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Issey Miyake, icónico designer japonês, morreu aos 84 anos

09 Aug 2022
By Ana Murcho

O criador, conhecido pelas suas peças inovadoras, foi um dos primeiros a explorar a ligação entre arte, tecnologia e moda, e afirmou-se como um dos nomes mais vanguardistas e influentes do final do século passado. A sua morte foi anunciada hoje pelo Miyake Design Studio e pelo Issey Miyake Group que, numa breve nota, explicam que Miyake faleceu na passada sexta-feira, dia 5 de agosto, “rodeado de amigos e colaboradores próximos.”

O criador, conhecido pelas suas peças inovadoras, foi um dos primeiros a explorar a ligação entre arte, tecnologia e moda, e afirmou-se como um dos nomes mais vanguardistas e influentes do final do século passado. A sua morte foi anunciada hoje pelo Miyake Design Studio e pelo Issey Miyake Group que, numa breve nota, explicam que Miyake faleceu na passada sexta-feira, dia 5 de agosto, “rodeado de amigos e colaboradores próximos.” 

Issey Miyake fotografado por Irving Penn (1988). © The Irving Penn Foundation
Issey Miyake fotografado por Irving Penn (1988). © The Irving Penn Foundation

Natural de Hiroshima, onde nasceu em 1938, Issey Miyake começou por querer ser dançarino, mas despertou para a Moda através do contacto com as revistas da irmã e acabou por estudar design gráfico na Tama Art University, em Tóquio, de onde se licenciou em 1964. Os acontecimentos da sua infância e adolescência foram cruciais no desenvolvimento da sua estética singular e apurada: três anos depois do lançamento da bomba atómica, que devastou a sua cidade natal, a mãe morreu vítima de exposição à radiação. “Quando fecho os olhos continuo a ver coisas que ninguém deveria jamais experimentar”, escreveu em 2009 num artigo de opinião para o jornal The New York Times, onde assumia preferir pensar em coisas “que podem ser criadas, não destruídas, e que trazem beleza e alegria.”

Em meados da década de 60 Miyake inscreveu-se na prestigiada escola da Chambre Syndicale de la Couture, em Paris, e foi assistente de Guy Laroche e Hubert de Givenchy. Depois disso mudou-se para Nova Iorque, onde conheceu artistas como Christo e Robert Rauschenberg. Na big apple, além das aulas de inglês na Columbia University, trabalhou ainda com o designer americano Geoffrey Beene. Estas experiências foram fundamentais para, em 1970, após regressar a Tóquio, fundar o Miyake Design Studio, que rapidamente se tornou símbolo de mudança: no início dos anos 80 já era considerado um dos nomes mais relevantes do panorama fashion mundial, muito pela forma como manipulava os tecidos. 

A sua revolucionária técnica de trabalhar plissados, que permitia que as pregas não vincassem, é um marco na História da Moda. Inaugurada em 1989 como linha especial do Miyake Design Studio, a Pleats Please acabou por se tornar uma marca própria tal foi o sucesso alcançado pelos novos métodos de plissagem introduzidos por Miyake, que garantiam flexibilidade de movimentos e durabilidade. A chancela refletia uma das filosofias do criador: “O design não é para a filosofia, é para a vida.” Assumidamente avant-garde, o japonês deu origem a um estilo que misturava alta tecnologia e praticabilidade, dois conceitos-chave na viragem do século XX. A sua carteira Bao Bao, dada a conhecer no ano 2000, foi outro dos marcos na sua carreira: largamente conhecida pelos seus pequenos triângulos de resina, que transformam uma superfície plana numa peça tridimensional, a Bao Bao foi aclamada pela sua engenharia peculiar e tornou-se um dos modelos mais copiados de sempre.

Issey Miyake retirou-se em 1997 mas a sua marca continuou tão vibrante como antes. O seu percurso fica marcado por inúmeros galardões, nomeadamente o Kyoto Prize, pela sua dedicação à arte, em 2006, e a Ordem da Cultura, pelas suas “conquistas notáveis” na cultura japonesa, em 2010. Um dos fait-divers mais curiosos da sua longa trajetória é, curiosamente, o facto de ter sido o responsável pela famosa camisola de gola alta preta de Steve Jobs, sua imagem de marca: o co-fundador da Apple terá pedido a Miyake que lhe desenhasse cem peças, alegadamente pelo preço de 175 dólares cada. Para a posteridade ficará também a popular fragrância L'Eau d’Issey, lançada em 1992 e uma das mais vendidas de todos os tempos. Consta que, a cada 14 segundos, é vendido um frasco do perfume.

No comunicado divulgado hoje, citado pelo site WWD, o Miyake Design Studio e o Issey Miyake Group realçam a originalidade do designer, que nunca sucumbiu a tendências: “O espírito dinâmico de Miyake foi impulsionado por uma curiosidade implacável e pelo desejo de transmitir alegria através do design. Sempre pioneiro, Miyake abraçou o fabrico tradicional mas também procurou a solução seguinte: a mais recente tecnologia, impulsionada pela investigação e desenvolvimento. Nunca se afastou do seu amor, o processo de fazer as coisas. Continuou a trabalhar com as suas equipas, criando novos modelos e supervisionando todas as coleções sob as várias etiquetas Issey Miyake. O seu espírito de alegria, empoderamento e beleza será prosseguido pelas próximas gerações.”

Ana Murcho By Ana Murcho

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