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Reticências, repetição e consistência: é esse o lema das polka dots. Até porque um bom padrão nunca sai de Moda; renasce e ressurge numa infinidade de iterações sem nunca se tornar verdadeiramente obsoleto.
Com uma explosão geométrica que nos leva numa viagem entre décadas e culturas que transcendem o vestuário, o padrão polka dots é um mapa de leveza, frescura e elegância que nos inspira a desafiar o paradoxo que vive entre o extravagante e o intemporal do guarda-roupa contemporâneo. Sejam pequenas e amarelas em honra ao eterno hino de verão das Onda Choc ou oversized em tonalidades mais sóbrias, as bolinhas prenunciam o início da estação quente e adicionam um elemento gráfico e de carisma divertido, quase lúdico, até às conjugações mais clássicas. Na sua essência, as polka dots surgem num fundo de cor sólida que é posteriormente salpicado de manchas de tamanho e espaçamento uniformes numa cor diferente. Embora a aparência mais tradicional — e, quiçá, popular — desta espécie de circuito de círculos seja a união monocromática entre o preto e o branco, o estampado funciona com todas as tonalidades do espetro.
Indissociável da vida humana, o padrão é uma ode à natureza e ao planeta ao qual chamamos casa: está presente nas joaninhas, nas begónias, nos cogumelos e no céu estrelado que nos visita noite após noite. As origens das polka dots remetem-nos para a Idade Média, onde o padrão fez as suas primeiras (rústicas) aparições e adotou uma conotação bastante mais sinistra do que a que lhes é atribuída hoje em dia. Nessa altura, as bolinhas eram associadas a problemas de saúde, em parte devido às semelhanças visuais que partilhava com doenças extremamente fatais e contagiosas como a peste; devido a isso, especialmente tendo em conta que, na época, a ciência era pouco avançada e as pessoas viviam o seu dia a dia regidas por superstições, o padrão era visto como um mau presságio. Já em plena Revolução Industrial, o desenvolvimento da impressão têxtil mecanizada tornou finalmente possível a criação de tecidos adornados por pontos simetricamente redondos e espaçados de forma homogénea. Da invenção da máquina de costura à comunicação por código morse (que se traduz através de um leque de combinações entre pontos e traços), as bolinhas passaram a ser associadas a algo positivo e o padrão tornou-se símbolo de um futuro próspero e risonho.
Apesar de essenciais a algumas das silhuetas mais icónicas das últimas décadas, geometrias à parte, o nome polka dots que é dado ao padrão às bolinhas surgiu bem longe da Moda. O termo polka deriva de uma dança popular checa com o mesmo nome, e que se tornou popular entre as décadas de 1840 e 60. A dança percorreu a Europa e chegou a França, eterna capital da Moda, em 1843 — altura em que o padrão se cimentou nas silhuetas e léxico do design da época. O conceito de polka dot surgiu pela primeira vez em 1845, na The Yale Literary Magazine, numa espécie de resposta ao movimento estético que viu peças de roupa, acessórios, peças de decoração e até bens alimentares tornarem-se felizes vítimas da tendência às bolinhas.
O padrão manteve uma presença ativa na vida quotidiana do século XX e, ao longo das décadas, tem vindo a seguir a ordem natural e transformativa da Moda. As bolinhas têm-se reinventado com cada nova iteração, de forma a adaptarem-se aos diferentes tempos e épocas, mas é inegável que têm deixado sempre o seu cunho singular nas conjugações de guarda-roupa que protagonizaram ao longo das décadas. Em 1926, Norma Smallwood venceu o concurso Miss América enquanto usava um fato de banho às bolinhas. Dois anos depois, em 1928, a estreia de Minnie Mouse viu a icónica personagem de animação a adotar um look com polka dots como o seu visual de eleição. Além disso, o padrão já deixou também a sua marca na música, através da canção Polka Dots and Moonbeams de Frank Sinatra, lançada na década de 1940. Mais tarde, as bolinhas estrearam-se no universo da Alta-Costura com Christian Dior e, nos anos 50, o padrão passou a ser regularmente usado no guarda-roupa feminino, consagrando-se na história como o padrão oficial da década graças a personalidades como Marilyn Monroe e Lucille Ball. Desde então, protagonizou a estética mod dos anos de 1960 ao lado da icónica Twiggy e tornou-se uma presença assídua nas principais tendências de primavera/verão.
Nas passerelles internacionais, as bolinhas tornaram-se uma assinatura que brinca com os conceitos de feminilidade, rebeldia, leveza e irreverência, através do seu uso em coleções como as de Carolina Herrera e Acne Studios para a primavera/verão 2025. Já Miu Miu optou por elevar o padrão e subverter as expectativas do mesmo, apresentando silhuetas com polka dots recortadas e Saint Laurent deu um novo twist pontuado à estética do power dressing. A verdade é que o padrão às bolinhas cresceu lado a lado com um arsenal de técnicas que exploram os conceitos e ideias que marcaram o seu percurso na história da Moda. Num legado tecido entre o intemporal e o extravagante, as polka dots são um dos elementos incontornáveis dos mais inesquecíveis guarda-roupas pensados para a estação quente — e estão agora de regresso para a sua mais recente iteração.
Originalmente publicado no Summertime Daydreams: The Escape Issue, a edição de julho/agosto de 2025 da Vogue Portugal, disponível aqui.
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