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Mascne: tudo o que precisa de saber

23 Nov 2020
By Ana Saldanha

Behind the mask…Está o mascne. O novo normal trouxe ansiedade, incerteza e deixou-nos os níveis de stress nos píncaros. O novo normal também trouxe máscaras. E as máscaras trouxeram acne. Diz-se que uma desgraça nunca vem só, não é?

Behind the mask…Está o mascne. O novo normal trouxe ansiedade, incerteza e deixou-nos os níveis de stress nos píncaros. O novo normal também trouxe máscaras. E as máscaras trouxeram acne. Diz-se que uma desgraça nunca vem só, não é?

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Nos últimos meses o cenário pré-saída de casa consiste numa inspeção minuciosa de bolsos e carteira para nos certificarmos de que não faltam as chaves de casa, o gel desinfetante e a máscara. E estava tudo sob controlo, no que concerne ao estado da nossa pele, enquanto as saídas de casa se limitavam a pequenas idas ao supermercado e eventos semelhantes, até porque podíamos passar mais tempo com outro tipo de facemasks (saudades do glow do confinamento). A verdade é que esta nova normalidade veio para ficar não se sabe bem até quando, e que o nosso regresso às rotinas que antes tínhamos deve ser feito com cuidados em forma de máscaras de proteção. “Dada a situação atual, torna-se imperativa a utilização da máscara. Esta utilização prolongada, unida ao stress, tem efeitos colaterais, podendo agravar patologias pré-existentes como a acne, a rosácea, o eczema de contacto, a dermatite atópica e outra série de patologias cutâneas”, explica Judite Pereira, dermatologista na CUF Belém.

Mas quando o problema começou a bater à porta de quem não tinha uma pele problemática nos tempos a.C. (leia-se antes da COVID-19), começaram a ligar-se os pontos e tudo apontava para que a máscara pudesse estar a causar problemas de pele. E está claro que não tardou a haver nome para o problema – e assim nasceu o mascne. Este aparecimento de borbulhas na área que está em contacto com a máscara (a meia-face, o nariz e o queixo) é produzido pelo atrito e fricção da própria máscara e pela oclusão do ar exalado ao falar e respirar, que cria um aumento do calor e da humidade e, consequentemente, da oleosidade.

“O ambiente húmido, o calor e as bactérias que exalamos formam um microclima que altera o equilíbrio da nossa flora cutânea e da camada protetora da pele e é este desequilíbrio que vai originar este acne que é friccional mas que soma também outras causas”, conta a dermatologista, que acrescenta ainda que o stress também possa provocar crises de acne e piorar o estado das cicatrizes: “As pessoas com certo grau de ansiedade e nervosismo têm uma maior tendência a mexer e a espremer as borbulhas, produzindo uma maior irritação e aumentando o risco do aparecimento de cicatrizes de acne”. 

Judite adverte que, nesta altura, devemos adquirir algumas rotinas de cuidados que tenham como missão principal limpar, hidratar e fortalecer a barreira cutânea e evitar tratamentos e ativos mais agressivos como os esfoliantes químicos e o retinol, por exemplo. Mas a primeira fase de cuidados deve começar mesmo com a máscara: “Em primeiro lugar, é fundamental ter atenção ao tempo de utilização da máscara, que não deve exceder o indicado pelo fornecedor, e retirar a máscara de forma regular é o ideal. É essencial antes do uso da máscara e ao fim do dia, limpar e hidratar. Pelo menos duas vezes ao dia o rosto deve ser limpo de forma suave e com produtos adequados a cada tipo de pele, adaptados às imperfeições cutâneas, neste caso a acne, que sejam bem tolerados e que protejam a barreira cutânea – mas que também sejam eficazes nas borbulhas”.

