito forte, e foi isso que quis mostrar através do guarda-roupa.
The Politician mostra-nos um cenário de escola secundária, mas ao mesmo tempo um ambiente adulto. Como encontrou o equilíbrio entre ambos?
Com o Payton, por exemplo, mostrámos a maturidade dele através dos fatos, mas porque quis que ele se mantivesse jovem, conversámos sobre manter uma qualidade acessível e não apenas presidencial. E foi por isso que lhe dei ténis Gucci e camisolas de gola alta, por exemplo. Acho que esta série é muito aspiracional para os espectadores, tem comédia, tem sensualidade, tem um lado negro, e queríamos que isso fosse transmitido através do guarda-roupa. Também queríamos que as personagens fossem sérias em relação à eleição, por isso vemos o James sempre com uma gravata, ainda que esteja mais descontraída, e a McAfee em fatos. Estas personagens têm este guarda-roupa não só para mostrar poder, mas também para mostrar que estão numa missão e que vão fazer tudo para que o Payton seja eleito. A Astrid mostra o seu poder através de roupas mais trendy e arrojadas, por exemplo, e não tanto com uniformes como as outras personagens, que usam um determinado estilo em todas as ocasiões.
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