Os dias em que as clássicas gabardines eram estritamente utilitárias estão oficialmente no passado.
Os dias em que as clássicas gabardines eram estritamente utilitárias estão oficialmente no passado.
![Fotografia de Chris Milo. Styling de Alessandra Mastantuoni. Vogue Portugal, setembro 2019](/uploads/photos/54b211d25d763959396b1cecf42caa46.jpg)
Fotografia de Chris Milo. Styling de Alessandra Mastantuoni. Vogue Portugal, setembro 2019
Fotografia de Chris Milo. Styling de Alessandra Mastantuoni. Vogue Portugal, setembro 2019
A gabardine como a conhecemos hoje carrega uma herança que vai muito além da passerelle. O mito associado a este casaco é que foi usado pelos soldados nas trincheiras lamacentas da I Guerra Mundial, conferindo à peça o seu nome e aparência. Na realidade, evoluiu de casacos à prova de água criados pelo químico e inventor escocês Charles Macintosh e pelo inventor britânico Thomas Hancock (fundador da indústria britânica da borracha) no início da década de 1820. E aqueles que efetivamente o usaram durante a guerra ocupavam principalmente posições de oficiais e estatutos superiores, que compravam o trench como parte do seu uniforme - um sinal de distinção social e classe, mesmo no exército.
O casaco à prova de água de Macintosh e Hancock, chamado mack, era feito de algodão emborrachado e destinava-se ao homem bem vestido, cujos dias envolviam cavalgar, pescar, atividades ao ar livre e serviço militar. À medida que a tecnologia evoluiu, o revestimento de borracha tornou-se mais respirável, menos propício à transpiração e melhor a repelir a água. Em 1853, um alfaiate residente no distrito de Mayfair em Londres, chamado John Emary, desenvolveu casaco para a chuva aprimorado, que produziu sob a alçada da sua empresa Aquascutum (do latim, que significa "água" e "escudo"). Thomas Burberry, um jovem empreendor de Hampshire fez o mesmo em 1856 com a fundação da sua empresa com o mesmo nome. Ao impermeabilizar os fios individuais de algodão e fibra de lã em vez do tecido acabado, o tecido "gabardine" da Burberry, inventado em 1879, era o mais respirável até à data, provando ser popular entre exploradores, aviadores e outros aventureiros.
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Diz-se que tanto a Aquascutum como a Burberry “inventaram” o casaco impermeável da I Guerra Mundial, mas a verdade é que as duas marcas apenas ajudaram a popularizar um tipo de casaco já existente, adaptando-o para o uso militar. Soldados estrangeiros e até civis começaram a usar o casaco durante a guerra, comprando o allure patriótico do estilo. Este casaco impermeável da primeira grande guerra tinha abotoadura dupla, cintura marcada e abria para uma bainha abaixo do joelho. O cinto tinha argolas em D para permitir pendurar nele outros utensílios. A capa na parte de trás permitia que a água escorresse e o tecido no peito fornecia ventilação; os bolsos eram fundos, os punhos podiam ser apertados e os botões no pescoço ajudavam a proteger quem o usava de gás venenoso. Alguns casacos vinham também com um forro quente e removível, que podia ser usado como roupa de cama, se necessário. Durante a guerra, o casaco foi produzido na cor khaki para que a camuflagem fosse mais eficaz.
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Vogue, 1972 ©Getty Images
O trench coat começou a livrar-se do seu utilitarismo militar em 1940, quando começou a ser romantizado por Hollywood. Substituindo a imagem do militar pela do jornalista, do gangster, do detetive, do espião e da femme fatale, Hollywood ajudou o casaco a entrar num guarda-roupa mais elegante e trendy. Hoje, é constantemente revisitado e reinventado por designers como Martin Margiela, Rei Kawakubo e Jean Paul Gaultier, e ainda é uma assinatura duradoura do seu criador, a Burberry. Disponível em vários estilos, combinações de cores e materiais, comprimentos, com ou sem os seus detalhes originais, o casaco pode muito bem ter perdido a sua conotação militar, mas ainda se mantém um clássico apelativo a toda a gente. As tendências de Moda vão e voltam, mas o trench é para sempre. Descubra dez abordagens a este clássico do guarda-roupa, na galeria abaixo.
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