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Guia para as certificações de Moda sustentável

19 Jul 2021
By Mariana Silva

Certificações há muitas… Mas o que significam? Nesta lista poderá conhecer as cinco entidades certificadoras mais utilizadas pelas marcas de moda.

Certificações há muitas… Mas o que significam? Nesta lista poderá conhecer as cinco entidades certificadoras mais utilizadas pelas marcas de moda. 

Fotografia de Noémi Ottilia Szabo, com styling de Lyla Cheng. Modelo Luca Aimee. Vogue Portugal, Setembro 2019
Fotografia de Noémi Ottilia Szabo, com styling de Lyla Cheng. Modelo Luca Aimee. Vogue Portugal, Setembro 2019

Quando se fala de sustentabilidade na indústria da Moda, surge frequentemente a questão: mas como posso saber se as marcas não estão a mentir? Na maioria das vezes, o consumidor não tem acesso à cadeia de produção e, quando tem, torna-se difícil perceber se aquilo que nos é comunicado por uma marca tem na realidade algum impacto no nosso planeta e na vida de quem produz as peças que compramos. 

Nesse sentido, têm vindo a ser desenvolvidas entidades independentes, especializadas em diferentes áreas do setor da Moda (e não só), que certificam cada produto de modo a garantir que as declarações das marcas não diferem das suas práticas corporativas. A Vogue destacou as cinco mais utilizadas em Portugal para explicar o que cada uma representa. 

Global Organic Textile Standards (GOTS)

“T-shirt 100% algodão orgânico certificado pela GOTS.” Inúmeras já devem ter sido as vezes em que nos deparámos com esta frase durante uma ida às compras (nomeadamente se tiver sido online). A Global Organic Textile Standards é uma das certificações de maior relevância no campo dos materiais orgânicos. Estabelecida em 2002 durante uma conferência em Düsseldorf, esta entidade tem atualmente sob a sua alçada mais de 10 mil empresas localizadas em 72 países. 

Para que uma marca de Moda obtenha a aprovação GOTS no seu produto final, esta tem de garantir comportamentos de responsabilidade social e económica em cinco fases distintas: processamento inicial de materiais, fiação, tecelagem, coloração/tratamento químico e manufatura. Apesar de transparecer igualmente uma vertente social, a essência desta entidade encontra-se na minimização dos impactos ambientes da indústria da Moda. Assim, quando uma peça certificada pela GOTS chega às mãos do consumidor, tal significa que esta foi produzida com, pelo menos, 70% dos materiais cultivados e tratados de forma orgânica, sendo menos prejudicial para o planeta do que uma peça que siga um processo convencional.

© Global Organic Textile Standard
© Global Organic Textile Standard

B Corporation

Não sendo exclusiva ao setor da Moda, a certificação B Corporation, mais conhecida como B Corp, é dedicada às empresas que não se limitam a minimizar os seus impactos e escolhem fazer melhor. Melhor em quê? No que conseguirem. Performance ambiental, transparência, responsabilidade legal, sustentabilidade social e tudo o que vier trazer um propósito para além do lucro. 

Seguindo o ideal de que não compete apenas ao governo resolver os problemas que assolam a sociedade, e que as empresas também têm aqui um papel a desempenhar, as corporações com certificação B Corp tornam-se essencialmente organismos ativistas. Entre a certificação de produtos e serviços, esta entidade já se encontra presente em mais de 74 países, tendo também Portugal a sua ramificação sob a qual são geridas as cerca de 20 B Corps nacionais. 

Better Cotton Initiative (BCI)

Apesar de ser uma fibra natural, são vários os problemas - ambientais e sociais - que podem ser associados ao cultivo de algodão. Este é não só um material com um grande impacto, por exemplo, no consumo de água, como ainda pode ser responsável por fazer adoecer muitos dos trabalhadores em redor da sua produção, devido à quantidade de produtos químicos que esta colheita necessita. 

Dessa forma, foi instaurada, em 2009, uma organização inteiramente dedicada à certificação do cultivo e tratamento responsável do algodão. A Better Cotton Initiative é uma entidade sem fins lucrativos que promove práticas mais sustentáveis na produção do material mais utilizado pela indústria da Moda. No final de 2019, esta contava com mais de 1 840 membros, cuja produção de algodão representava cerca de 22% do total mundial. Seguindo sete grandes princípios que englobam desde questões ambientais, como a preservação dos solos, até questões humanas, nomeadamente a garantia de boas condições de trabalho, uma peça de etiqueta BCI representará sempre um tipo de algodão “better grown”.

© Getty Images
© Getty Images

Fair Trade

Mais do que uma certificação, Fair Trade classifica-se como um movimento onde “empresas, consumidores, ativistas e organizações colocam as pessoas e o planeta em primeiro lugar”. Esta entidade baseia-se na premissa de que tudo o que compramos tem um impacto na vida de quem nos rodeia e, por esse motivo, há que trabalhar para que tal resultado seja o mais positivo possível. Assim, um produto de etiqueta Fair Trade centra-se nos valores de sustentabilidade social, como a garantia de salários justos e condições dignas de trabalho.

Somente com recurso aos dados da Fair Trade USA, a organização afirma já ter apoiado quase um milhão de agricultores e trabalhadores em mais de 63 países, desde a sua implementação em 1998. O sucesso que esta revelou na melhoria das condições sociais na indústria do café no final do século XX acabou por transbordar para outros setores e, hoje, é possível ver uma etiqueta Fair Trade em peças de roupa. 

Standard 100 by OEKO-TEX

São várias as certificações independentes que se encontram no portefólio da empresa OEKO-TEX. Para a indústria da Moda, destaca-se o Standard 100 uma das etiquetas mais conhecidas entre o setor têxtil, cujo objetivo é garantir que os tecidos que colocamos sobre o nosso corpo não são prejudiciais à saúde humana. O mesmo se aplicará aos restantes componentes de uma peça de roupa, desde as linhas aos botões. 

Na certificação Standard 100 by OEKO-TEX os requerimentos necessários à aprovação de cada tecido mudam de acordo com as categorias do produto. Por exemplo, peças que estão em contacto direto com a pele têm normas mais rígidas do que aquelas onde tal não se verifica. Por ser uma certificação baseada em critérios científicos, o Standard 100 revela ainda uma data de validade para cada produto têxtil. Cada etiqueta OEKO-TEX possui um código que poderá ser introduzido no website para descobrir todas as especificidades relativas ao produto certificado. Assim, ter um produto com etiqueta Standard 100 by OEKO-TEX é uma garantia de que o tecido não terá quaisquer tipo de químicos prejudiciais ao ser humano.

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