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14 colaborações icónicas entre designers e realizadores

27 Feb 2019
By Radhika Seth

Do extravagante tutu Rodarte que surge em Cisne Negro ao irrepreensível fato Prada que DiCaprio usa numa das cenas de Romeu + Julieta, a Vogue apresenta as 14 colaborações mais memoráveis entre os designers de Moda e os realizadores.

Do extravagante tutu Rodarte que surge em Cisne Negro ao irrepreensível fato Prada que DiCaprio usa numa das cenas de Romeu + Julieta, eis as 14 colaborações mais memoráveis entre os designers de Moda e os realizadores.

Delphine Seyrig em O Último Ano em Marienbad, vestida por Coco Chanel © Getty Images 

A Moda e o cinema são artes que se complementam: a segunda dificilmente existe sem a primeira, com os figurinistas a procurarem as roupas perfeitas para vestir as suas personagens. Poderia Holly Golightly, de Breakfast at Tiffany’s, virar um ícone da cultura pop sem os seus vestidos sofisticados, idealizados por Hubert de Givenchy e criteriosamente escolhidos pela lendária Edith Head? E o que seria de Belle de Jour sem o envolvimento de Yves Saint Laurent ou de Barbarella sem o nome de Paco Rabanne destacado na ficha técnica? Abaixo, a Vogue apresenta as colaborações entre os designers e os realizadores que ficaram para a história.

 

Dior em Stage Fright (1950)

Marlene Dietrich em Stage Fright © Getty Images

É nos filmes de Alfred Hitchcock que encontramos alguns dos figurinos mais elegantes da sétima arte: basta pensar no skirt suit verde de Tippi Hedren em Os Pássaros (1963), no vestido preto de Kim Novak em Vertigo (1958) e nos muitos vestidos vaporosos de Grace Kelly em To Catch a Thief (1955). Na memória ficam também os figurinos de Marlene Dietrich em Stage Fright. “Sem Dior não há Dietrich”, terá dito a atriz alemã aos produtores, pelo que o mestre do suspense não teve outra opção senão contratar o designer para criar todas as peças de vestuário da protagonista. O resultado? Vestidos de tule e uma chuva de penas. Escolhas certeiras para uma mulher que dá vida a uma vistosa cantora do West End, acusada de homicídio.

 

Balmain em E Deus…Criou a Mulher (1956)

Brigitte Bardot em E Deus...Criou a Mulher © Getty Images

Estávamos em 1956 quando o cineasta francês Roger Vadim transformou a sua então esposa Brigitte Bardot numa femme fatale com o filme E Deus…Criou a Mulher, onde a atriz, à data com 22 anos, interpreta Juliette, uma jovem com um apetite sexual voraz, por quem todos os homens de uma pacata vila piscatória ficam embevecidos. Vestidos-camisa de linho, tops que deixam os ombros a descoberto e saias-lápis que realçam as curvas de BB, tudo da autoria de Pierre Balmain, compõem a indumentária da atriz na película. No ano seguinte, o criador francês voltaria a vestir Bardot na comédia La Parisienne (1957). 

 

Chanel em O Último Ano em Marienbad (1961)

Delphine Seyrig em O Último Ano em Marienbad © Getty Images

Longos vestidos de chiffon e capas com penas: neste drama de Alain Resnais filmado a preto e branco, o elegante guarda-roupa de Delphine Seyrig teve a mão de Coco Chanel. A tarefa não era de todo nova para a designer, que já durante a década de 30 havia desenhado inúmeros figurinos para as estrelas de Hollywood vestirem à frente das câmaras. Distinguido com o Leão de Ouro no Festival de Cinema de Veneza, em 1961, O Último Ano em Marienbad chegou a servir de inspiração para o sucessor de Coco na Chanel quando, em outubro de 2010, Karl Lagerfeld apresentou a coleção de pronto a vestir da maison francesa num gigante jardim negro que replicava na perfeição um dos cenários mais marcantes da longa-metragem.

