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De um ícone para um ícone: Pieter Mulier convida Paolo Roversi para fotografar os seus novos arquétipos Alaïa

05 Jul 2021
By Nicole Phelps

Alaïa Archetypes © Paolo Roversi / Courtesy of Alaïa
Alaïa Archetypes © Paolo Roversi / Courtesy of Alaïa

Desde a sua nomeação como diretora criativo que nos questionamos sobre como seria Alaïa de Pieter Mulier. O Instagram do designer belga tem-nos revelado poucas, mas sedutoras pistas: imagens do seu processo de trabalho, um retrato de Charles James num fitting, o sapato de vidro de Martin Margiela, e imagens do próprio Mulier no espelho do atelier. Agora, no entanto, foi publicada uma imagem mais clara. 

Na preparação para o seu primeiro desfile, que aconteceu a 04 de julho, Mulier comissariou Paolo Roversi para fotografar ícones Alaïa – o bodysuit, o cinto espartilhado, a saia corolla, hood, e macacão incluídos – da forma que o próprio os interpretou. Feitas a partir de um fio japonês com propriedades reflexivas, as emblemáticas peças praticamente brilham nas imagens chiaroscuro de Roversi. Mulier vê estas imagens enquanto representações estéticas da coleção que será definida pela elegância, precisão, beleza e emoção.  

Com a sua morte em 2017, Azzedine Alaïa deixou para trás três décadas de trabalho simultaneamente rigoroso e sensual, a partir do qual a marca baseou as coleções que se seguiram. Mulier, estreando-se no papel de diretor criativo após 15 anos enquanto braço direito de Raf Simons, afirma ter passado muito tempo nos arquivos Alaïa. “Sabendo que Azzedine era um desenhador genial, é interessante ver como ele confecionava as roupas”. Para saber mais sobre o que esperar da sua primeira coleção para a maison, convidamo-lo a ler as respostas de Mulier às nossas questões.

Fale-nos do projeto com Paolo Roversi. O que é que queria que as fotos retratassem?

Estes arquétipos estão a marcar a estética da coleção. São clássicos – ícones – e precisavam de ser fotografados por um ícone. Por isso pensei no Paolo. Traduzida na criação de Azzedine, a “sexualidade” tornou-se na elegância máxima. Ele não objetificava a figura feminina, celebrava-a. É sobre isso que são estas fotografias poéticas. Formas icónicas, precisão, poesia, como uma pintura flamenga. É superior a casting e tendências, é beleza absoluta. 

O que é que aprendeu de mais surpreendente desde que se juntou à casa Alaïa?

Eu sabia que Azzedine tinha uma forma muito descomprometida de lidar com o calendário da Moda e com o tempo em geral. Ele levava o seu próprio tempo, mas descobri que as roupas dele ultrapassavam o tempo. São eternas. Enquanto discutia com a Richemont, comprei muitas peças vintage e apercebi-me que todas elas eram imunes ao tempo. Na Alaïa, a criação tem o seu próprio ritmo. Algo muito raro no mundo da moda. Tempo é um luxo.

Tem alguma peça favorita que Alaïa tenha desenhado? Ou uma coleção favorita?

Sem dúvida: a primavera de 2003. Ainda me faz sonhar. A minha peça favorita é o cinto perfurado, de 1992.

Como pretende aproveitar o arquivo?

Eu mergulhei profundamente nos arquivos. Sabendo que Azzedine era um desenhador genial, é interessante ver como ele confecionava as roupas. Ele foi um dos primeiros costureiros franceses a experimentar as possibilidades técnicas da elasticidade de tecidos tricotados. As roupas dele assumem uma relevância impossível de definir.

Qual a sua perspetiva relativamente à distintiva silhueta marcada de Alaïa num mundo pós-confinamento? Como é que a pandemia alterou a forma como pensa a Moda?

Depois do que passamos, acho que todos precisamos de beleza. Não me refiro a perfeição ou ideais de beleza, mas a verdadeira emoção. A procura desta emoção era o objetivo da coleção. A beleza acima da Moda.

Como tem sido construir uma equipa própria pela primeira vez?

Eu sempre construí equipas, na Jill [Sander], na Dior, e na Calvin [Klein]. Na Alaïa surpreendentemente, não construí. Vim sozinho trazendo comigo apenas um colaborador por respeito às equipas que já faziam parte da casa e estou muito grato pela paixão que têm no trabalho e pela forma como me receberam.

Alaïa Archetypes © Paolo Roversi / Courtesy of Alaïa
Alaïa Archetypes © Paolo Roversi / Courtesy of Alaïa

Que conselhos recebeu de Raf Simons e/ou do seu parceiro Matthieu Blazy?

Demora o teu tempo. Sê respeitoso. Sê tu próprio.

Como pretende dar continuação ao espírito familiar da marca Alaïa?

O espírito familiar da Alaïa é uma verdadeira virtude. Há de facto uma família na rue de Moussy e têm sido extremamente generosos comigo. Mas vai para além disso. A família de Azzedine era diversa, aberta, democrática. Valores que pretendo perpetuar e nutrir no futuro.

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