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Project Union 2. 9. 2020
“Juntos somos mais fortes” seria o slogan de uma marca que é, acima de tudo, um coletivo. Um coletivo de pessoas, de ideias, de inovações. Um coletivo do agora. Um coletivo chamado Awaytomars.
Tudo começou na pós-graduação de Cultura e Tendências da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, mais precisamente durante o trabalho de conclusão do curso. A ideia por detrás do projeto de Alfredo Orobio era descobrir como é que o avanço dos media sociais podia influenciar a distribuição de informação criativa entre pessoas de diferentes culturas. “Após a realização da pesquisa, descobri que as pessoas estavam a utilizar plataformas como Facebook, Instagram, Pinterest, para compartilhar as suas ideias criativas com outras pessoas”, explica Orobio à Vogue. “O mais interessante deste processo é que existia um engagement crescente de comentários, feedbacks e sugestões de melhorias, mas toda essa informação criativa acabava por ficar perdida e esquecida na rede.”
Com este conhecimento debaixo da manga, Alfredo Orobio foi da teoria para a prática. “Como proposta de projeto, propusemos um ambiente online próprio, onde as pessoas do mundo todo pudessem compartilhar suas ideias, dar sugestões umas às outras e trabalhar em conjunto para criar produtos de Moda de forma inovadora e colaborativa.” E foi assim que, da teoria para a prática, nasceu a Awaytomars, a primeira marca a criar Moda através de uma comunidade internacional de talentos criativos, incentivando assim a partilha de ideias e a integração entre diferentes culturas.
“Lançamos a plataforma-teste em março de 2015, como parte da plataforma LAB da ModaLisboa, que desde então tem sido nossa casa para experimentação e desenvolvimento de marca”, explica o fundador e CEO. “A participação na ModaLisboa foi o grande divisor de águas da Awaytomars, tanto pela plataforma de desfile como pela exposição internacional com grandes nomes do jornalismo. Foi na ModaLisboa, em 2017, que tivemos a honra que conhecer a Suzy Menkes, que mais tarde nos convidaria para fazer um keynote speech na sua conferência internacional, ao lado de nomes como Maria Grazia Chiuri, Antonie Arnault, Christian Louboutin, entre outros.”
Hoje, e graças a um espírito inovador e futurista, a marca fundada por Alfredo Orobio e encabeçada por Marilia Biasi na frente do design continua a chamar a atenção da indústria e de grandes players como a M Missoni que, como diz Orobio, “começaram a enxergar o potencial de trabalhar com o processo de cocriação num formato híbrido entre consumidores, fãs e designers, com o objetivo de trazer inovação de produto.” Mas não é só a indústria da Moda, per se, que tem os olhos postos na Awaytomars. “No ano passado fomos uma das dez empresas selecionadas para fazer parte de um dos projetos mais grandiosos de pesquisa em Moda e tecnologia, desenvolvido pelo governo britânico com o objetivo de transformar a Awaytomars num produto que possa ser incorporado dentro de empresas para ser usado por times criativos de forma transparente e democrática”, diz o fundador e CEO do projeto.
Apesar de não ter vindo da área, e de seguir Moda ter sido por si uma mudança – a sua formação foi em Economia e Relações Internacionais e a paixão pela gestão de empresas de Moda surgiu quando começou a trabalhar na mesa de Moda de uma das consultorias mais importantes do segmento do Brasil –, Alfredo Orobio admite que nunca pensou abandonar a indústria. “Nunca pensei em desistir da Moda”, confessa à Vogue. “Acho que como a Awaytomars é uma marca que não segue o padrão tradicional e temos a flexibilidade de inventar como tratamos o futuro, isso dá-nos mais liberdade e satisfação de arriscar e permitir ir além, sem nos cansarmos.” Sobre os momentos em que tudo valeu a pena, o fundador e CEO destaca “ter sido convidado pela Suzy Menkes para contar a nossa história na conferência mais importante de Moda” como um dos dias mais marcantes para si. “Outro momento é quando terminamos os desfiles na ModaLisboa e podemos nos abraçar nos bastidores com a sensação de dever cumprido”, diz Alfredo Orobio.
