Fotografia: Getty Images
Descobri que vivemos numa sociedade puritana quando, ainda no ensino secundário, o diretor da escola olhou para o casaco de malha curto que estava a usar e disse: “Ainda bem que tens orgulho no teu corpo, mas não podes usar isso”. (Eu tinha doze anos!!!) No entanto, isto tornou-se ainda mais evidente para mim quando surgiu a mais recente onda de opiniões sobre a Sabrina Carpenter nas redes sociais.
A última discussão online que envolveu a cantora pop de 26 anos diz respeito à capa do seu próximo álbum, Man's Best Friend, que será lançado em agosto. A capa mostra Sabrina ajoelhada no chão com um look preto, enquanto uma mão agarra no seu cabelo despenteado.
honest thoughts on this album cover? pic.twitter.com/n3FflIVQmO
— pop culture gal (@allurequinn) June 11, 2025
Embora este possa ser o exemplo mais evidente da cantora a dar o seu toque lúdico e inegavelmente sexual a um dos estereótipos femininos da atualidade (recordemo-nos do filme Babygirl), não é o primeiro. Esta é, afinal, a mulher que beijou um extraterrestre nos VMAs de 2024 e provocou indignação com as suas Juno positions – momento em que imita posições sexuais na sua tour.
“É sempre tão engraçado para mim quando as pessoas se queixam”, disse Sabrina recentemente à Rolling Stone, referindo-se à reação contra as referências mais ousadas e arriscadas das suas músicas. "As pessoas dizem: "Ela só canta sobre isto", mas são essas as músicas que o público tornou populares. É óbvio que as pessoas adoram sexo. São obcecadas com isso. Faz parte do meu espetáculo por isso mesmo".
Como sempre, Sabrina tem 100% de razão; a nossa fixação cultural na forma como ela expressa a sua sexualidade não parece ser mais do que um reflexo da nossa própria fixação com sexo em todas as suas formas – mas particularmente quando é abraçado sem pudor por uma jovem empoderada. Obviamente, a ideia de uma cantora pop pequena, loira e extremamente sexy não é nova – lembremo-nos de Britney Spears! – mas Carpenter distingue-se por estar, ou pelo menos parecer estar, totalmente em controlo da imagem que projeta. Ver a cantora a mostrar as suas nádegas durante a atuação de sapateado com sapatos Louboutin nos Grammys de 2025, por exemplo, foi divertido em parte porque a própria artista parecia estar a divertir-se. Na verdade, Sabrina deveria ser elogiada, e não criticada, por colocar tudo de si (incluindo o seu sex appeal) ao serviço da sua arte.
Ainda não ouvi Man’s Best Friend, por isso não posso confirmar se o universo do pup play faz mesmo parte da narrativa do álbum. Mas parece perfeitamente típico de Sabrina Carpenter: pôr toda a gente a falar de uma única fotografia sua, antes mesmo da música estrear. (Quer dizer, a sério, quem é a pessoa que lhe puxa o cabelo? Será que alguma vez saberemos?) Pessoalmente, acho que ficaríamos todos melhor se deixássemos de ficar tão instintivamente horrorizados com a vontade da cantora de se tornar divertida e livre no que diz respeito à sexualidade e, em vez disso, a deixássemos ser ela própria – independentemente do que as pessoas tenham a dizer sobre isso.
Traduzido do original, disponível aqui.
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