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Espelhos, há muitos... e boa parte deles estão no maravilhoso mundo da Moda

24 Feb 2021
By Pureza Fleming

A Moda está cheia de espelhos. Esta é a prova.

A Moda está cheia de espelhos. Esta é a prova.

Reflexos de ADN

Primavera/verão 2014 da Balenciaga, imaginada por Alexander Wang.

A notícia que anuncia o novo diretor criativo de uma grande casa de Moda é sempre recebida com um misto de emoções: por um lado, é positivo ver-se a criatividade do sangue novo (mesmo quando não é tão-novo-assim) ao serviço da indústria e do suprassumo do luxo; por outro, questiona-se: “Será o designer X capaz de fazer justiça ao ADN da casa Y?” Porque nem sempre é. Mas, por vezes, é. Quando a Balenciaga anunciou que Alexander Wang (Califórnia, EUA, 1983) seria o novo diretor criativo da maison, em 2012, os críticos retraíram-se. Aquela não era uma contratação óbvia. Contudo, um bom profissional será sempre um bom profissional, e Wang fez questão de sublinhar essa posição: “Eu quero trazer conforto e simplicidade ao ADN desta casa”, confidenciou. E, na sua segunda coleção para a marca — as propostas para a primavera/verão 2014 — fez questão de o demonstrar de uma forma afincada: para que não restassem dúvidas, colocou espelhos que mostravam as manequins, e as peças que estas desfilavam, a partir de vários ângulos diferentes. Note-se que os espelhos já fazem, de certa forma, parte do código genético da Balenciaga, uma característica que pode ser vista em algumas das suas lojas espalhadas pelo globo.

Amor-espelho

Capa do álbum Monsieur Gainsbourg Revisited (2006), com Jane Birkin e Serge Gainsbourg vestidos por Paco Rabanne.

Ela foi, e aos 73 anos continua a ser, uma venerada style icon. Ele, um conquistador inveterado e também um dos homens feios mais solicitados de sempre. Os dois juntos formaram um dos maiores power couples da História, e ainda nos deram Je T'aime... Moi Non Plus — o tema que fez furor e que foi, em simultâneo, censurado pelo Vaticano e por alguns países, por ser considerado demasiado explícito (gemidos incluídos). O sucesso do francês e da inglesa-mais-francesa-de-todos-os-tempos não se escreveu, porém, somente devido às suas músicas sensuais e de qualidade inquestionável. Jane Birkin (Londres, Reino Unido, 1946) e Serge Gainsbourg (1928-1991) constituíram muito mais do que um par romântico de artistas. Ela, ainda que sendo britânica, deu uma voz e uma imagem ao estilo parisiense. Foi aquela cantora e manequim que instituiu itens como o cesto de palha e que tornou peças básicas, como é o caso da T-shirt branca, no epítome do cool. O facto de ter dado nome à it bag da maison francesa Hermès não é, de todo, pura coincidência. Em Monsieur Gainsbourg Revisited (2006), o álbum de tributo a Serge com versões dos seus temas mais célebres, só que cantados em inglês, o casal surge na capa com camisolas de gola alta, ao melhor estilo armadura, repletas de pequenos espelhos, e com a (óbvia) assinatura de Paco Rabanne. Nous l'aimons. 

São espelhos, senhoras

Atmosfera do desfile outono/inverno 2013 da Dior.

“Porque é que não existem grandes artistas mulheres?” foi o novo We Should All Be Feminists, de Maria Grazia Chiuri (Roma, Itália, 1964). Desta vez a mensagem chegou através das propostas apresentadas na coleção primavera/verão 2018 da Dior, onde aquela designer assume a direção criativa desde 2016. “Nos dias que correm, as marcas de Moda precisam de representar muito mais do que apenas um bom produto, e Chiuri está determinada a que a Christian Dior transmita uma mensagem positiva, na qual a designer realmente acredite”, escreveu a propósito a Vogue US. E, naquela temporada, a nota construtiva de que as mulheres também teriam direito à arte foi passada, não só através das frases estampadas nas peças — não foi por acaso que a top Sasha Pivovarova, em tempos uma estudante de arte, abriu o desfile com uma long sleeve de riscas, estilo marinheiro, e uma mensagem impressa onde se podia ler Why Have There Been No Great Women Artists? —, mas também através do ambiente em que o desfile se desenrolou. A sala encheu-se de pequenos espelhos que mais se assemelhavam a uma versão espelhada–prateada do artista Gaudí — os mesmos pequenos espelhos que se viram, também, em alguns looks. Este hino aos espelhos já havia sido visto no passado, quando Raf Simons (Pelt, Bélgica, 1968), estava ao leme da maison. No seu desfile para o inverno de 2013, o belga encheu a sala de esferas prateadas que faziam uma alusão às icónicas Silver Clouds (1966) do artista Andy Warhol.

