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Os 18 filmes de Hitchcock onde o guarda-roupa é protagonista

11 Sep 2025
By Radhika Seth

Alfred Hitchcock e Grace Kelly no set de Dial M for Murder. Fotografia: Warner Bros. Pictures/Sunset Boulevard/Corbis via Getty Images.

A lista de obras de Alfred Hitchcock é tão extensa quanto fascinante. Ao longo da sua carreira com mais de meio século, o mestre do suspense fez quase 70 filmes e programas de televisão, desde filmes britânicos a preto e branco e sem som a grandes sucessos de Hollywood em technicolor.

Na sua obra, encontramos inúmeros lançamentos que marcaram uma época e se destacam entre os melhores filmes de sempre, independentemente do género — desde o assombroso Rebecca ao emocionante Janela Indiscreta, sem descurar o encantador Vertigo ou o arrepiante Psicose.

É um verdadeiro crime que, apesar das nomeações, o autor nunca tenha ganho um Óscar ao longo da sua carreira. Quando finalmente recebeu um galardão pelo conjunto de todas as suas obras, à la Hitchcock, o artista aceitou o prémio de consolação com um dos discursos mais curtos da história da cerimónia, pronunciando-se apenas com: “Muito obrigado… mesmo muito”, antes de sair do palco.

Os seus filmes têm um humor irónico, bem como reviravoltas intensas, atuações notáveis, visuais deslumbrantes e guarda-roupas sensacionais, onde nomes como Grace Kelly, Kim Novak, Eva Marie Saint e Tippi Hedren brilharam em propostas criadas maioritariamente por Edith Head, uma lenda da indústria. Assim, eis 18 filmes do autor para revisitar vezes sem conta.

The Lodger (1927)


O verdadeiro indicador da genialidade de Hitchcock? O facto do mesmo ter conseguido aterrorizar o público com algo tão simples como este thriller sem som e a preto e branco — a sua terceira longa-metragem, realizada aos 27 anos. O filme conta com Ivo Novello no papel de um assassino que aterroriza as ruas de Londres e June Tripp no papel de uma modelo que acaba por se apaixonar por ele. Esta foi também a primeira participação especial do realizador no grande ecrã — o que acabou por se tornar uma ocorrência regular.

Blackmail (1929)


Neste filme, conhecido como o primeiro filme britânico com som alguma vez realizado, uma jovem londrina (Anny Ondra), loira, com chapéus cloche e casacos deslumbrantes comete um crime indescritível (mas talvez necessário). Do uso de sombras alusivas à música intensa e assustadora, passando por um desfecho frenético no British Museum e uma deliciosa cena final, este é um filme imperdível.

The 39 Steps (1935)


Um sucesso de bilheteira e um dos filmes mais vistos do realizador, The 39 Steps é uma comédia policial, e conta com Robert Donat a interpretar uma fuga em território escocês. A personagem rapidamente transforma Madeleine Carrol numa cúmplice involuntária, numa narrativa que une determinação e inteligência.

The Lady Vanishes (1938)


Nesta comédia tipicamente britânica, Iris, interpretada por Margaret Lockwood, faz amizade com uma senhora idosa (May Whitty) num comboio. Mais tarde, a personagem descobre que a mesma desapareceu — e os outros passageiros negam tê-la visto, exceto Michael Redgrave, um musicólogo que se torna o Watson da Sherlock de Iris e que se apaixona por ela no processo. A comédia chamou a atenção de Hollywood e levou Hitch ao pico do sucesso. O resto, como se costuma dizer, é história.

Rebecca (1940)


“Ontem à noite sonhei que voltava a Manderley”. Assim começa um dos maiores livros (o romance com o mesmo nome de Daphne du Maurier) e adaptações cinematográficas de todos os tempos. Como a última obra protagonizada por Joan Fontain, cativante e delicada no papel da heroína sem nome, o filme vê a personagem a casar com um viúvo emocionalmente turbulento, interpretado por Laurence Oliver. Numa mansão grandiosa na Cornualha, a protagonista é atormentada pela governanta (Judith Anderson), pela personagem distante e intrigante de George Sanders e pelo legado da carismática primeira esposa do seu atual marido. O filme ganhou o Óscar de Melhor Filme, o único filme de Hitchcock a ter conquistado esse prémio.

Suspicion (1941)


Fontaine volta a interpretar uma personagem tímida que ganha coragem, desta vez ao lado do playboy imprudente de Cary Grant, num retrato de uma herdeira que se convence de que o marido a está a tentar matar. A cena em que este sobe as escadas para lhe levar um copo de leite, suspeito de envenenamento, é suficiente para causar pesadelos.

Spellbound (1945)


Relembrado pela sua inesquecível sequência alucinante, concebida por Salvador Dalí, o romance entre Ingrid Bergman e Gregory Peck mostra Hitchcock num modo mais suave e sentimental, mas não menos eficaz. Bergman é uma psicanalista e Peck é o colega por quem está apaixonada, apesar de sofrer amnésia e estar convencida de que matou um homem. Começa então uma corrida perigosa para descobrir a verdade antes que o mundo desabe.

