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Tendências 5. 7. 2019

A história das bandoletes

by Rosalind Jana

 

A Vogue traça a história da bandolete, das origens que datam à Grécia Antiga ao ressurgimento nas passerelles atuais.

©Getty Images

À medida que as modelos surgiam na passerelle primavera/verão 2019 da Prada, as suas bandoletes almofadadas tiveram um impacto imediato. Usadas com todos os looks, em versões que iam do rosa perlado ao preto em pele, as criações luxuosas de Miuccia Prada deram o pontapé de saída para o ressurgimento deste acessório ancestral. 

De certa forma, a bandolete não é tanto um objeto único, mas antes um género inteiro de acessórios. Pode ser almofadada à la Prada ou clássica como a de Alice, a personagem criada por Lewis Carroll (e recuperada pela Disney em 1951, num filme que cimentou ainda mais o estatuto memorável da rapariga que tropeça para outro mundo como uma fã confessa de bandoletes). A sua encarnação enquanto wrap ou lenço tem uma história tão longa quanto complexa, de significados culturais e religiosos à imagem de Gloria Swanson e das suas sedas. Claro que a bandolete também pode ser um acessório elaborado, próximo de um fascinator ou de uma headpiece

 

Posto isto, não é surpresa que a palavra "bandolete" evoque referências tão amplas quanto variadas — na verdade, o acessório e as suas diversas variantes existem há séculos. Na Mesopotâmia, as faixas eram usadas para manter os cabelos intactos, enquanto as grinaldas de louro gregas estavam profundamente enraizadas na mitologia; ambas eram imagens de proeza intelectual ou física. Depois, os diademas medievais e as eternas coroas de flores, adoradas tanto pelas civilizações antigas como pelos presentes no festival Coachella

No século XX, as bandoletes também passaram por diversas fases. Nos anos 20, eram usadas por uma nova geração de mulheres determinadas a romperem com as restrições do passado. Ideal para acentuar um corte de cabelo curto, a bandolete era o acessório de eleição de estrelas do Cinema mudo como Clara Bow e Louise Brooks. É um detalhe da década que permaneceu desde então: qualquer festa inspirada em The Great Gatsby está incompleta sem um mar de plumas saídas de uma qualquer bandolete. 



Quando os anos 30 chegaram, Coco Chanel foi responsável por tornar o look com bandolete num visual sem esforço, estilizado com calças brancas cintadas; enquanto os anos 40 viram o acessório desviar-se para um caminho mais prático, particularmente para as mulheres na altura da Segunda Guerra Mundial. Esta bandolete funcional não mudou apenas a posição do género feminino na esfera profissional, mas também o papel da roupa numa sociedade onde, durante muito tempo, o racionamento dos tecidos e as normas do local de trabalho exigiam pragmatismo. Famosamente usada por Rosie the Riveter no poster que proclamava "We Can Do It!", a bandana vermelha com polka dots — descrita noutro anúncio publicitário como "resistente à água, lavável, à prova de pó" — começou a fazer parte do uniforme da Women Ordnance Workers. 

Com o fim da guerra, a bandolete voltou à sua natureza "decorativa". Brigitte Bardot usava-as com frequência — um look que se tornou ainda mais famoso com Le Mépris, onde o lenço azul era acompanhado por riscas e eyeliner carregado. Grace Kelly ficava sempre polida com a sua. Para Audrey Hepburn, as bandoletes eram sinónimo de laços (e, por vezes, vinham acompanhadas do seu pequeno veado Pippin). Jackie O usou uma em rosa choque durante uma visita à Índia. O visual flower child de Sharon Tate era complementado com bandoletes usadas na testa. 

 


À medida que entrávamos na liberdade e glamour dos anos 70, Diana Ross apostava no glitz e no veludo, enquanto Bianca Jagger favorecia headwraps opulentos e metálicos para as suas noites no Studio 54. Os 70's também viram o regresso da bandolete no contexto desportivo — o legado da tenista dos anos 20 Suzanne Lenglen continuou com os famosos estilos às riscas de Björn Borg. Fora do court, a crescente popularidade dos vídeos de fitness nos anos 80 inspirou alguns visuais memoráveis, de Olivia Newton-John a Cher, com uma bandolete colorida e vibrante a ganhar o estatuto de companheira perfeita de um spandex e perneiras. 

Nos anos 90 e 2000, a bandolete estilo Alice voltou à ribalta. Hillary Clinton era fã e, no ecrã, este visual preppy era o grande vencedor — de Alicia Silverstone em Clueless a Selma Blair em Legally Blonde, sem esquecer a verdadeira rainha das bandoletes, a Blair Waldorf de Gossip Girl


Com este legado, a bandolete ocupa, hoje, uma posição interessante: das tardes livres na praia às manifestações políticas e ocasiões after-dark. Tem estado na posse das flappers e das estudantes, das princessas wannabe e das rainhas do fitness, das trabalhadoras com os seus macacões às mulheres perfeitamente polidas. E evocará para sempre a Princesa Diana, que deu uma nova vida a um chocker com esmeraldas e diamantes ao usá-lo como uma bandolete em 1985, na Austrália. 

Hoje, as bandoletes também sugerem um novo tipo de cool: o minimalismo das bandas sleek da Dior na primavera/verão 2019, usadas para complemantar um cabelo ainda mais sleek, ou o appeal eclético (e, francamente, Instagramável) dos pelos e das pérolas à la Shrimps outono/inverno 2019. Nas mãos de Simone Rocha, e graças à sua inclusão de bandoletes na primavera/verão 2019 e no outono/inverno 2019, o acessório tornou-se delicioso. Estas bandoletes de que falamos são uma categoria completamente nova — uma que inclui a nostalgia do final dos anos 90 e início dos anos 2000, enquanto oferece a pureza da infância e o prazer de uma tiara a brincar, um vislumbre de pedras preciosas ou de cetins. Usada por raparigas ambiciosas ou da realeza, a bandolete é um verdadeiro camaleão que, sem dúvida, irá manter o seu allure nos próximos anos. 

Mas, se dúvidas restassem, reunimos dez bandoletes para usar hoje e sempre. 

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