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“This is not a bag, it’s a Baguette”

14 Sep 2022
By Pedro Vasconcelos

As palavras são da SJP (ou melhor, de Carrie Bradshaw) mas o sentimento é comum a todos. Tendo acabado de celebrar o seu 25º aniversário, a icónica Baguette tem um legado que em muito ultrapassa o seu pequeno tamanho.

As palavras são da SJP (ou melhor, de Carrie Bradshaw) mas o sentimento é comum a todos. Tendo acabado de celebrar o seu 25º aniversário, a icónica Baguette tem um legado que em muito ultrapassa o seu pequeno tamanho. 

© Getty Images
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Baguette. O que pensa quando ouve este nome? Se são imagens de sandes que lhe invadem a mente, pedimos desculpa, but you can’t sit with us. A carteira da Fendi revolucionou permanentemente o que pensamos quando ouvimos o seu nome. Esqueça-se o pão francês, querem-se é carteiras italianas. A Baguette é bem mais que uma it bag, é “a” it bag, a original. O padrão de sucesso a partir do qual todas as outras se mediram, afinal, não haveria a City Bag da Balenciaga, ou até a Luggage Tote da Céline (sim, com acento) sem uma Baguette. O legado da carteira é tal que, passadas mais de duas décadas, a sua popularidade preserva-se, um feito difícil na indústria volátil da Moda. O sucesso da Baguette é tal que, como forma de celebrar o seu 25º aniversário, a marca italiana organizou um desfile de Resort dedicado exclusivamente à sua homenagem. Ainda que fora do calendário, o desfile da Fendi foi simultâneo à Semana de Moda de Nova Iorque, tendo acontecido na mesma cidade. Com a colaboração de Marc Jacobs, Tiffany & Co. e Porter, o diretor criativo da marca, Kim Jones e Silvia Venturini Fendi (a designer da Baguette), apresentaram um dos mais entusiasmantes desfiles da estação (mesmo fora desta). 

Antes dos desfiles, da fama, das celebridades, a Baguette era só mais uma carteira da Fendi. Uma criação de Silvia Venturini Fendi, neta dos fundadores da marca, que iniciou a sua carreira na Fendi a embrulhar encomendas e que, em 1994, assumiu o cargo de diretora criativa de acessórios. Passados três anos criou a carteira mais icónica da marca italiana, a Baguette. O ano era 1997, e Venturini Fendi apercebeu-se que a mulher moderna não queria algo novo, inovador. Contrariando a tendência da altura, que percecionava as carteiras como uma forma de levar a casa atrás, a criação de Venturini era pequena, com uma alça curta, perfeita para ser levada ao ombro de forma discreta. A carteira da Fendi foi inspirada pela forma como as mulheres francesas transportavam o pão debaixo do seu braço, daí o seu nome: Baguette.

@ HBO
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Feita para caber um porta moedas, as chaves de casa, um batom e o telemóvel (que na altura eram consideravelmente maiores), a carteira era perfeita para a mulher moderna. Na sua versão original, a Baguette foi pensada como um acessório relativamente simples, perfeito para acompanhar qualquer look, adornado apenas com um fecho Zucca (o logótipo dos dois Fs criado por Karl Lagerfeld que substitui o esquilo que representava a marca até à sua chegada à Fendi). No entanto a sua simplicidade inicial foi sacrificada em prol da sua personalização, até à data mais de mil iterações diferentes da carteira foram produzidas. Desde lantejoulas a pele, tecido a cristais, a silhueta (praticamente) imutável da Baguette inspirou toda uma geração de carteiras (cough cough Le Cagole da Balenciaga).

Ainda que tenha sido relativamente bem-sucedida após a sua estreia, a imensidão da sua popularidade nasceu após o seu aparecimento numa das mais influentes séries de sempre, O Sexo e a Cidade. Abordar a Baguette da Fendi sem mencionar a série da HBO seria como tentar fazer uma baguette sem farinha. Em O Sexo e a Cidade, a Moda assume um papel central, muitas vezes descrita como a quinta personagem principal (acompanhando Carrie, Miranda, Samatha e Charlotte). Repleto de momentos que marcaram a história da Moda, os acessórios eram centrais não só ao guarda-roupa, como à própria narrativa (toda uma tese podia ser escrita sobre o impacto que a série teve na Manolo Blahnik). A Baguette por exemplo foi o catalisador narrativo de mais que um episódio, como quando Carrie foi assaltada, de onde surge a quote que dá o nome a este artigo, ou quando Samantha comprou uma Baguette falsa que julgava ter sido roubada por uma playbunny da Playboy. A popularidade do programa, que representava pela primeira vez a mulher como financeiramente e emocionalmente independente, alastrou-se para a carteira da Fendi. O posicionamento da Baguette não foi de todo acidental: a Fendi foi uma das primeiras marcas a emprestar peças à produção da HBO. Como tal, Patricia Fields, diretora do departamento de guarda-roupa, fez questão de colocar a marca italiana na ribalta.

© Getty Images
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Associada à ideia de uma mulher que podia, se assim desejasse, gastar o dobro do valor da sua renda numa carteira, a Baguette alcançou um sucesso inédito. Todas aquelas que eram alguém tinham a carteira da Fendi ao ombro. Os ícones do princípio do século, como Paris Hilton, raramente eram vistas sem uma Baguette. Não foi apenas a geração mais nova de celebridades a que a carteira enfeitiçou, Elizabeth Taylor, a Cleópatra em pessoa, tinha uma afinidade particular pela Baguette. No entanto, eventualmente, a criação de Fendi seria descontinuada, um sinal da rapidez com a qual as correntes da Moda mudam. Ainda que a sua popularidade tenha flutuado com o passar das décadas, o seu legado permaneceu. Livros e exposições foram organizados centrados exclusivamente na carteira. Com o renascimento dos anos 90 na cultura popular, a Fendi decidiu reintroduzi-la em 2019.

© ImaxTree
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Não haverá sinal da importância do legado da Baguette como o desfile Resort 2023 da Fendi, inteiramente pensado como uma homenagem ao 25º aniversário da carteira. A uma distância de poucos quarteirões de onde a Baguette de Carrie Bradshaw nos foi introduzida pela primeira vez, a marca italiana apresentou uma coleção inigualável. Como seria de esperar, foi uma verdadeira orgia de carteiras da Fendi: Baguettes que serviam de manga, no formato de uma micropurse, incorporadas em luvas e, claro, ao ombro. Feitas de uma panóplia incontável de materiais, o destaque foram certamente as carteiras adornadas com diamantes, cortesia de Tiffany & Co. Não foi só à marca de joalharia que Kim Jones e Silvia Venturini Fendi recorreram, a equipa da Fendi colaborou com Marc Jacobs para uma iteração da carteira que tem o seu nome estampado, semelhante às carteiras da marca homónima do designer americano. A marca japonesa Porter contribuiu de forma semelhante, continuando a atual colaboração com a Fendi. Como uma festa não é uma festa sem convidados especiais, também Linda Evangelista marcou presença na passerelle, a sua primeira aparência numa em anos. A coleção, as colaborações, os convidados: o desfile da Baguette foi exatamente o que prometeu ser, uma celebração. Esta assinalou uma metamorfose no estatuto da carteira da Fendi, a Baguette já não é uma it bag, é verdadeiro clássico.

© ImaxTree
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Pedro Vasconcelos By Pedro Vasconcelos

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