Entrevistas  

Madalena Aragão: “dificilmente consigo escolher entre os vários tipos de representação”

09 Jul 2025
By Vogue Portugal

Com um talento inato que lhe permite dar vida a personagens únicas e alma a universos paralelos, Madalena Aragão brilha à frente das câmaras em projetos que a levam para lá das fronteiras lusitanas. Agora, numa conversa com a Vogue Portugal, a atriz reflete sobre a sua viagem pelo mundo da representação.

Dos grandes e pequenos ecrãs às plataformas de streaming, para Madalena Aragão, representar é quase um ato natural. Uma segunda pele que veste desde cedo e que lhe permite dar vida a uma infinidade de histórias e personagens apaixonantes. Numa conversa com a Vogue Portugal, a atriz fala-nos sobre o seu percurso pela representação, o que une (e separa) os universos do cinema e televisão e os projetos que o futuro lhe reserva.

Blazer e calças, BASH PARIS. Sandálias, ALDO.

Como é que a representação surgiu na tua vida?

Nem me recordo bem de quando comecei a gostar da representação. Claramente começou na escola, nas apresentações e nos pequenos teatros. Depois, quando tinha 10 anos fiz o meu primeiro casting e por sorte fiquei com o papel; foi para a telenovela Rainha das Flores. A partir daí, pouco parei até hoje.

De todas as personagens que já interpretaste qual foi a que mais gostaste? E a mais desafiante?

Há sempre pormenores de umas e outras que me fazem ficar na dúvida de qual gostei mais. Claro que há umas mais desafiantes do que outras, não só porque emocionalmente podem ser mais pesadas, mas também porque implicam um estudo mais aprofundado – por serem muito diferentes de mim ou por terem características ou competências que eu não tenho.

Por exemplo, fiz um filme o ano passado em que a minha personagem tinha de tocar piano e, para isso, tive de aprender uma peça do Segundo Concerto para piano de Beethoven em muito pouco tempo. Foi bastante desafiante! Este é um dos exemplos mais recentes. No fundo, tenho tido muita sorte nas personagens que tenho conseguido representar, porque de uma maneira ou de outra, todas têm-me ensinado coisas novas e têm-me desafiado muito.

Qual é a tua maior inspiração artística, internacional ou nacional?

São imensas. Portuguesas e estrangeiras. Em Portugal, já trabalhei com tanta gente que admiro. Cresci a olhar para os grandes. E cada vez que entro num projeto novo conheço novas pessoas que me ensinam muito e que são para mim, naquele momento, mesmo muito bons. Os melhores. E já trabalhei também com talentos estrangeiros, internacionalmente bem conhecidos, e igualmente excelentes atores.

Há tanta gente a trabalhar tão bem que seria injusto nomear apenas dois ou três. Deixo apenas o nome da Meryl Streep, por ser tão completa, e por tudo o que fez e que vi dela, me deslumbrar sempre!

Quão importante é que sentes que o guarda-roupa, cabelo e maquilhagem certos te ajudam a entrar em novas personagens?

São estes os elementos que vestem uma personagem. Depois de nos prepararem, vestirem, pentearem e maquilharem para a personagem, olho no espelho e já não é Madalena que vejo. Uns bons técnicos são indispensáveis e parte importantíssima do sucesso de qualquer projeto de representação.

És embaixadora de YSL Beauty. Como é que surgiu essa oportunidade?

YSL Beauty é a marca com a qual, desde o início, referi à minha agência que adoraria estar relacionada. Foram estabelecidos os contatos e demo-nos super bem. Senti-me perfeitamente recebida e acolhida e como adoro todos os produtos foi – e está a ser – maravilhoso. Já aconteceu estar a trabalhar um personagem e trazer-lhe a rebeldia que se sente na marca, o empoderamento feminino.

De que forma sentes que o universo e espírito de YSL Beauty se enquadram na tua realidade?

É uma marca com a qual me identifico muito. Quando me arranjo, sinto que posso fazer o que quiser! Toda a gama é linda. Gosto de ter cuidados com a pele, até porque tenho algumas alergias, e adoro maquilhar-me e fazer experiências. YSL Beauty, além de ter gamas perfeitas, tem também as melhores cores e os melhores tons: glosses, batons, sombras, blushes, máscaras, são todos incríveis! Em perfumes, agora acompanha-me sempre o novo Libre L’Eau Nue. Adapta-se perfeitamente a mim, e sinto-o o dia inteiro!

Fora da representação, onde é que encontras os teus grandes refúgios?

