Artigo Anterior

O desfile da Victoria’s Secret como o conhecemos chegou ao fim

Próximo Artigo

Rihanna vai oficialmente lançar uma marca de Moda

Notícias 15. 5. 2019

No palco da Eurovisão, Conan Osíris personificou a liberdade

by Cátia Pereira Matos

 

Através da atuação, do vestuário e da música, o cantor português mostrou uma vez mais estar do lado da liberdade: a criativa, a artística, a performativa. Fazemos um throwback à noite de ontem e olhamos para a presença de Conan Osíris no Festival da Eurovisão.

 
© Getty Images

Ontem à noite, na cidade de Telavive, em Israel, Conan Osíris cantou por Portugal, mas Portugal não pôde votar em Conan Osíris para levar o intérprete de Telemóveis à final da Eurovisão, agendada para o próximo sábado, 18 de maio. Ainda que o cantor de 30 anos não tenha sido apurado para a última etapa do concurso, a sua presença no evento internacional — e também no Festival da Canção da RTP — dificilmente será esquecida: afinal, ele foi o autor de uma música que fala sobre “partir” e “escangalhar” telemóveis; ele foi quem, em cima dos palcos, preferiu a fluidez dos movimentos a uma rigidez sufocante; ele foi quem não se deixou deslumbrar pelo espetáculo nem pela fama, mas que conseguiu criar uma performance visualmente espetacular que foi comentada um pouco por toda a parte; foi ele quem, como um furacão, agitou o país e dividiu a Europa com a sua sonoridade eclética que funde fado, pop, flamenco, hip-hop e outros estilos que ainda carecem de definição no dicionário.

Sobretudo, através da performance, do vestuário e da música, Conan Osíris foi a personificação da liberdade. Fazemos um throwback e olhamos para a presença do cantor na semifinal do Festival da Eurovisão em três frentes.

A perfomance

Preto, verde e vermelho foram as três cores que pautaram a performance de Conan Osíris no Expo Tel Aviv, o edifício que, este ano, acolhe o Festival da Eurovisão: a primeira está diretamente associada à escuridão do palco (contrariamente a outros artistas que se decidiram por iluminações fortes, o cantor português optou por atuar num palco escuro e parcamente iluminado, tanto que no início da atuação mal se conseguiam vislumbrar os rostos de Conan Osíris e de João Reis Moreira, o dançarino que o acompanha); a segunda é extraída dos coordenados em tons de verde-esmeralda que Osíris e Reis Moreira usaram; a última prende-se com os efeitos visuais (entre os quais as rosas vermelhas) da atuação do músico.

Sobre este trio cromático, alguns internautas reagiram no Twitter dizendo que as cores preto-verde-vermelho poderia ser uma alusão às cores da bandeira da Palestina. Efetivamente, a ida de Conan Osíris a Israel não foi pacífica devido ao conflito israelo-palestiniano: o músico, depois de ter vencido o Festival da Canção, em março, recebeu uma carta aberta assinada por mais de 40 artistas portugueses — entre os quais a bailarina Olga Roriz, a atriz maria do Céu Guerra, a realizadora Raquel Freire e o escritor Afonso Cruz — que lhe pediam para ele se juntar a um “boicote cultural a Israel” através da recusa em participar na semifinal da Eurovisão.

Também Rogers Waters da banda Pink Floyd, o Comité de Solidariedade com a Palestina e as organização SOS Racismo e Panteras Rosa apelaram a Conan Osíris para que este não fosse a Telavive, por solidariedade para com os palestinianos oprimidos pelo povo de Israel, tendo a decisão final sido tomada pela RTP.

 

 
 
 
Ver esta publicação no Instagram

Uma publicação partilhada por LUIS CARVALHO official (@luiscarvalhoofficial) a


O vestuário

Luís Carvalho, que já havia vestido Conan Osíris e João Reis Moreira no âmbito das atuações do Festival da Canção da RTP, voltou a assegurar o vestuário do músico e do dançarino para a primeira semifinal da Eurovisão. “O Conan enviou-me algumas referências muito diferentes umas das outras, algumas um bocadinho orientais, que têm que ver com os animes que o inspiram; borboletas; até os pauliteiros de Portugal. E eu tive de pegar nisso tudo e pensar no que é que podia resultar bem em palco sem parecer uma fantasia”, revelou o designer natural de Vizela no documentário Conan, o Rapaz do Futuro, produzido pela RTP.