 

Givenchy em Breakfast at Tiffany’s (1961)

Audrey Hepbrun em Breakfast at Tiffany's © Getty Images

Com figurinos escolhidos a dedo pela lendária Edith Head, esta longa-metragem de Blake Edwards baseada numa obra de Truman Capote é obrigatória para quem pretende descobrir, conhecer melhor ou revisitar o trabalho de Hubert de Givenchy, que por tantas vezes vestiu Audrey Hepburn para a grande tela. Os dois conheceram-se em 1953, a propósito do filme Sabrina (1954) — distinguido com o Óscar de Melhor Guarda-Roupa —, e trabalharam juntos em Cinderela em Paris (1957), Love in the Afternoon (1957), Charada (1963), Paris When it Sizzles (1964), Como Roubar um Milhão (1966) e Amor entre Ladrões (1987). Apesar das muitas colaborações, não restam dúvidas: em matéria cinematográfica, é Holly Golightly quem veste as peças mais emblemáticas do criador francês, nomeadamente o little black dress que aparece logo nos primeiros segundos do filme.

 

Yves Saint Laurent em Belle de Jour (1967)

Jean Sorel e Catherine Deneuve em Belle de Jour © D.R

Yves Saint Laurent foi chamado para criar as peças de vestuário de Séverine Serizy, a dona de casa burguesa que trabalha como prostituta no clássico de 1967 de Luis Buñuel, e a escolha não poderia ter sido mais acertada: o designer encarregou-se de cobrir Catherine Deneuve com vestidos negros austeros, sobretudos de pele que alongam a silhueta e chapéus pillbox que repousam no topo da cabeça e que hoje caem na categoria de acessórios vintage. Belle de jour, indeed.

 

Paco Rabanne em Barbarella (1968)

Jane Fonda em Barbarella © Getty Images

Foi no grande ecrã que ficaram imortalizadas muitas das criações da era espacial de Paco Rabanne: veja-se o vestido prateado e brilhante que Audrey Hepburn usa a dada altura em Two for the Road (1967), ou atente-se no vestuário de Barbarella, onde uma Jane Fonda na casa dos 30 fica encarregue de impedir a destruição da galáxia. Vale a pena ver este filme de Roger Vadim só pelo guarda-roupa futurístico, assente em armaduras metálicas, bodysuits repletos de tachas e botas de cano alto que, volvidos mais de cinquenta anos, continuamos a querer calçar.  

 

Karl Lagerfeld em Maîtresse (1975)

Bulle Orgie em Maîtresse © D.R

Ao assaltar um apartamento, um ladrão descobre a câmara de tortura de uma dominatrix profissional de Paris: assim começa o filme de Barbet Schroeder Maîtresse, com Gérard Depardieu e Bulle Ogier nos principais papéis. Karl Lagerfeld, então à frente da direção criativa da Chloé, foi escolhido para criar as roupas ultra-provocadoras de Ogier: calças de couro, check; luvas até ao cotovelo, check; capas de veludo; check.

 

Giorgio Armani em American Gigolo (1980)

Richard Gere em American Gigolo © Getty Images

A imagem de Richard Gere vestido com um sobretudo camel e com um cigarro aceso e pendurado nos lábios no filme American Gigolo definiu a estética polida de Giorgio Armani. Quando foi contratado para elaborar os fatos masculinos para esta obra de Paul Schrader sobre o acompanhante de luxo Julian Kaye, o apelido do criador italiano ainda não tinha o peso que tem hoje. Foi a alfaiataria impecável de Kaye que chamou a atenção da indústria da Moda para Armani e lançou a carreira do designer, que desde então assumiu o guarda-roupa de dezenas de filmes, entre os quais Os Intocáveis (1987).

 

Azzedine Alaïa em 007— Alvo em Movimento (1985)

Christopher Walken e Grace Jones em 007 — Alvo em Movimento © D.R

Poucas Bond girls conseguiram estar tão bem vestidas quanto May Day, a vilã executiva interpretada por Grace Jones em 007 — Alvo em Movimento, de John Glen. O seu guarda-roupa assenta em power suits de proporções largas, biker jackets com volume q.b e vestidos em tons fortes, como vermelho e púrpura, muitos dos quais foram desenhados por Azzedine Alaïa, amigo de longa data de Jones. As silhuetas exageradas do criador franco-tunisino eram perfeitas para uma mulher que era igual a Bond em todos os sentidos — perspicaz, atlética e destemida.