Mirrors are forever (also, they're a girl's best friend)

Naomi Campbell e Kate Moss na festa Beers & Versace Diamonds Are Forever, em 1999.

O evento Beers & Versace Diamonds Are Forever, uma gala de caridade organizada em junho de 1999 pela casa italiana Versace em conjunto com a empresa de diamantes De Beer, lançou as coordenadas e os seus convidados seguiram-nas magistralmente. Senão, vejamos: de uma escala de Moss a Campbell, quão cool consegue ser uma imagem que capte as duas top models - e, ainda por cima, vestidas para brilhar daquela maneira? É uma pontuação difícil de se conceder, porque, convenhamos, não é em todas as vidas, nem sequer em todas existências, e muito menos em todos os planetas, que se vê surgir um par de amigas do calibre de Kate Moss (Croydon, Reino Unido, 1976) meets Naomi Campbell (Londres, Reino Unido, 1970). É que se uma Miss Moss incomoda muita gente, uma Miss Moss que se junta ao furacão Naomi incomoda muito mais — por isso, torna-se moroso imaginar o impacto de uma dupla daquela dimensão. Back to 1999, deparamo-nos com as duas manequins, e amigas próximas, esplendidamente enfiadas em vestidos ultracintilantes, graças aos imensos e pequeníssimos espelhos que os compõem, com assinatura Versace, e que ainda levam escrito nas entrelinhas (dúvidas restassem...), “vestidas para vencer”. Diz-se que os diamantes são para sempre. Mas não são, também, intemporais, os registos que espelham momentos como estes da História da Moda? É claro que são.

These boots were made for shining

As inesquecíveis botas revestidas a espelhos, criada por Anthony Vaccarello para o outono/ inverno 2017 da Saint Laurent.

Paris, março de 2017. Era a segunda vez que Anthony Vaccarello (Bruxelas, Bélgica, 1982) apresentava uma coleção como diretor criativo da Saint Laurent. As expectativas estavam altíssimas. E o que passou pelos headquarters da histórica marca francesa, não desiludiu. Porque tudo o que se viu foi (deveras) Saint Laurent: “Eu relaciono sempre a YSL a festas, ao mundo da noite”, explicou Vaccarello, em conversa com a Vogue US. E ainda bem. É que o ADN daquela maison implora por uma determinada vibe eighties, que respira disco, decadência e rock and roll. Assistiu-se, por assim dizer, a inúmeras e fiéis referências àquela década: desde ombros volumosos e opulentos, a minivestidos em materiais que variavam entre o cabedal, o vinil ou o veludo, sem esquecer os brilhos desmesurados, as mil e uma transparências, os sucessivos cortes assimétricos, e, para rematar, maravilhosas botas de cano altíssimo capazes de elevar a sexyness ao seu expoente máximo. Entre estas, um par ultra-shining, revestido a minúsculos espelhos, uma peça absolutamente deslumbrante, e que foi usada ora por cima de calças, ora por baixo de longos vestidos com rachas que arriscaram trepar até à anca. Um par de botas que nasceu definitivamente para brilhar.

Stairway to heaven

Coco Chanel fotografada na impresionante escadaria do seu apartamento na Rue Cambon.

We will always have Paris. E, em Paris, teremos sempre a porta 31 da Rue Cambon, que é como quem diz a “sede” da Chanel. Foi naquele edifício parisiense, situado a poucos minutos da Place Vendôme ou do Hotel Ritz Paris (onde a designer viria a morar mais tarde), que Gabrielle “Coco” Chanel (1883-1971), a estilista e fundadora da maison homónima, criou o seu pequeno-grande império. O maior símbolo desse por demais conhecido apartamento? A escadaria Art Déco, coberta de espelhos de cima a baixo, e que permanece intacta desde 1920, data da sua construção. “Quem é que quer ter uma escadaria com espelhos de cima a baixo? Alguém certamente vaidoso!”, poderia pensar-se. Acontece que é precisamente o contrário. De natureza tímida, mademoiselle idealizou aquela escadaria de forma a poder assistir aos seus desfiles de forma incógnita. Assim,sentada no quinto degrau — o seu número da sorte —a revolucionária criadora poderia não só observar as manequins que desciam as escadas com as criações, mas também, e acima de tudo, assistir às reações do público. Tudo isto sem ter de aparecer — como boa artista que era, preferia o anonimato à exposição. Uma escadaria inconfundível que a levava até ao comum dos mortais — neste caso, os potenciais clientes Chanel - e ao paraíso que Gabrielle tinha construído nos meandros do seu atelier, no topo daquele icónico prédio da cidade-luz.