O processo criativo de Luís Carvalho resultou, para Conan, num conjunto verde-esmeralda com pregas nas zonas dos ombros, mangas e cintura, e, para João Reis Moreira, num par de luvas e uma saia-calça igualmente com pregas e de cor verde. O efeito das pregas, explicou o designer ao site Delas.pt, fora definido no início para “potenciar o movimento da música.” Já a cor verde, apesar de muito idêntico ao verde da bandeira portuguesa, fora “uma coincidência”. Ainda assim, não deixa de ser curioso que para a sua primeira atuação além-fronteiras no âmbito da Eurovisão, Conan Osíris tenha subido ao palco de verde ao peito — a cor mais commumente associada à Natureza e à esperança.

 

A música

Já muitas pessoas tentaram desconstruir a Telemóveis, a canção que Conan Osíris escreveu para a edição de 2019 do Festival da Canção da RTP e, na sequência da sua vitória no concurso nacional, para a Eurovisão: sobre Eu parti o telemóvel/A tentar ligar para o céu, por exemplo, há quem diga que o música se refere à perda de alguém e à saudade que advém dessa perda, e já os versos E se a vida ligar/Se a vida mandar mensagem/Se ela não parar/E tu não tiveres coragem de atender foram encarados como sendo uma alusão à voracidade da vida online. “Não há nada mais literal do que isto: eu parti o telemóvel a tentar ligar para o céu. É assim tão estranho um telemóvel ter poderes para ligar para alguém que já não está cá? Nós estamos tão agarrados ao telemóvel hoje em dia, é assim tão estranho que eu dê a um telemóvel o poder, que ele já parece ter hoje em dia na vida das pessoas, que dê para ligar para o céu? Não é assim tão estranho…”, disse o cantor, aquando da sua presença n’O Programa da Cristina, da SIC, em fevereiro.

A Telemóveis é, aliás, uma das músicas que o cantor escolheria para ser o seu cartão de visita, disse em entrevista à GQ Portugal de abril. Porquê? “É uma boa amálgama daquilo que eu faço.” Amálgama, diz o dicionário, é uma mistura de elementos diferentes que formam um todo. Como Conan Osíris.

 
 
 
Ver esta publicação no Instagram

Uma publicação partilhada por Festival da Canção (@festivaldacancao.rtp) a

Artigos Relacionados

Compras 15. 5. 2019

15 peças em verde-esmeralda para lançar todas as flechas

Conan Osíris tentou ligar para o céu, desceu escadas e mandou a flecha, tudo isto num coordenado verde-esmeralda, assinado por Luís Carvalho. Inspirados pela energia do músico, reunimos 15 peças que nos dão alento para partir tudo menos o telemóvel.

Ler mais

Pessoas 10. 4. 2019

Em Alves/Gonçalves, Conan Osiris foi o super-herói dos prémios Play

Com uma capa preta esvoaçante que redefine a expressão "tu não andas, tu deslizas", Conan Osiris subiu ao palco do Coliseu dos Recreios para aceitar o galardão de Artista Revelação nos prémios Play.

Ler mais

Pessoas 4. 3. 2019

Quem vestiu português na final do Festival da Canção 2019

Para a final do Festival da Canção 2019, Conan Osíris, Ana Cláudia e NBC escolheram vestir português. Graças a eles, a Moda nacional pisou o palco da Portimão Arena.

Ler mais

Pessoas 18. 2. 2019

A Moda nacional no palco do Festival da Canção 2019

Já são conhecidos os quatro primeiros finalistas da 53ª edição do Festival da Canção, mas o palco da RTP não se fez só de música. A Moda nacional também marcou presença.

Ler mais

Entrevistas 17. 5. 2018

Conan Osiris | Para dançar a melancolia

A música de Conan Osiris começou como um rumor de internet. Para a Vogue aceitou cantar acompanhado de uma harpa, num encontro que ganhou forma numa sessão fotográfica. Há muito tempo que não conhecíamos alguém assim.

Ler mais

Vídeos 17. 5. 2018

Conan Osiris | Ein Engel

"Nós não precisamos de uma academia para nos entendermos” – Foi assim que Conan Osiris, músico autodidata, descreveu o encontro com a harpa de Rebeca Csaclog. A nosso pedido improvisou o tema Ein Engel num só take.

Ler mais