Se estiver a trabalhar em Portugal, aproveito os tempos livres para estar com as minhas irmãs e sobrinha bebé, mas também para jantar e sair com amigos. Também gosto de ir ao cinema, a algum espetáculo, ao teatro, e tentar ver alguns projetos magníficos que frequentemente aparecem por aí.

Se não estiver a trabalhar, sempre que posso, viajo para Paris. Tenho lá o meu namorado e o nosso cão [o Bala]. Normalmente, é ali que me preparo para as semanas de trabalho, mas também saímos para passear o Bala, para ir ver ou conhecer algo que ainda não tenhamos visitado, ou então só para jantar ou fazer uma tarde de jogos com amigos. No fundo, as coisas muito mundanas da vida, mas que me enchem a alma.

Preferes trabalhar em cinema ou televisão?

Gosto de ambos. São a mesma arte com características diferentes. Na televisão, tudo acontece mais rápido, com pouca margem para o erro. É frequente fazermos as cenas à primeira. No início dos projetos em televisão, tenho alguma dificuldade em aceitar que não posso repetir uma cena, porque sinto sempre que poderia fazer melhor. Mas o projeto avança no tempo, e quando chegamos ao cenário já sai tudo tão naturalmente que as sequências surgem boas e rápidas. Assim que nos “oleamos” e nos passamos a conhecer e a entender todos – atores, técnicos, produtores, realizadores – as coisas acontecem com muita naturalidade.

No cinema, a preparação é mais demorada e pensada. Normalmente, fazem-se imensos planos de uma só cena. Há tempo para procurar a perfeição. Pelo menos, a que o realizador quer atingir. Por exemplo, nos projetos que fiz em cinema, houve dias em que passámos as horas todas a filmar apenas uma única cena. Em contrapartida, na televisão, é normal fazer mais de 20 por dia. 

Um bocadinho diferente de televisão e de cinema, são as séries em que participei para streaming. Talvez estes projetos tenham sido um pouco a junção dos dois conceitos, aproveitando as vantagens de fazer televisão e do cinema. Mas reiterando o que disse, dificilmente consigo escolher entre os vários tipos de representação. Sinceramente, o que mais gosto, se puder, é de ir variando e ir saltando de uns para outros. Porque para além de continuar atualizada nas várias técnicas, aprendo mais e mantenho-me sempre motivada. Mas claro, tudo isto depende muito do interesse do projeto em si. Projetos interessantes, bem escritos, bem dirigidos, com atores bons e porreiros, são sempre o objetivo principal de qualquer ator.

Tens bastantes projetos com estreia marcada para este ano, o que é que nos podes contar sobre os mesmos?

Este ano estreiam ou já estrearam vários projetos em que participei. Participei em dois projetos internacionais: a série El Turco, que foi gravada durante cinco meses em Budapeste, e que estreou em março; e o filme The Bayou, um thriller gravado nas Filipinas e que teve estreia mundial nos cinemas no início deste ano. Além disso, participei também na segunda temporada da novela A Fazenda, que se encontra neste momento em exibição na TVI.

Posso falar também do filme Os Portugueses, de Vicente Alves do Ó, que está nas salas de cinema e que, de forma interessantíssima, trata de mostrar temas sobre músicas portuguesas, sobre liberdade, sobre Portugal e a alma lusitana. A série Vitória, de Leonel Vieira, é uma coprodução internacional e será exibida na HBO Max e na RTP Play, em princípio no final deste ano: são 8 episódios, em que a história se desenrola num ambiente escolar, onde, uma professora se depara com múltiplos mistérios relacionados com os alunos, arrastando famílias e as suas complexidades.

A Queda, um filme de Simão Cayatte e Leopardo Filmes, retrata a história de Joaquim, que sai antecipadamente da prisão ao fim de 16 anos, e que tem como único objetivo o sucesso da filha como pianista. Para isso, volta a cometer algumas infrações e ilegalidades para conseguir comprar-lhe um piano. É comovente, duro, e imperdível. Espera-se que estreie também ainda este ano. Por fim, Rabo de Peixe dispensa apresentações, e tudo indica que está para breve o lançamento da segunda temporada, onde tive o grande privilégio de participar também.

FotografiaMaria Vasconcelos @_mariavasconcelos
StylingMafalda Mota Alves @mafaldamotalves
TalentoMadalena Aragão @madalena_aragao_ agenciada por Connosco @connosco.pt e Leonor Babo - Actores @leonorbaboactores
MaquilhagemMário Dias @mariodiasmakeup com YSL Beauty
CabelosInês Costa Hair Studio com produtos L’Oréal Pro
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