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Project Union 21. 7. 2020
A Moda faz parte do seu cartão de visita há quase 30 anos. Mas reduzir o seu ADN a desfiles e peças de roupa é não conhecer nem uma faísca de Filipe.
É que o designer nacional é fogo que arde sem se ver - ou talvez até se consiga ver na forma apaixonada como se dedica ao métier. É um teatro que se passeia por uma passerelle, é uma mensagem social que se cose a linhas made in Portugal. É dramático, no sentido mais dramaturgo possível, mas no tom leve e boa onda com que leva a vida. Conhecer Filipe Faísca é saber que o seu génio criativo está sempre em ebulição e isso acontece numa espécie de livestream mesmo quando está a meio de uma conversa com alguém. Na sua mente, devem correr todas as suas coleções passadas, presentes e futuras, que tomam alegremente um cocktail com as parcerias paralelas que está sempre a congeminar - sejam aqueles Christian Louboutin que calçam as modelos nas suas apresentações, seja aquele fato de banho Voke que não nos sai da cabeça, apesar de já ter saído da passerelle em 2015.
Natural de Moçambique, faz de Lisboa a sua sede - mesmo enquanto berço de formação, tendo-se licenciado em Design de Moda no IADE (Instituto de Artes Visuais e Marketing) em 1989 -, local de onde cria guarda-roupas que querem cruzar a feminilidade contemporânea com a atualidade, primando sempre por um elemento comum: a elegância. Opta por mostras que não escondem o seu cariz de consciencialização para os problemas atuais da sociedade, escolhendo temas que refletem os tempos modernos, mas sem nunca comprometer o seu ADN ou defraudar a sua cliente. E fá-lo desde 1991, ano em que apresenta a sua primeira coleção na ModaLisboa, ao mesmo tempo que integra a Biennale of Young Artists from Mediterranean Europe, em Valência, Espanha. Chegou a ser assistente de Ana Salazar, em 1993, e, entre 94 e 2006, lecionou sobre Figurinos, no Chapitô - sem estranheza: a par do desenvolvimento de coleções no Atelier, bem como do seu trabalho customizado, como vestidos de noiva e peças para artistas nacionais, tem vindo a dedicar-se à criação de guarda-roupas para teatro, ópera, ballet e cinema, e ainda linhas de acessórios, figurinos e fardas, não se resumindo à job description expectável de um diretor criativo.
Aliás, ir mais além foi sempre uma premissa que tentou imprimir na marca, nomeadamente no que a parcerias diz respeito. Além de integrar o Project: Vogue Union, celebrou uma colaboração com a Triumph, entre 2011 e 2014 - ano em que também colaborou com Joana Vasconcelos, que criou uma peça para a passerelle da sua coleção Call Center -; forjou amizades com a Fundação Rui Osório de Castro, em 2015, que resultou na coleção Darling, uma linha com a estampagem de desenhos da autoria de crianças apoiadas pelo IPO; e ainda com a Montblanc e a Wolford, entre outras, parcerias celebradas no ano em que assinalou os 25 anos de marca - 2016. Isto, apenas para nomear algumas - e se acrescentasse alguma união com um colega de profissão, nomeia o designer de produto Paulo Cássio, que fique por escrito.
Nos entretantos, foi galardoado (Globo de Ouro para Melhor Estilista Português em 2008 e 2015, prémio de carreira na FIL pelo IADE), participou em exposições ligadas à área, um pouco por todo o lado - no MUDE e no Museu Nacional do Teatro e da Dança em Lisboa, na Casa do Design em Matosinhos, na Sol Koffler Gallery em Rhode Island, EUA -, e não se coibe de partilhar a experiência e conhecimento em palestras e workshops relacionados com técnicas têxteis e tecidos. Se dúvidas havia sobre o seu compromisso e paixão pelo setor, este CV dissipá-las-ia todas. Ainda assim, Filipe confessa à Vogue que a indecisão já lhe tocou: "houve sim uma altura em que não sabia se queria ser designer de moda ou designer têxtil", confessa, mas ratifica a decisão quando a certeza da escolha certa lhe chegou com a primavera/verão 2009, depois da apresentação, "e com o êxito nas vendas dessa coleção, o sucesso do desfile, a felicidade do público... é uma emoção única que nunca se esquece". Soube que era aqui o seu lugar, ainda que goste de ir saltitando de cadeira criativa em cadeira criativa, participando na direção artística de campanhas e realização do design de montras, ao longo do caminho.
A acumulação de tarefas paralelas nunca foi impeditiva de estabelecer uma assinatura clara daquilo que é a mulher Filipe Faísca e olhar para o seu portefolio é ver uma linha de sofisticação clara, embora se apresente sob diferentes texturas, silhuetas, materiais, cortes. As novas estações não fogem à regra e vivem a par e passo com a sofisticação de uma agora aposta em "pequenas coleções, com itens essenciais como camisas, vestidos, pijamas, t-shirts, calças...", ou seja, propostas que são isso mesmo, uma espécie de essenciais - tanto para o guarda-roupa feminino, como para a manutenção da marca que, como qualquer outra no mercado nacional, mesmo que bem estabelecida como a de Faísca, não pode dar-se ao luxo de se manter numa área de conforto. A criatividade e capacidade de se reinventar e multiplicar é, mais do que um capricho, uma necessidade e Filipe sabe-o - e fá-lo bem: lembra-se do momento em que Flor se desequilibra três vezes na passerelle do designer, em 2014? Mais inesquecível ainda foi o twist de faísca em colocá-la como estrela da sua campanha seguinte, na mesma pose de desequilíbrio, com uma dose de (bom) humor apenas suplantada pela - lá está - sofisticação estética da coleção e da imagem.
Essa sofisticação anda a par e passo com a propensão dos seus designs para básicos incontornáveis do vestuário - não é à toa que, quando lhe pedimos para nomear uma peça que seja espelho do seu ADN, nos fale de trench coat: "um trench coat plissado construído em Fevereiro de 2009 e um trench coat de crochet construído em Setembro 2008, que foi capa da Vogue", lembra.
Soa-lhe a familiar? É natural: a peça tem sido revisitada ao longo das apresentações de Filipe e vê-lo - em qualquer uma das suas reinterpretações - é querê-lo. E para tê-lo, a ele trench coat e a um rol de peças que não vai querer deixar na loja, pode encontrar a etiqueta Filipe Faísca no atelier/showroom da marca, no 1º andar do número 95 da Calçada do Combro, em Lisboa (t:+351 213 420 014), mas também nos seguintes pontos de venda:
Loja de Serralves
Rua de Dom João de Castro, 210
4150-417 Porto
Telefone: +351 226 156 500
Scar-ID Store
Rua do Rosário 253
4050 Porto
Telefone: +351 222 033 087
Formas Silk
Rua Frederico Arouca nº 4
2750-352 Cascais
Hoteis do Rio
Rua UIrena Lisboa nº 1
2900-028 Setúbal
Princesa y la Lechuga
Loja 21 Pr. Concept Store
Príncipe Real – Lisboa
T: +351 226 156 500
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