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Pessoas 21. 10. 2019
E também V de Vogue. Incontornável personagem da imprensa de Moda, a passagem de Diana Vreeland pelo título norte-americano, enquanto diretora, marcou de forma indelével o seu nome na história da publicação. Conhecida pela língua aguçada e honestidade quase ofensiva, deixou frases tão icónicas quanto as capas que assinou de 1963 a 1971.
A sua fama na indústria da Moda é diretamente proporcional à sua peculiaridade. Conhecer um pouco de Diana Vreeland (1903-1989), garantimos, é amá-la por tudo – mesmo pela sua inconveniência. Uma daquelas inconveniências que são mais feitio do que defeito e que surgem uma vez num século de uma forma só admirável e pouco condenatória. É que o V é também de viperina, como a sua língua – mas uma língua viperina a raiar o fofinho.
Era inconveniente nos comentários, mas verdadeira a professá-los e vivia a vida sob o mesmo repto da sinceridade (e inconveniência). Por exemplo, detestava reuniões, mas adorava joias barulhentas ao pescoço das assistentes para saber sempre onde estavam. E não se coibia de dizer o que lhe passava pela mente, atingisse quem atingisse.
Nascida na Belle Époque e no berço da mesma – Paris –, foi em Nova Iorque que encontrou o seu métier, e logo no primeiro emprego, que arranjou já contava 33 anos de vida. No documentário The Eye has to Travel, realizado por Lisa Immordino Vreeland (casada com o seu neto, Alexander Vreeland) recorrendo a gravações recuperadas do tempo em que quis escrever as suas memórias (além de outras entrevistas da época e testemunhos de pessoas próximas de si), a diretora confessou, com essa tal sinceridade que lhe era peculiar, que o dinheiro é “Vital! Vital! E qualquer pessoa que diga o contrário é insana”, acrescentando que a sua conta não era abundante, por isso, no caso dela, tinha de trabalhar. Apesar de nunca ter pensado nisso: “eu sou muito preguiçosa”, admitiu numa entrevista. Mas “amava trabalhar, naquela época. (…) Desde os 30 e tais, trabalhei todos os dias da minha vida, sábados e domingos incluídos.”
Aliás, quando Carmel Snow se impressionou com o seu look ao vê-la dançar uma vez, no St. Regis, e a convidou a escrever uma coluna para a Harper’s Bazaar, Vreeland estava longe de se imaginar nessas andanças: “mas eu nunca trabalhei antes. Eu nunca me vesti antes do almoço…”. “Porque não tentas?”, disse-lhe a diretora – e nascia assim a rubrica Why don’t you…, onde cunhou algumas das frases que se leem nestas páginas e que desencadeou, depois, o seu cargo enquanto editora de Moda da revista.
Mas, e apesar dos 25 anos na publicação, o universo reservava-lhe voos maiores, com uma renovada visibilidade: o de diretora da Vogue US. Revolucionou a revista, num pós-guerra que deteriorara o glamour das revistas de Moda, e apostou nos rostos emergentes da década de 60, ajudando também a que se tornassem intemporais, sublinhando o papel primordial do título Vogue no mercado – o de percursora e nunca de seguidora: de Twiggy, a Lauren Bacall e Edie Sedgwick (descobriu ambas), foi até a primeira a publicar uma foto de Mick Jagger.
Aquela foto de Veruschka com um hoodie em pelo? Foi feita durante a sua liderança na Vogue. Dona de um estilo irrepreensível, visionária – termo que parece ser consensual em quase tudo o que ler sobre Vreeland –, munida de uma cultura muito acima da média, para a qual o facto de ter colecionado moradas em Paris, Nova Iorque e Londres em muito deve ter contribuído, Diana (lê-se Di-ana e não Dai-ana) percebia a importância da literatura (“onde estaria a Moda sem a literatura?”, afirmou), da música, da emergência de novos modelos e fotógrafos, trazendo-os para as páginas da revista numa altura em que rebentavam os swinging sixties – uma revolução em todas as áreas artísticas bem ao nível da sua dimensão de influência e gostos.
Vreeland era um oráculo para tudo aquilo que valia a pena conhecer. Afinal, não foi à toa que disse “acho que parte do meu sucesso enquanto editora vinha de nunca me preocupar com um facto, uma causa, uma atmosfera. Era eu a projetar para o público. Era esse o meu trabalho. Acho que sempre tive uma ideia perfeitamente clara do que era possível para o público. Dar-lhes o que eles nunca souberam que queriam.”
Se o ar blasé tivesse um rosto, Diana Vreeland seria a sua poster girl: na sua voz rouca e grave de fumadora, ler as frases seguintes da sua autoria é conseguir ouvi-la com algum humor, algum pretensiosismo, mas de uma forma despojada, agradável, a falar na sala vermelha que adorava e que chamava o seu “jardim de inferno”. Não é à toa que a chamavam Imperadora da Moda. E comportava-se como tal. Com todo o direito.
Fotografia: Getty Images; Condé Nast Archive.
Artigo originalmente publicado na edição de outubro de 2019 da Vogue Portugal.
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