No Comments Issue | Roteiro

12 Nov 2021
By Ana Murcho e Sara Andrade

O que ler, o que ver, o que fazer.

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Os livros que tem mesmo de ler

© Penguin
© Penguin

Estes podem ser julgados pelas capas, porque o seu conteúdo é igualmente bom. Provocadoras, inesperadas, chocantes, as imagens que dão vida a estes livros são apenas a primeira página de histórias que vale (muito) a pena ler.

Tampa, de Alissa Nutting, Harper Collins (2012), € 18,03.

Charlie And The Chocolate Factory, de Roald Dahl, Penguin Modern Classics (2014), € 10,90.

Sex And The Citadel: Intimate Life In A Changing Arab World, de Shereen El Feki, Pantheon (2013), € 7,98.

Sluts, de Dennis Cooper, Capo Press (2005), € 13.

Satan Burger, de Carlton Mellick III, Eraserhead Press (2001), € 17,16.

My Turn: Hillary Clinton Targets The Presidency, de Doug Henwood, Seven Stories Press (2016), € 10.

The Vivisector, de Patrick White, Penguin (2009), € 8.

All We Saw, de Anne Michaels, Knopf (2017), € 11.

Cannibals In Love: A Novel, de Mike Roberts, FSG Originals (2016), €14.

Despair, de Vladimir Nabokov, Penguin Modern Classics (2015), € 12,92.

Os filmes e documentários que tem mesmo de ver

A invenção do cinema fez das imagens em movimento um dos meios por excelência para descobrir, e conhecer, cada recanto do planeta. Para lá das histórias de amor e das comédias a que estamos habituados, há obras que nos mostram o mundo que nos rodeia, de forma nua e crua. Estas são algumas delas. 

Seaspiracy (2021)
Seaspiracy (2021)

“O planeta está em alerta.” Nos últimos anos, esta frase tornou-se quase banal. Das mudanças climáticas à extinção de espécies, dos movimentos migratórios à luta pelos direitos humanos, da poluição dos rios e oceanos à deflorestação de extensas áreas verdes, os problemas do planeta foram-se acumulando, como uma perigosa bomba relógio prestes a rebentar. É por isso urgente ter consciência, diariamente, de que qualquer ação que tomamos, por mais pequena que seja, pode (mesmo) contribuir para um mundo melhor - mais verde, mais puro, mais justo. Na impossibilidade de atendermos a todas as questões desta nossa “casa”, e face ao constante bombardeio de informação com que somos confrontados, é bom saber que há alguns filmes e documentários que nos podem ajudar a refletir no rumo a seguir enquanto humanidade. Um bom exemplo é a icónica The Qatsi Trilogy (1982-2002), a trilogia de filmes de Godfrey Reggio, com banda sonora de Philip Glass, composta pelas obras Koyaanisqatsi, Powaqqatsie Naqoyqatsi,onde é feita uma poderosa crítica à sociedade moderna através uma amálgama de e sons e imagens, que confrontam o espectador com os seus hábitos - e com os seus pecados. Da mesma forma, Cowspiracy (2014) é um murro no estômago sobre a indústria da criação de gado, e sobre a forma como está a dizimar os recursos naturais do planeta. Mais conceptual, Voyage of Time: Life’s Journey (2016), de Terrence Malick, é um olhar profundo sobre o nascimento e a morte do universo como o conhecemos. O realizador americano trabalhou no documentário ao longo de mais de 40 anos, e encara-o como um dos marcos mais importantes da sua carreira. Exibido no Sundance Filme Festival, Plastic China (2016), de Jiuliang Wang, é um documentário sobre a vida de duas famílias que ganham a vida a reciclar resíduos de plásticos importados de países desenvolvidos. Já este ano estreou Seaspiracy, uma análise sobre as consequências da pesca e do consumo desenfreado de peixe. A lista poderia continuar, porque as questões mais pertinentes estão longe de estarem resolvida, mas assinalamos ainda An Inconvenient Truth (2006), vencedor de dois Óscares em 2007, um alerta sobre as consequências do aquecimento global protagonizado pelo antigo vice-presidente americano Al Gore, Chasing Ice (2012), sobre os efeitos do aquecimento global, About The Flood (2016), um documentário que questiona o impacto das alterações climáticas, onde Leonardo DiCaprio discute o tema com vários entendidos, de políticos a cientistas.

As exposições que tem mesmo de ver

Uma imagem vale mais que mil palavras, e estas exposições comprovam-no: mais do que falar em sustentabilidade e planeta, elas convidam-nos a testemunhá-los através do olhar de quem melhor os capta em imagem. Natureza, ser humano, impacto ambiental, ganham contornos visuais em 2D para contrapor a beleza da natureza e até da humanidade ao excesso, ausência de consciência e negacionismo para aprendermos com os nossos erros e admirar o que vale a pena salvar. 