Perceber que esse é um dos momentos que Orobio destaca como uma daquelas alturas em que o trabalho vale a pena é perceber o porquê de o slogan da Awaytomars, se a Awaytomars tivesse um slogan, ser “juntos somos mais fortes”. Afinal de contas, falamos de uma marca que é mais do que uma simples marca – é um coletivo em contante evolução. “O nosso processo de criação parte sempre do princípio de evolução presente, numa constante transformação”, explica o fundador quando lhe perguntamos se refaria alguma coleção da marca. “Quando cocriamos um produto dentro da plataforma precisamos de ter a certeza de que é um produto de relevância e atemporalidade. Obviamente não atingimos a perfeição em todas as peças, mas acho que todas têm um significado e importância naquele espaço de tempo.”
Sobre a peça que melhor reflete o ADN da marca, Alfredo Orobio não responde com uma criação em particular, mas refere antes o Slash Cut, algo único para a Awaytomars. “Quando lançámos a nossa primeira coleção em 2015, a nossa ideia era criar uma linha de básicos com modelagem complexa para que pudessem ser utilizados como base nas criações das peças futuras da Awaytomars”, explica o fundador e CEO. “Foi assim que desenvolvemos o Slash Cut, que está presente em alguma forma em todas as peças da marca e da coerência entre a estética dos criadores da plataforma. O Slash Cut é a ideia de uma linha na perpendicular que corta as peças da marca, refletindo a trajetória de um foguete em direção a Marte.”
As coleções que entretanto irão aterrar nos nossos guarda-roupas mantêm essa linha futurista e um tanto fantasiosa, imaginativa. “O verão 2020 é o início de um projeto que queremos revisitar no futuro, no qual criamos um almanaque do que supostamente seria a fauna e a flora de Marte”, diz Orobio, explicando que “nesse processo criamos folhagens que lembram o cérebro humano, animais que se confundem com constelações num mix de cores fantasiosas.” Já o inverno 2021, refere o fundador, “traz elementos de denim, tricot e os nossos populares vestidos de seda.” Desta vez, avança, “o tema foi uma viagem para um buraco negro, no momento exato onde a luz, ao entrar com a força gravitacional do buraco, perde a forma - momento que tentamos traduzir nos prints e na cartela de cores.” Para Orobio, foi “uma das coleções mais deliciosas de construir.”
E se pudessem construir uma coleção com um colega designer português, quem seria, e porquê? “Temos grande admiração por diversos designers portugueses”, afirma Alfredo Orobio, confessando que o sonho da Awaytomars seria “uma colaboração com a Bordalo Pinheiro, e criar uma linha de cerâmicas inspiradas no nosso universo marciano”.
Um universo onde é importante refletir não só sobre união, criatividade e colaboração, mas também sobre questões urgentes na indústria. “Para nós, é importante sempre reforçar a questão da sustentabilidade, da cadeia de produção transparente e do fomento de uma indústria de Moda justa”, reflete o fundador da Awaytomars quando lhe perguntamos sobre as questões que gostaria que lhe colocassem numa entrevista. “A educação é a única ferramenta que temos no combate à compra de produtos que tenham um impacto negativo no sistema. Precisamos que o consumidor entenda a importância de uma Moda mais justa, mas para isso precisamos de educa-lo.”
Outro ponto importante, refere Orobio, é a união na indústria, algo que o fundador da Awaytomars considera não só possível, mas também necessário. “A indústria da Moda é uma das que mais emprega e empedra mulheres no mundo todo”, diz. “Ao mesmo tempo é uma das que mais poluem e maltratam os membros da sua cadeia de produção. A união se faz necessária na criação e desenvolvimento de ferramentas para tornamos a cadeia mais transparente e sustentável, além de falarmos como uma grande voz na busca por incentivos à exportação, inovação e fomento ao emprego justo.”
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