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Stranger Things: as fobias "estranhas" que moram ao lado

07 Jul 2020
By Sara Andrade

Há fobias consensuais e outras nem tanto. Fizemos uma confessionário - na verdade, foi só um mail geral - pedindo aos restantes elementos das equipas da Vogue e da GQ que partilhassem os seus medos irracionais (mesmo que suaves) mais inusitados. Não estávamos preparados.

Há fobias consensuais e outras nem tanto. Fizemos uma confessionário - na verdade, foi só um mail geral - pedindo aos restantes elementos das equipas da Vogue e da GQ que partilhassem os seus medos irracionais (mesmo que suaves) mais inusitados. Não estávamos preparados.

© iStock

De fobia de águas turvas (talassofobia) a medos de areia fina (amatofobia), há, por este burgo, até quem abomine avistar caroços - e este colega de escritório costuma acompanhar-me nos almoços, por isso pedir azeitonas é sempre um filme... Um dos elementos disse-nos que as únicas coisas que o tiravam do sério eram "seringas ou qualquer coisa igualmente pontiaguda e relacionada com medicina; e cobras e seres semelhantes sem patas nem ossos. De resto sou incrível." Mas medo de agulhas e répteis rastejantes - ou de aranhas, como uma jornalista partilhou -, parece-nos um receio consensual, mesmo que para uns seja mais paralisante do que para outros. Ou seja, nada de incrível.

Incrível mesmo é, numa equipa tão pequenina, termos dois membros com onfalofobia, que é o medo irracional de umbigos. E incrível é também descobrir que, na ilha ao lado, trabalha alguém com tripofobia, que consiste na aversão a padrões irregulares ou de agrupamento de pequenos buracos ou saliências. "Nem me atrevo a procurar essa palavra no Google Images, porque sei que seria catastrófico. Basicamente, e no meu caso, consiste em sentir uma repulsa enorme ao ponto de levar ao choro por coisas com padrões ou relevos uniformes... como os tentáculos de um polvo (que eu obviamente não consigo comer) ou as saliências que há na casca dos mexilhões à venda no supermercado. Só de pensar, fico com pele de galinha. Olho para uma coisa, como por exemplo um crepe, e começo a respirar com dificuldade e depois choro. Aconteceu-me quando estava de férias no Peru com um grupo de amigas, a tomar o pequeno almoço, e ainda hoje sou gozada por fugir de um crepe como o diabo da cruz. É inesperado e só descubro mais uma coisa que me incomoda a esse ponto, quando sou realmente confrontada com ela. Fico completamente descontrolada, é um sentimento mesmo insólito. A minha mãe diz que só posso ser maluca e não a censuro, honestamente."

Mas esta jonalista não está sozinha nas suas peculiariedades: talvez não encontre ressonância tão original dentro destas redações, mas muitas ilustres personalidades padeciam de receios incomuns. Edvard Munch sofria de agorafobia (tal como Marcel Proust), o medo de ficar em espaços abertos e com muitas pessoas; Pitágoras tinha um medo irracional de feijões - leguminofobia (achava que os feijões eram a encarnação do diabo) - e Howard Hughes tinha aversão a germes - germofobia -, aliás, mais para o final da vida, os que se aproximavam dele tinham de usar luvas e a sua comida era servida, protegida por lenços de papel, por exemplo. Salvador Dali abominava insetos (o czar russo Pedro, o Grande, também padecia desta entomofobia), em particular gafanhotos, um terror do qual se aproveitava para o seu trabalho. E César, o poderoso imperador romano, tinha medo do escuro e de trovões e relampagos: diz o historiador romano Suetonius que o imperador ganhou a fobia depois de um escravo ter sido atingido por um relampago a poucos mestros do governante e que César interpretou isso como um castigo dos deuses - mandou construir um templo para três deles, mas a astrafobia ficou consigo para sempre. 

A fobia de Alfred Hitchcock só podia bater todas as supracitadas pela sua estranheza: abominava ovos. Particularmente, os de galinha. "Fico aterrorizado com ovos", disse uma vez em entrevista. "Aquela coisa branca redonda sem buracos... alguma vez viu algo tão revoltante como uma gema a quebrar e espalhar o seu líquido amarelo?" Não se sabe o que desencadeou tamanha aversão, nunca admitiu nenhum trauma e não deve ter sido nada relacionado com a sua ingestão, porque nunca chegou a experimentar um. Mas a sua ovofobia não era a sua única peculiariedade: Hitchcock tinha medo de sexo, alturas e sofria só de pensar que um dia poderia ser preso por engano e ficar na cadeia para sempre (diz-se que este nasce da infância, quando o pai fazia com que passasse a noite numa cela da polícia para dar-lhe uma lição, caso se comportasse mal).

E, de repente, estamos todos a sentirmo-nos melhor com a nossa aracnofobia (aversão a aranhas ou acrofobia (medo irracional de alturas). 

Sara Andrade By Sara Andrade

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