 

Prada em Romeu + Julieta (1996)

Leonardo DiCaprio e Claire Danes em Romeu + Julieta © D.R

A versão cinematográfica de Baz Luhrmann do clássico de Shakespeare envolve armas de fogo, mafiosos de Verona Beach e…um jovem DiCaprio pré Titanic (1997). Para vestir as personagens principais deste Romeu + Julieta, a figurinista australiana Kym Barrett fez-se munir de peças desenhadas por Miuccia Prada: sim, o fato azul-marinho que Leo veste para subir ao altar e o celestial vestido branco com asas de anjo com que Claire Danes aparece numa festa, entre outras peças, são ambos da autoria da designer nascida em Milão. Já o vestuário igualmente memorável do gang Capuleto tem a assinatura da dupla Domenico Dolce e Stefano Gabbana.

 

Jean Paul Gaultier em O Quinto Elemento (1997)

Milla Jovovich em O Quinto Elemento © D.R

Sabia que o enfant terrible da Moda francesa trabalhou com Pedro Almodóvar para desenhar o guarda-roupa das películas La Mala Education (2004) e La Piel Que Habito (2011)? Todavia, no que diz respeito ao grande ecrã, Jean Paul Gaultier é mais conhecido pelas peças de vestuário do filme de ficção científica O Quinto Elemento, de Luc Besson. Entre o recortado bodysuit branco de Milla Jovovich, o aparentemente pesado colete de borracha de Bruce Willis sobre um top laranja-vivo, o traje do vilão Gary Oldman e o coordenado leopardo integral de Chris Tucker, é impossível eleger uma só peça favorita.

 

Raf Simons para Jil Sander em I Am Love (2009)

Tilda Swinton em I Am Love © D.R

De A Bigger Splash (2015) a Chama-me Pelo Teu Nome (2017), os filmes de Luca Guadagnino parecem incluir sempre personagens que, na hora de vestir, nunca dão um passo em falso. Em I Am Love tal também se verifica — tanto que o filme esteve nomeado para o Óscar de Melhor Guarda-Roupa. Nesta longa-metragem protagonizada por Tilda Swinton, musa de longa data do realizador, o vestuário da atriz que dá vida a uma mulher da alta sociedade de Milão é composto por vestidos de gala, malhas delicadas e casacos elegantes que refletem o minimalismo refinado da casa Jil Sander durante a era Raf Simons.

 

Rodarte em Cisne Negro (2010)

Natalie Portman em Coisne Negro © D.R

Foi a vencedora do Óscar de Melhor Atriz pelo desempenho no filme Cisne Negro, Natalie Portman, quem apresentou ao realizador norte-americano Darren Aronofsky as irmãs Kate e Laura Mulleavy. Inspiradas pelas peças que os bailarinos do American Ballet Theatre usavam fora dos palcos, mas também pelo guarda-roupa de filmes como A Dupla Vida de Veronique (1991) e A Pianista (2001), as fundadoras da Rodarte trabalharam de perto com a figurinista Amy Westcott — que já havia colaborado com Aronofsky em O Wrestler (2008) —, já depois de esta ter idealizado boa parte da estética para o vestuário do filme. Queriam-se tutu elaborados, com plumas bem visíveis, e assim fizeram.  

 

John Galliano em Atomic Blonde — Agente Especial (2017)

Charlize Theron em Atomic Blonde — Agente Especial © D.R

Neste thriller de David Leich, Charlize Theron nem parece interpretar uma agente do MI6, a avaliar pelas roupas que enverga. Tomando como ponto de referência as fotografias de Helmut Newton, a figurinista Cindy Evans selecionou peças de vestuário de algumas das casas de Moda mais proeminentes do setor: aos arquivos da Dior foi buscar um casaco vermelho-cereja, à Burberry solicitou um trench coat (what else?) e a Saint Laurent pediu emprestado um par de botins de salto alto com apliques prateados. Mas a peça que causou o maior impacto foi possivelmente o casaco branco com um acabamento brilhante que Theron usa numa das primeiras cenas do filme, elaborado por John Galliano especialmente para este fim. Caso para dizer: dressed to kill

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