Made in Prada: uma ode à sabedoria do savoir-faire artesanal

Nesta estação, sob a etiqueta Made in Prada, a atenção concentra-se na preciosidade que se esconde por detrás da técnica sauvage e raw cut, apresentada por Miuccia Prada e Raf Simons durante o desfile de outono/inverno 2025. Aliado a dois pilares do savoir-faire da marca, a alfaiataria e o desenvolvimento de moldes, a Prada apresenta propostas que equilibram a precisão e a intuição criativa em sinergia plena.

Esculpido com base nas proporções clássicas das silhuetas femininas, a maison apresentou um vestido em lã Shetland cinzenta que relembra e eleva os códigos da feminilidade da década de 1950. No que à sua construção da peça diz respeito, o processo de desenvolvimento do vestido durou mais de 24 horas. A fase inicial começa com o padrão do molde – que inclui definir a estrutura e o volume pretendidos, assim como testar diversas construções e equilibrar vários tecidos e materiais consoante o seu peso; de seguida, o processo avança para o corte da peça, caraterizado pela sua composição repleta de pregas ao longo do corpete e da saia, que, por sua vez, são aplicadas em camadas duplas em cores contrastantes, com raw edges e costuras zig-zag.

Já a parte central da peça destaca a técnica sauvage, um método onde tesouras de alfaiataria criam um desgaste irregular no tecido, o que resulta numa superfície tátil tão imperfeita quanto imperdível. Por fim, o método de pressing, já considerado uma assinatura do léxico da Prada, confere à peça uma memória permanente através de uma prensa, calibrada ao milímetro, que molda a peça e restaura o movimento final da silhueta à volta das pregas.

Reconhecida pela sua expressão de imperfeição refinada, a técnica sauvage e raw cut é, para além de vestidos, também aplicada em carteiras e calçado, de forma a criar uma narrativa coesa ao longo dos diversos elementos e categorias da coleção.