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Notícias 7. 5. 2020
O mundo, de momento, é lugar ditado por restrições: onde não podes ir, o que não podes fazer, quem podes ou não ver. Pierpaolo Piccioli, da Valentino, tem uma solução criativa para as restrições que estamos a viver: sonhar. O designer, que conversou com a Vogue desde a sua casa em Nettuno, Itália, sobre os sonhos e as emoções que a Moda pode criar, com a diretora da Vogue Paris, Emmanuelle Alt.
“Neste momento, é preciso pensar fora da caixa”, começou por dizer Piccioli. “Precisas de criar novas regras.” As novas regras que o designer escreve na Valentino, onde cria as linhas masculinas, femininas, os acessórios e a Alta-Costura, têm tudo a ver com a Moda como um meio de iluminação e fantasia. “A Moda para mim é uma grande palavra. Acho que, na última década, produzimos muito coisa. […] Não te estás a conectar muito com as coisas que são produzidas, tu só te consegues conectar com as pessoas através das emoções”, confessou. “Acho que a Moda é, sobretudo, sobre a tua ideia de beleza em relação ao tempo em que estás a viver […] Tem que ver com sonhos, emoções, poesia, leveza.”
Citando a célebre frase de Diana Vreeland, “dê aquilo que eles nunca souberam que precisavam”, Piccioli continuou: “A ideia não é só entregar coisas, não é entregar roupa nova: é entregar novos sonhos e emoções para um novo momento."
Como entregar um novo futuro quando o presente parece sombrio? Piccioli é firme ao afirmar que, para fazer isso, os designers precisam de falar através do seu ofício - não através de declarações de marketing vazias. “Não quero fazer slogans sobre inclusão”, começou por declarar. “Se tu gostas de Moda, acho que é relevante quando entregas mensagens através da Moda e não de slogans. […] Está a falar-se muito de inclusão e diversidade. Acho que não precisamos de falar sobre isso, nós temos é que passar para a ação. Não precisas de falar.”
Alt falou sobe o desfile de Alta-Costura de Piccioli para primavera/verão de 2019 e do final vívido com todos os modelos negros, um momento em que a mensagem de união era óbvia. Essa ideia está ligada ao que Piccioli está a fazer para construir uma comunidade em torno da Valentino. “A ideia de comunidade é o novo mundo”, afirmou. “Acho que a comunidade significa um grupo de pessoas que partilham os mesmos valores que tu. É muito diferente do lifestyle, a palavra da última década. Lifestyle é uma palavra que significa que um grupo de pessoas está a partilhar a superfície, a comunidade significa partilhar valores. Sinto que agora, mais que nunca, precisamos de ser comunidades de pessoas que partilham os mesmos valores.”
Este mês, a marca anunciou a campanha Empathy, na qual 24 amigos da marca - de Gwyneth Paltrow a Rossy de Palma e Adut Akech - vão ser fotografados pelos seus entes queridos a vestir Valentino em suas casas. Como os talentos desta campanha disponibilizaram o seu tempo, a Valentino tem a oportunidade de realocar o orçamento de uma campanha para uma doação, no valor de um milhão de dólares, ao Instituto Nacional de Doenças Infecciosas Lazzaro Spallanzani de Roma. “A campanha é o nosso trabalho, é a imagem, mas podemos doar através do nosso trabalho”, afirmou Piccioli. “A única coisa que posso fazer é o meu trabalho e esperar ser útil para outras pessoas.”
Piccioli explicou ainda como é que ele e a Valentino estão a trabalhar atualmente na coleção de Alta-Costura, a ser apresentada ainda este ano. A história da marca como fornecedora de fantasia através da Alta-Costura deve continuar, com roupas que parecem “mais radicais [e] mais extremas” na sua beleza. “Sinto que isso é muito importante; mesmo tendo a consciência da situação, temos a responsabilidade de permitir que as pessoas continuem a sonhar. Esse é o nosso trabalho”, continuou. “Mesmo que sintas o momento, não tens que refletir o momento. Não acho que tenhas que refletir o momento, tens é que reagir a esse momento, dando uma nova ideia de beleza. Tens que tentar iluminar o fim do túnel, não precisas de ver a escuridão.” Para Piccioli, essa luz brilha quando a criatividade é primordial.
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