Notorious (1946)


Bergman e Grant voltam a formar uma dupla nesta saga de espionagem, cuja narrativa acompanha um agente secreto que, após a Segunda Guerra Mundial, recruta a perspicaz filha de um criminoso de guerra alemão para se infiltrar num círculo de nazis escondidos no Brasil. A química entre os dois é eletrizante, e o guarda-roupa de Bergman, composto por fatos elegantes, vestidos e joias extravagantes, é simplesmente deslumbrante.

Stage Fright (1950)


Vestidos com penas, de tule, sem alças e adornados com jóias — o próprio Christian Dior vestiu a maravilhosa Marlene Dietrich para este noir cheio de reviravoltas. Stage Fright conta a história de uma cantora do West End acusada de matar o marido.

Strangers on a Train (1951)


Guy Haines (Farley Granger), uma estrela de ténis infeliz no seu casamento, conhece Bruno Antony (Robert Walker), um estranho que lhe propõe um pacto: matar a esposa da personagem de Kasey Rogers, de forma a casar-se com o seu novo amor (Ruth Roman), em troca de Guy matar o odioso pai de Bruno (Jonathan Hale). O filme merece pontos extra pela sequência assustadora no parque de diversões, que proporciona um alívio cómico.

Dial M for Murder (1954)


Este filme marca a primeira colaboração de Grace Kelly com o realizador, no papel de uma socialite que se encontra no meio de um caso ilícito. O seu marido (Ray Milland) acaba por descobrir tudo e manda estrangulá-la no apartamento que partilhavam, substimando-a por sua conta e risco.

Rear Window (1954)


Lisa Carol Fremont, interpretada por Kelly, é uma obcecada por Moda que usa vestidos volumosos, organza de seda preta, decotes e camisolas de seda, oficializando-a como uma das heroínas mais elegantes de Hitchcock. Vestida pela formidável Edith Head — e nunca com o mesmo look duas vezes, “porque é isso que se espera dela” —, a personagem usa um uniforme fora do trabalho relativamente, composto por mocassins, jeans e camisas impecáveis.  É quase o suficiente para distrair qualquer um do drama que se desenrola ao seu redor: o seu namorado (James Stewart) está convencido de que viu um assassinato a ser cometido através da janela do seu apartamento em Greenwich Village.

To Catch a Thief (1955)


O filme mais elegante de Hitchcock de todos os tempos é, provavelmente, esta viagem até ao sul de França. Kelly regressa como uma nova socialite entediada, com mais designs de Head: um vestido branco sem alças, chiffon azul, chapéus gigantes, vestidos com padrões e um vestido lamé dourado. O seu parceiro de ecrã, Cary Grant, por sua vez, usa camisolas às riscas e lenços vermelhos ao pescoço.

Vertigo (1958)


O papel duplo de Kim Novak como Madeleine Elster e, mais tarde, Judy Barton, exigiu que a atriz alterasse entre fatos cinzentos, casacos creme e um vestido de seda preto, numa série de looks coloridos dos anos 50 e vice-versa, no que é a maior obra prima de Hitchcock. Vertigo é profundamente atmosférico, encantador e imprevisível. 

North by Northwest (1959)


Eva Marie Saint assume o papel de típica loira hitchcockiana neste clássico protagonizado por Cary Grant, quase ao estilo Bond. A atriz interpreta a cúmplice do seu inocente companheiro em fuga, e usa vestidos florais e elegantes fatos com saia. Uma femme fatale capaz de tudo — incluindo descer o Monte Rushmore de saltos altos.

Psycho (1960)


O público dos cinemas dos anos 60 ficou incrédulo ao ver Janet Leigh com um sutiã branco na sequência de abertura do filme, mas, honestamente, não tinham ideia do que ainda estava por vir: um mergulho profundo na mente demente de Norman Bates (Anthony Perkins), com reviravoltas imperdíveis e uma banda sonora de Bernard Herrmann que acabou por mudar para sempre a história do cinema. O resultado foi um sucesso de bilheteira que bateu recordes e pessoas a desmaiar durante as sessões de cinema. 

The Birds (1963)


O que vestir para enfrentar uma guerra repentina de aves na costa da Califórnia senão um fato com saia em verde-menta? Tippi Hedren brilha nesta história repleta de sangue que promete transformar a forma como vemos os nossos amigos para o resto da vida.

Marnie (1964)


A protagonista de Marnie, interpretada por Hedren, é perseguida pelo magnata de Sean Connery, num mistério perturbador e obscuro. Com um guarda-roupa repleto de malhas, vestidos dos anos 60, blusas com laços e fatos, este filme é um enigma camaleónico impossível de definir com precisão.

Traduzido do original, disponível aqui.

Radhika Seth By Radhika Seth

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