Naquela que é uma crítica ao poder, torna-se quase irónico quanto poder este livro detém sobre nós.
Naquela que é uma crítica ao poder, torna-se quase irónico quanto poder este livro detém sobre nós.
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Publicado originalmente em 1982, O Todo-Poderoso é uma das obras menos conhecidas da autoria de Irving Wallace, editada em português pela Livros do Brasil. Já são poucos os exemplares (principalmente na versão portuguesa) que se encontram à venda, porém, um deles chamou-me à atenção numa pequena feira do livro em segunda-mão. Não foi preciso mais do que ler a contracapa para ter vontade de o levar para casa.
Se há algo de positivo em adquirir um livro sem pensar duas vezes, é o facto de serem poucas as expectativas que lhe estão associadas. Apreciei a escrita de Wallace logo desde as primeiras frases, por ser tanto acessível quanto misteriosa, e, sem dar por isso, já tinha devorado em escassas horas os primeiros capítulos. A história, por sua vez, também contribuiu para tal ocorrência. Passada num cenário jornalístico do século passado, a narrativa centra a procura por poder de um editor de jornal nova-iorquino, à medida que este encontra formas, digamos, inovadoras (embora muito pouco éticas) de o transformar no meio de comunicação mais vendido da cidade.
Para além de ser um percurso cativante, O Todo-Poderoso conta ainda com uma personagem feminina, Victoria Weston, retratada de forma invulgar para a época. Weston é uma jornalista ao serviço do célebre editor, apreciada pelo seu caráter destemido, pela sua inteligência e, acima de tudo, por ser a pessoa que leva o final do livro a bom porto. Foi refrescante encontrar uma personagem com a qual me podia identificar, reconhecendo nas suas aspirações a base para a minha própria motivação.
Ao fim e ao cabo, a obra de Irving Wallace é um romance de fácil leitura, apoiado numa narrativa que se sustenta em temáticas muitas vezes ignoradas pela população comum. Poucos serão os que a conseguem caracterizar como aborrecida, pois, pela minha experiência, o difícil é conseguir largar o livro.
Pontuação:
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