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Tendências 14. 1. 2022

Euphoria: o regresso do lado sombrio de ser adolescente

by Rui Matos

 

Dois anos e meio depois, Euphoria regressa ao pequeno ecrã. Chega com uma proposta mais sombria e explicita do que no capítulo anterior.

Zendaya como Rue em 'Euphoria' © HBO

Foi no verão de 2019 que dissemos adeus à primeira temporada de Euphoria. Soube a pouco. Pedimos por mais. E talvez se o ano de 2020 não tivesse sido um caos já tínhamos regressado a esta cidade norte-americana mais cedo. Em 2021 tivemos um vislumbre deste universo com dois episódios especiais: um dedicado a Rue e outro a Jules - o casal disfuncional que nos conquistou de imediato. Muitos confinamentos e atrasos nas gravações depois, a dez de janeiro Euphoria voltou a entrar em nossas casas. O regresso foi estrondoso. A HBO Max, o serviço de streaming que exibe a série, ficou fora do ar devido ao elevado número de pessoas que queriam assistir ao primeiro episódio da segunda temporada. Recordes à parte, Euphoria regressa com oito novos episódios. 

Um capítulo mais sombrio e explícito

Zendaya como Rue em 'Euphoria' © HBO

Apesar desta história retratar o lado mais soturno da adolescência, esta não é uma série para adolescentes. “Euphoria é [uma série] para uma audiência mais madura”, escreveu Zendaya, a protagonista, numa publicação no Instagram. “Esta temporada, mais do que a anterior, é emotiva e lida com problemas que podem despertar gatilhos difíceis de assistir. Por favor, vejam apenas se sentirem confortáveis.” Este é um disclaimar importante, que merece ser repetido. O uso de drogas, a dependência de estupefacientes e a agressão sexual foram temas que vimos retratados na primeira parte desta série. Estes temas regressam, de uma forma até mais violenta.

Quando a HBO partilhou com os jornalistas um link para a pré-visualização dos primeiros sete episódios, o entusiasmado foi imediato. Queria parar tudo o que estava a fazer e deixar-me envolver por esta história novamente. Fi-lo em duas noites. 

Alexa Demie como Maddy em 'Euphoria' © HBO

O primeiro episódio, que já estreou, não é uma surpresa: é uma continuação lógica da primeira temporada. A história de Fez, o dealer bonzinho que conquistou a audiência, abre o episódio que culmina numa festa. Um convívio regado a álcool e drogas - que já todos vimos nos episódios anteriores ou até mesmo em filmes e séries que retratam esta faixa etária. A partir do segundo episódio é que as coisas começam a ficar verdadeiramente interessantes. Há uma maior profundidade na história de determinados personagens (com destaque para o terceiro episódio). Mas foi no episódio número cinco que se deu, pelo menos para mim, o apogeu. Zendaya arrecadou o Emmy pela sua performance, sendo a segunda atriz negra a levar para casa tal prémio. Mas não se admirem se em 2023 a norte-americana varrer todas as nomeações televisivas - pode até parecer demasiado cedo para tal previsão, mas é difícil ficar indiferente à entrega e ao magnetismo que Zendaya dá a Rue. 

Realidade vs Ficção

Da mesma maneira que é enaltecida, a série é também altamente criticada. De um lado temos quem lhe agradeça a representatividade e os temas que ganham luz numa série mundialmente afamada, do outro temos quem condene a glamorização das drogas e a raiva adolescente. “A minha crítica a Euphoria (…) não é sobre ser imprecisa, pelo contrário, considero-a assustadoramente no ponto,” começa por escrever Samuel Getachew num artigo publicado na Vogue US. “A minha crítica reside na forma como [a série] estetiza os traumas que retrata, uma estetização a que a minha geração é particularmente vulnerável. Talvez a única personagem que enfrenta verdadeiramente as consequências para os seus vícios seja Rue; as outras personagens colocam-se repetidamente em perigo, a si e aos outros, e, no entanto, continuam miraculosamente a evitar uma grande catástrofe ou qualquer intervenção parental.” 

Rue e Elliot, interpretado por Dominic Fike © HBO

É certo que escolas secundárias como as que vemos aqui retratadas não passam de uma imaginação norte-americana. Já os problemas, esses, são transversais, sejam eles do foro aditivo ou derivados da idade. O secundário é um verdadeiro campo de batalha, um salve-se quem puder. Nesta história não estamos perante um retrato fiel de um grupo de adolescentes, estamos sim diante da dramatização de um sentimento e, se quisermos ser literais, da representação da euforia de se ser adolescente.

O caminho que este universo vai tomar só o tempo dirá, mas no presente continuamos a seguir a vida destes rebeldes sem causa que se vestem de forma extravagante para as aulas de matemática e que não medem as consequências dos seus atos, por vezes nefastos. 

A segunda temporada de Euphoria está disponível na HBO Portugal, com um novo episódio à segunda-feira.

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