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My Chemical Romance

12 Dec 2017
By Irina Chitas

De sensualidade a pureza, passando por vulgaridade e terminando num processo químico. O loiro platinado percorreu um longo caminho até chegar às raízes do estilo.

De sensualidade a pureza, passando por vulgaridade e terminando num processo químico. O loiro platinado percorreu um longo caminho até chegar às raízes do estilo.

Foi com a radicalidade da it girl (e editora de uma das melhores plataformas de beleza da web), Emily Weiss, que o cabelo quase branco voltou a ser motivo de conversa. Começámos a vê-lo desfilar nas passerelles, em mulheres tão perfeitamente angelicais como Ginta Lapina, Sasha Luss ou Maja Salamon. Mas a noção de que as modelos são sobre-humanas rapidamente precisou de uma adaptação à realidade para que a tendência fosse exequível. É então que entra Weiss. Para uma morena atingir uma tonalidade algo Targaryen, o processo demora cerca de quatro dias. As aventureiras fazem-no em apenas um – o que implica cerca de nove horas num salão de cabeleireiro, com o futuro do escalpe fielmente entregue a um profissional de segurança.

Mas esta ânsia de aclarar (ao máximo) a cor de cabelo nem sempre teve os mesmos rastilhos. Estávamos em 1867 quando, em Paris, foi apresentado o primeiro descolorante capilar. Nos anos 30 do século XX, Jean Harlow conotou o loiro platinado como uma referência aos anos de ouro. Marilyn Monroe tornou-o o símbolo de uma bombshell, o movimento punk trouxe-lhe rebeldia, Madonna fez-nos acreditar que as loiras se divertem mais (de facto, 58% das loiras acredita mesmo que se entretém mais que as morenas).

Depois de todos os dados levarem a população mundial a venerar o exotismo do cabelo claro, eis que a história se cansa. Cabelos de platina são ligados à expressão máxima da vulgaridade, da sensualidade ridiculamente exagerada, a mulheres que se esforçam demasiado. O cabelo quase branco deixou de ser cool.

Até que voltou a sê-lo. Não nos mesmos moldes que nas décadas passadas – como Weiss não se cansou de reiterar – mas mais como um piscar de olho a Kurt Cobain. A chave é a artificialidade. “Tão loira quanto quimicamente possível” são as palavras mágicas que levantam o nível de estilo para um patamar acima. Raízes mais escuras, cabelo não demasiado brilhante, uns quantos laivos quase góticos, quase como a revolta da princesa. Quebra as regras da sociedade, desafia os padrões de beleza, não pede desculpa por ser imperfeito.

E é verdade que não é a cor de uma vida – mas é a cor do momento.

Irina Chitas By Irina Chitas

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