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Pessoas 6. 9. 2019
Exploramos a forma como Peter Lindbergh captou algumas das mais icónicas imagens de Moda e como lançou as supermodelos originais dos anos 90.
Imagine as supermodelos mais famosas dos anos 90, e é possível que a imagem que lhe vier à cabeça seja de Peter Lindbergh. O fotógrafo alemão impulsionou o fenómeno com uma imagem publicada na edição norte-americana da Vogue, em agosto de 1988, onde se via um grupo de modelos em ascensão, em camisas brancas na praia. Dois anos depois, em janeiro de 1990, foi a vez da sua capa para a edição britânica do título, um quadro a preto e branco das supermodelos originais: Linda, Naomi, Cindy, Tatjana e Christy. George Michael viu a fotografia e convidou cada uma delas para o vídeo de Freedom! '90 — e, consequentemente, inspirou Gianni Versace a colocá-las na passerelle a fazer lip-sync dessa mesma música.
Enquanto as supermodelos reinaram, e à medida que evoluiram com novas gerações, era Lindbergh quem as estava a fotografar. E apesar de ter sido um contributo essencial para a carreira de todas elas, o mais marcante das suas fotografias era a intimidade das mesmas. Famosas por não serem retocadas e naturalmente iluminadas, as imagens de Peter Lindbergh de algumas das celebridades mais glamorosas eram retratos de uma beleza sem filtros, com uma qualidade verdadeiramente cinematográfica. Em tempos, John Galliano disse que os sujeitos de Peter Lindbergh eram estrelas de cinema silenciosas, com as roupas como guião e Lindbergh como realizador. As suas imagens têm o poder de ser, simultaneamente, intemporais e atuais, cheias de alma e nunca forçadas — basta ver a imagem das supers vestidas em Chanel para a edição de setembro de 1991 da Vogue norte-americana.
Em pessoa, Lindbergh era caloroso, com uma beleza robusta e sempre vestido de forma casual — lentes na ponta do nariz, jeans mais do que usadas e um boné com o slogan 'Peter'. Era esta atitude relaxada que ditava o tom para o seu trabalho. "Quando trabalhei com o Peter pela primeira vez pensei, 'Meu Deus, ele quer mesmo ver-me'", disse a modelo alemã Nadja Auermann à Vogue. "Tive que aprender. E é mesmo bom perceber isso. Ele gostava que eu estivesse natural e a forma como eu era enquanto pessoa. Outros fotógrafos diziam coisas como, 'Eu quero que tu mostres um sorriso - mas não quero que te rias.' Mas o Peter fazia-te sempre rir e mostrava-te que não precisavas de te preocupar se fizesses uma cara mais estranha."
Em meados dos anos 80, Lindbergh explicou a Alexander Liberman, o lendário diretor editorial da Condé Nast, que simplesmente não se conseguia relacionar com as imagens de mulheres demasiado produzidas que a Vogue apresentava. "Não conseguia suportar o tipo de mulher que aparecia na revista, um tipo de mulher que era sustentada pelo marido rico", disse-me uns anos mais tarde. Quando Liberman lhe pediu para produzir uma fotografia do tipo de mulher que queria retratar, Lindbergh foi para uma praia em Santa Monica com Linda Evangelista, Karen Alexander, Christy Turlington, Estelle Lefébure, Tatjana Patitz e Rachel Williams, todas elas vestidas em camisas brancas oversized. O resultado foi a antítese da composição formal da fotografia de Moda e dos seus códigos restritos que, na altura, era sinónimo de imagens do rosto de modelos extremamente maquilhadas. Em vez disso, Lindbergh mostrou estas modelos pouco conhecidas, em nada pretenciosas e a rirem-se em conjunto, num momento de verdadeira felicidade e autenticidade, que falava mais alto do que qualquer cosmético, retoque ou coordenado extravagante.
Inicialmente, as imagens foram rejeitadas por Liberman e Grace Mirabella, a diretora da Vogue americana nessa altura. Pouco tempo depois, Anna Wintour chegou à revista, e assim que encontrou essas fotografias numa gaveta do departamento de arte, convocou Lindbergh e convidou-o a fotografar a capa do seu número de estreia enquanto diretora da Vogue americana, em novembro de 1988. A imagem, com a modelo israelita Michaela Bercu a usar uma camisola de Christian Lacroix e jeans, a sorrir com os olhos semicerrados, rosto afastado da câmara, foi uma verdadeira revelação, um sinal de mudança, uma aceitação e representação de uma beleza desinibida e pluralista.
Lindbergh creditou o sucesso das suas colaborações ao facto de fotografar maioritariamente em analógico, e de ter muito mais tempo para cultivar relações verdadeiras sem a pressão das redes sociais ou dos monitores digitais. "Quando usas uma câmara normal, captas as imagens e estás sozinho com a pessoa que estás a fotografar, e isso cria intimidade", contou-me em tempos. "Não é algo que acaba em dois minutos, porque não sabes se ficou bem, por isso tens que fazer ainda mais. E depois tens imensas fotografias." Ele acrescentou: "Quando estão ligeiramente desfocadas, é melhor ainda."
Lindbergh continuou: "O crime é que os fotógrafos são obrigados a fotografar com um cabo ligado à câmara e existe um ecrã no meio do estúdio e toda a gente está a olhar para ele. A relação com a modelo morre aí. Os editores dizem, 'Peter, já tens a imagem, está ótimo' ou 'Mexe a mão mais para ali' e isso não tem nada haver com a fotografia. A fotografia transforma-se num botão e isso é algo considerado normal nos dias de hoje. É o fim de tudo e, lentamente, todos os fotógrafos vão começar a desaparecer. No espaço de dez anos, não irão existir mais fotógrafos."
Apesar de tudo, Lindbergh não estava contra a tecnologia. Este ano, quando convidado a fotografar um grupo de 15 mulheres para a edição de setembro da Vogue britânica, co-editada pela Duquesa de Sussex, Lindbergh fotografou Jacinda Ardern, Primeira Ministra da Nova Zêlandia, através de um link de vídeo — uma primeira vez para o fotógrafo e para a revista.
No decorrer de quatro décadas, Lindbergh produziu um legado de imagens que definiram eras, incluindo fotografias com as supermodelos cujas carreiras ele ajudou a lançar. "Ao longo de 10 ou 12 anos, eu trabalhei com 10 modelos, no máximo", Lindbergh confessou a John Galliano numa conversa para a revista Interview em 2013. "Apareciam novas caras, mas estas 10 eram aquelas que conseguiam deixar o mundo completamente surpreendido. Por isso, trabalhavas com as mesmas pessoas." E o resto, como se costuma dizer, é história.
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