Viagem ao paraíso perdido 

Ambiente geral do desfile outono/ inverno 2016 da Louis Vuitton.

A crítica considerou-o um dos melhores desfiles da temporada outono/inverno de 2016, com uma coleção repleta “de peças fáceis de se adorar e de se usar”. Nicolas Ghesquière (Comines, França, 1971), aos comandos da francesa Louis Vuitton desde 2013, idealizou um mundo subaquático, uma espécie de Atlântida perdida: “Tivemos a ideia desta viagem, de uma mulher que poderia ser uma heroína digital, como é a Tomb Raider, ao descobrir um sítio arqueológico”, comentou. Desta forma, em colaboração com o artista francês Justin Morin foram especialmente construídas três estruturas geométricas atrás da Fundação Louis Vuitton e projetado um cenário que contou com 57 colunas, no total, o que exigiu a colocação de 200 mil pedaços de espelhos partidos e restaurados à mão. No que respeita à coleção, o designer francês apostou em elementos geométricos e assimetrias, tendo explorado, nomeadamente, visuais de inspiração desportiva. Os icónicos lenços com estampados de correntes e de fivelas foram igualmente resgatados e surgiram em vestidos fluídos, perfeitamente balanceados por um tipo de calçado mais sólido. Diríamos que ideal para qualquer heroína digital que se quisesse aventurar a navegar até àquele mundo imaginário de Ghesquière.

Espelhar o amanhã

Coleção primavera/verão 2011 de Gareth Pugh.

Se o futuro fosse um designer e se este tivesse um nome, o mais provável é que se chamasse Gareth Pugh (Sunderland, Reino Unido, 1981), aka, o designer mais futurista da indústria. Nas suas propostas, temporada sim temporada sim, é comum assistir-se a rigorosas alusões a tudo o que são elementos vanguardistas, a qualquer coisa que indique o tempo verbal do amanhã. As sugestões com assinatura Pugh para a primavera/ verão 2011, ainda que não tenham sido exceção no que respeita a áurea futurista que o distingue, foram consideradas, pela maioria da imprensa especializada, mais suaves do que aquilo que era costume. Contudo, diversos elementos presentes foram suficientes para manter o espírito avant-garde que tão bem caracteriza o cunho do criador britânico: viram-se guerreiros cyborg galácticos, elementos sci-fi, armaduras metalizadas e ainda uma forte influência japonesa, evidente nos quimonos, mas também patente nos cabelos e na maquilhagem. Além dos usuais tons de preto, cinza e branco — aqueles que melhor definem a etiqueta Pugh — as peças construídas em nylon impresso com alumínio foram as grandes responsáveis por acrescentar um extraordinário efeito de espelhos. E, uma vez que falamos de Gareth Pugh, estes não se tratavam de simples espelhos, mas antes de espelhos que refletiam o futuro de forma brilhante.

O futuro é Balmain

Olivier Rousteing para a primavera/verão 2019.

É certo que já atribuímos, por aqui, o tempo futuro ao designer britânico Gareth Pugh. Acontece que, subitamente, deparamo- -nos com o desfile para a primavera/verão 2019 da Balmain, e voltamos a ter o futuro. Digamos que se trata de um futuro mais elegante, mais polido, e menos vanguardista. Mas, certamente, sofisticado e, em linguagem corrente, “muito à frente”. Olivier Rousteing (Bordéus, França, 1985), o designer ao leme da maison francesa desde 2012, definiu aquela coleção como sendo uma espécie de “Paris meets Egypt”, conceito que justificou da seguinte forma: “Todas as manhãs eu acordo e vejo o Obelisco de Louxor, na Concorde, e a Pirâmide do Louvre... Penso que é muito importante mencionar que grande parte da beleza de Paris se encontra na sua história e a sua história não se limita àquilo a que chamamos de francês”. O desfile abriu com a manequim britânica Cara Delevingne vestida com um corpete de metal reluzente, seguida por uma legião de mulheres poderosamente cobertas por peças estruturadas, onde se destacavam materiais como pequenos pedaços de espelhos partidos. Os espelhos, esses, vimo-los em vestidos, calças e tops, mas também em sandálias, carteiras e cintos. Tudo por um futuro que, apesar de percursor, não deixa de fazer justiça ao übersexy que sempre esteve (e sempre estará) nas origens daquela casa.