Amazônia, Sebastião Salgado, Science Museum, Londres

São mais de 200 as imagens captadas ao longo de sete anos pelo reverenciado fotógrafo brasileiro nas suas inúmeras viagens pela floresta amazónica, que pode ver de perto neste museu londrino. Através da objetiva de Salgado, a mostra, patente até março de 2022, é um convite a explorar as mais belas e únicas paisagens do destino inóspito a preto e branco, binómio que é apanágio de Sebastião. O ativista e ambientalista é uma referência no que à natureza e disparidade social diz respeito, e esta Amazônia comprova-o. Aliás, a exposição inclui vídeos com entrevistas a alguns dos líderes indígenas de 12 comunidades locais que lutam por proteger a sua casa, e ainda uma banda sonora imersiva com os sons da floresta. A abrir a mostra, o Science Museum apresenta ainda, como introdução, uma curta-metragem comissionada pelo próprio museu que aborda o papel vital da Amazónia na prevenção das alterações climáticas, destacando não só os perigos da sua deflorestação, mas também o que pode e está a ser feito para evitar que se chegue ao ponto de rutura. A própria seleção de imagens, com curadoria da mulher do fotógrafo, Lélia Wanick Salgado, não quer ser apenas o olhar polido do pulmão do planeta, mas antes um testemunho ocular do impacto destes danos ambientais não só na terra, mas também nas suas comunidades. 

Amazônia, no Science Museum, Exhibition Rd, South Kensington, Londres SW7 2DD, Reino Unido. De qua. a dom., das 10h às 18h. Entrada: £10. De 13 de outubro a março de 2022. 

Mais informações em sciencemuseum.org.uk.

Gyres, Ellie Ga, Galeria Zé dos Bois, Lisboa

A ZdB serve de palco à obra sobre correntes marítimas, dito de forma simplista, da artista Ellie Ga. Estes “giros” que intitulam a exposição de Ga referem-se às poderosas e massivas correntes do mar que acabam por transportar todo o género de objetos que, quando saem deste vórtex marinho, dão à costa para depois serem recolhidos por respigadores da praia que tentam rastrear os seus itinerários. Nesta obra em exposição, Ellie quis, em formato fílmico, fazer circular imagens e ideias que povoam a sua mente, à semelhança do movimento em forma de espiral dos giros, coordenando e conectando o movimento das correntes oceânicas e o empenho dos respigadores. Um misto de memórias pessoais com objetos à deriva, numa apresentação audiovisual narrada pela artista americana e com imagens que chegam do Egito, Grécia, Inglaterra e Estados Unidos e que dão à Costa na Galeria até 26 de novembro. 

Gyres, na Galeria Zé dos Bois, Rua da Barroca, 59, Lisboa. De seg. a sáb., das 18h às 22h. Entrada: €3. De 16 de setembro a 26 de novembro de 2021. 

Mais informações em zedosbois.org.

We Are History, Somerset House, Londres

Com distintos pontos de vista de uma seleção de artistas, esta exposição mostra um olhar diferente sobre o impacto da Humanidade no planeta, traçando as complexas relações entre a crise climática dos tempos modernos e o legado do colonialismo. Onze artistas - Alberta Whittle, Allora & Calzadilla, Carolina Caycedo, Louis Henderson, Malala Andrialavidrazana, Mazenett Quiroga, Otobong Nkanga, Zineb Sedira e Shiraz Bayjoo - com ligações às Caraíbas, América do Sul e África, surgem como referência e voz ativa na transmissão de uma mensagem veiculada pelas imagens relacionadas com justiça social e ambiental. Fotografia, impressão, têxtil, instalação e vídeo são as ferramentas para uma mostra que pretende ser uma viagem emocional e provocatória pelo tema do climate change ao colocar questões sobre os problemas ambientais que o hemisfério sul tem vindo a enfrentar - à luz do passado e retirando informação pertinente das práticas culturais e sistemas de conhecimento dos povos indígenas. Numa iniciativa que mostra o quão é bela, mas também frágil, é a natureza, a contribuição deste coletivo artístico procura expandir a narrativa tradicional sobre as alterações climáticas, normalmente associada à Revolução Industrial do Ocidente, para procurar respostas em períodos de mudança como a era colonial, que viu a agricultura e a migração de pessoas, consequência da escravatura, como agentes de alteração profunda do quotidiano à escala global. 

We Are History, Race, Colonialism & Cliamte Change, Somerset House, Strand, Londres WC2R 1LA, Reino Unido. De sáb. a ter., das 11h às 18h; de qua. a sex., das 12h às 20h. Entrada livre. De 16 de outubro a 06 de fevereiro de 2022. 

Mais informações em somersethouse.org.uk.

Originalmente publicada na edição No Comments da Vogue Portugal, de novembro 2021. Todos os crétidos e imagens na versão em papel.

Ana Murcho e Sara Andrade By Ana Murcho e Sara Andrade

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