Com a limpeza da pele em mente, devemos evitar ingredientes adstringentes, procurar soluções neutras (ou seja, com pH entre 4,5 e 5,5, que é o nível normal de uma pele saudável), e fugir de parabenos e fragrâncias. Na maquilhagem, fórmulas oil free e não comedogénicas (que não bloqueiam os poros). “As águas micelares são ótimas soluções porque limpam, desmaquilham e respeitam o filme hidrolipídico da pele, que é o que nos dá proteção e não são deslipidantes”, explica a especialista. “Existem também produtos com água termal, que são águas hipotónicas com efeitos benéficos para a pele e que dão uma certa sensação de conforto”.

"Dentro da nossa rotina diária de cuidados, a fotoproteção e nesta fase devemos evitar cremes antienvelhecimento com retinol, vitamina C"

Quanto à hidratação, podemos procurar produtos com multiações que tenham efeitos calmantes, anti-inflamatórios e hidratantes, para apaziguar a irritação, seborreguladores e matificantes, para controlar a produção de sebo da pele, e com uma ação antipoluição e antiexpossoma, que produzem uma camada semelhante a uma segunda pele e que por isso impedem a fixação de partículas na superfície da pele. É ainda importante que sejam produtos hipoalergénicos, formulados para peles sensíveis.

A dermatologista acrescenta ainda: “Não devemos esquecer, dentro da nossa rotina diária de cuidados, a fotoproteção e nesta fase devemos evitar cremes antienvelhecimento com retinol, vitamina C, alfa hidroxiácidos e esfoliantes que possam alterar a barreira cutânea – mas se for uma pele tolerante podem aplicar-se à noite, em dias alternados. No caso da pele oleosa com tendência acneica devemos ter em conta a concentração de ingredientes como o peróxido de benzoílo. Esta substância, apesar de tratar o acne, é irritante, dependendo da sua concentração.” Para complementar os cuidados de prevenção e tratamento do mascne podemos dar uso ao único tipo de máscaras que nos deixa felizes, as facemasks. E não há melhor altura para experimentar – se ainda não o fez – a técnica multimasking, em que se usam diferentes máscaras em diferentes zonas do rosto, dependendo dos problemas que queremos tratar. Neste caso, podemos usar uma máscara purificante de argila ou tea tree na meia face e uma máscara hidratante nas outras zonas do rosto. 

Ingredientes a ter em conta são a gluconolactona, que tem uma ação anti-inflamatória e, como explica Judite, “a molécula da moda – e que eu acho que é ótima – que é a niacinamida (ou vitamina B3), que tem várias ações”. A niacinamida pode ser uma aliada de peso pelo seu efeito antioxidante, anti-inflamatório e seborregulador – a gama Sebiaclear da SVR, por exemplo, tem ambos os ingredientes nas suas formulações. A centelha asiática – presente, por exemplo na gama Cicapair da Dr.Jart+ – também possui efeitos calmantes, regeneradores e antivermelhidão que podem dar muito jeito no combate ao mascne. Para fortalecer a barreira cutânea e hidratar a pele em profundidade, procure hidratantes com ceramidas, que são proteínas lipídicas compostas por colesterol e ácidos gordos que fazem naturalmente parte da barreira cutânea da pele, ácido hialurónico, que está presente na derme e epiderme e tem um contributo essencial para a reparação de tecidos, produção de colagénio e elastina.

A própria máscara e o material de que é feita também tem a sua parte de culpa no aparecimento do mascne. Por exemplo, as máscaras cirúrgicas causam mais fricção que as máscaras têxteis, que se apresentam como uma alternativa mais sustentável – amiga da pele e do ambiente. Judite Pereira esclarece: “Neste caso, a máscara deve ser 100% algodão, não tingida (dado que algumas tintas também podem causar irritação na pele) e deve ser lavada com frequência, com detergentes sem hipoalergénicos e sem perfume”. Em situação de crises de acne mais severas, o uso de produtos adequados não dispensa a consulta a um dermatologista para, caso seja necessário, se aliarem os cuidados de skincare a medicação para tratamento do acne ativo e das cicatrizes e hiperpigmentação pós-inflamatória através de tratamentos como dermoabrasão e peeling químico.

Ana Saldanha By Ana Saldanha

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