Divina Catedral

Interior do imponente edifício Guildhall, em Londres, onde decorreu a estreia de Johnny Coca como director criativo da Mulberry, em 2016

Não foram tempos fáceis, para a britânica Mulberry, os anos que antecederam a entrada do criador espanhol radicado em Paris, Johnny Coca. Por conseguinte, a sua estreia enquanto diretor criativo daquela casa gerava elevadas expectativas. O momento chegou na apresentação das coleções para o outono/inverno de 2016, na London Fashion Week, e a Coca cabia a difícil tarefa de renovar uma marca muito querida do público, com uma sensibilidade própria e profundamente enraizada — uma herança rica, uma rebeldia refinada e uma linguagem tão british cujo entendimento poderia estar, tantas vezes, somente ao alcance de alguns. Porém, enquanto ex-designer de acessórios da Celine (foi ele o criador da famosa carteira Trapeze), e ex-Louis Vuitton, Coca mostrou ser o homem certo para o cargo, onde se manteve até março de 2020. Assim, no seu primeiro desfile para a Mulberry, o estilista foi remexer nos arquétipos do estilo britânico, explorando, desta forma, um punk polido, ao qual acrescentou toques góticos. E se aquela coleção cumpriu os propósitos, tendo Johnny Coca passado com distinção no primeiro teste enquanto diretor criativo da casa, foi o cenário do desfile que se revelou divinal. O edifício Guildhall, em Londres, foi transformado numa impressionante catedral, de vitrais intrincadamente coloridos, que se deixavam refletir nos muitos espelhos que vestiam o espaço. Digamos que Johnny Coca abraçou a sua estreia na Mulberry... de forma religiosa.

Black Mirror

Cenário do desfile primavera/verão 2019 da Celine, o primeiro de Hedi Slimane aos comandos da marca.

Em finais de setembro de 2018, a edição online da revista Dazed escrevia: “The Celine girl is going to a party”, que é como quem diz, a rapariga Celine, a antiga mulher do mundo imaginada por Phoebe Philo, despiu as roupas conceptuais e vestiu-se de lantejoulas, de calças skinny, de casacos de cabedal – ou seja, cobriu-se de tudo aquilo que fazia dela uma rebelde inveterada, e não uma Céline woman. Confuso? Com a chegada de Hedi Slimane (Paris, França, 1968), enfant terrible da Moda, à maison fundada por Céline Vipiana em 1945, a marca não só perdeu o acento como deixou para trás aquela estética polida e centrada no olhar feminino que, durante o reinado de Philo, seduziu milhares de fãs pelo mundo fora. “Foi desorientador”, observou Vanessa Friedman no The New York Times. E, de certa forma, foi. Porque, conhecendo o percurso de Slimane, era de esperar que o seu objetivo fosse esse: chocar, impactar, desorientar. Menos que isso seria... nada. E o que melhor que uma sala de espelhos para romper totalmente com um passado em que a lógica ditava “menos é mais”? O cenário do desfile primavera/ verão 2019 imaginado pelo designer foi construído propositadamente em frente à imponente catedral Saint-Louis Invalides, na Rive Gauche, e foi dele que surgiu uma gigantesca caixa preta que se revelou totalmente espelhada, captando a luz e as sombras que delineavam os contornos das novas modelos (e mulheres) Celine: estupidamente jovens, exageradamente magras, e com aquele ar blasé de quem acabou de sair de uma enorme festa... e vai a caminho de outra.

Shine bright like... Lady Gaga

Lady Gaga num bodysuit criado por Zaldy para a Haus of Gaga.

O estilo camaleónico de Lady Gaga dispensa apresentações, bem como as suas mil e uma aparições (ou versões) - já a vimos vestida de todas as maneiras e feitios e “aborrecimento” é um vocábulo que não faz parte do dicionário da cantora. E, convenhamos, o seu gosto já não é o que era, que é como quem diz, evoluiu para melhor. Muito melhor. Consideravelmente melhor, arriscamos dizer. Mas sempre sem perder o espírito irreverente que a artista leva inscrito no seu legado. Nesta ode que fazemos aos espelhos, recordamos o bodysuit de ombros amplos, revestido a minúsculos espelhos e de estilo muitíssimo futurista, que a pop star vestiu numa das datas da sua tour, Monster Ball, e que teve lugar no Nokia Theatre, em Los Angeles, em 2009. Rainha do avant-garde, ícone de Moda, style legend, e, de acordo com a edição americana da Harper’s Bazaar, dona de um “unbeatable style”, os visuais de inspiração galáctica são já uma constante no universo Gaga. Recordemos que, em junho daquele ano, a cantora já havia surgido no Festival de Glastonbury com o mesmo visual espelhado, uma autêntica disco ball que fez correr tinta na Internet. E como não fazer? Digamos que, em tempos como os que vivemos hoje, em que a palavra “aborrecimento” é branda demais para os definir, temos tudo para dizer, alto e bom som: bring Lady Gaga (style) back. 

Este artigo foi originalmente publicado na edição de janeiro/fevereiro 2020 da Vogue Portugal. 

Pureza Fleming By Pureza Fleming

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