Angela Aiello fotografada por Carmelo Plumari e com styling de Ramona Tabiti para o Silly Season: The (Un)popular Issue da Vogue Portugal, publicado em julho de 2023.
Eis o que acontece quando a proteína mais abundante do corpo começa a desaparecer.
O declínio do colagénio não acontece de forma dramática; começa silenciosamente. Como um grupo do WhatsApp previamente ativo mas que agora só recebe mensagens de aniversário. Um dia, acordamos cheios de energia, com joelhos flexíveis e pele firme. No dia seguinte, as articulações começam a fazer ruídos novos e inquietantes. O elástico de cabelo dá três voltas em vez de duas.
O que está a mudar é o colagénio: a proteína que molda o rosto, reforça as articulações e fortalece o cabelo desde a raiz. Esta proteína sustenta mais do que se imagina, até deixar de o fazer.
Portanto, não é de admirar que o colagénio esteja em a viver o seu auge. Atualmente, é misturado no café, bebido entre reuniões ou consumido como se fosse um doce. O controlo que sentimos sobre a reconstrução de uma pele mais forte, articulações mais suaves e cabelos mais brilhantes é estranhamente reconfortante num mundo que ameaça desmoronar-se. O declínio do colagénio é como um lento desmoronamento estrutural de coisas que antes pareciam inabaláveis e o desejo muito humano de nos agarrarmos a elas.
O que é colagénio?
O colagénio é a proteína mais abundante no nosso corpo; como uma cola biológica que mantém as nossas características, o corpo firme e a elasticidade intacta. Existem pelo menos 28 tipos, mas os tipos I, II e III são os principais:
- Tipo I: pele, ossos, tendões, ligamentos, responsável por 90% do colagénio do corpo
- Tipo II: cartilagem e articulações
- Tipo III: pele, vasos sanguíneos, órgãos internos
O nosso corpo produz colagénio através da combinação de aminoácidos de alimentos ricos em proteínas com vitamina C, zinco e cobre. Mas, a partir dos 25-30 anos, a produção começa a diminuir cerca de 1% ao ano.
Como afirma a Dra Rinky Kapoor, dermatologista consultora da The Esthetic Clinics, à Vogue Índia: “A diminuição é de 1% ao ano após os 20 anos e, quando se chega aos 40, a produção diminui ainda mais, revelando sinais de envelhecimento”.
Qual é a manifestação externa da diminuição do colagénio?
Pele: Menos elasticidade, mais flacidez
O colagénio dá estrutura e firmeza à pele. À medida que os níveis diminuem, começa-se a notar:
- Linhas finas e rugas
- Perda de elasticidade e volume
- Secura, opacidade e cicatrização mais lenta de feridas
“O colagénio da nossa pele reflete um equilíbrio delicado entre síntese e degradação”, afirma Mercedes Abarquero Cerezo, farmacêutica e diretora de projetos científicos da L'Oréal Dermatological Beauty Spain, à Vogue Espanha. “À medida que envelhecemos, as células responsáveis pela produção de colagénio abrandam. Ao mesmo tempo, uma série de fatores externos e internos — desde a exposição solar e a alimentação até ao stress e às alterações hormonais, especialmente durante a menopausa — podem acelerar a sua degradação”.
Mas, acrescenta, “o nosso corpo é um sistema em constante mudança. O colagénio está sempre a ser decomposto e reconstruído. O problema surge quando esse ritmo fica descompassado — quando a produção diminui ou a qualidade decai. É aí que os sinais visíveis do envelhecimento começam a aparecer”.
Cabelo: raízes mais fracas, crescimento mais lento
O colagénio envolve e sustenta o folículo capilar. Com menos colagénio, poderá sentir:
- Queda de cabelo
- Aumento da quebra
- Crescimento mais lento
- Couro cabeludo seco ou irritado
Articulações: O estalar torna-se um coro
O colagénio tipo II amortece as articulações. Quando diminui:
- A cartilagem fica mais fraca e mais fina
- Pode sentir rigidez ou dor nas articulações, especialmente após o exercício
- A recuperação fica mais lenta, a inflamação persiste
Não se trata apenas de uma questão de envelhecimento. Atletas, bailarinos e qualquer pessoa com um historial de atividade física intensa podem sentir os efeitos mais cedo do que o esperado.
Os efeitos mais profundos: intestino, ossos e humor
O colagénio também se encontra no revestimento intestinal, razão pela qual alguns nutricionistas associam o declínio do colagénio a problemas digestivos ou ao aumento da permeabilidade intestinal (o tão falado “intestino permeável”). Os nossos ossos são compostos por 30% de colagénio, pelo que a diminuição dos seus níveis pode contribuir para a redução da densidade óssea ao longo do tempo.
A investigação recentemente até associou o colagénio ao humor e à energia, através do seu papel no eixo intestino-cérebro e no equilíbrio dos aminoácidos. A ciência ainda está no início, mas os relatos estão por toda parte.
É possível abrandar o declínio do colagénio?
Não é possível impedir o seu declínio propriamente dito (a menos que tenha descoberto uma máquina do tempo – se for esse o caso, por favor, partilhe), mas pode auxiliar a produção e reduzir a velocidade do declínio.
Consuma os nutrientes certos:
- Proteínas (ovos, peixe, frango, tofu) para aminoácidos
- Vitamina C (amla, laranjas, pimentos) para síntese
- Zinco + cobre (nozes, sementes, marisco) como cofatores
Evite os sabotadores do colagénio:
- Açúcar e alimentos ultraprocessados (provocam glicação, danificando o colagénio existente)
- Tabagismo + poluição (stress oxidativo = degradação do colagénio)
- Exposição solar sem proteção (os raios UVA são os piores inimigos do colagénio)
A questão dos suplementos: exagero ou ajuda?
Há cada vez mais evidências de que os suplementos podem ajudar, desde que as expectativas sejam realistas. “A ingestão de peptídeos de colagénio pode melhorar a hidratação e reduzir linhas finas, rugas e manchas solares”, afirma a Dra. Renita Rajan à Vogue Índia. “Os resultados iniciais podem ser observados após quatro semanas, mas os benefícios máximos ocorrem após um uso prolongado de 12 a 16 semanas”.
As fórmulas importam. Recomendamos procurar colagénio hidrolisado (também rotulado como peptídeos de colagénio), que é mais fácil de absorver, e ingredientes como vitamina C ou ácido hialurónico, que apoiam a síntese de colagénio.
Não é uma solução definitiva, mas se é o tipo de pessoa que se lembra de tomar os suplementos quase todos os dias, este tipo de suplementos pode conquistar um lugar na rotina.
Deve começar um regime para aumentar a produção de colagénio?
Só se quiser. A diminuição do colagénio faz parte da condição humana, não é uma falha a corrigir. Mas se está curioso para saber a razão pela qual a sua pele parece diferente, porque é que as articulações doem depois de ficar sentado por muito tempo ou a razão pela qual o cabelo, antes cheio de vida, agora parece sem vida, vale a pena saber o que está a acontecer no organismo.
Traduzido do original, disponível aqui.
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