Moda   Project Union  

Project: Vogue Union | Anabela Baldaque, para uma vida inteira

25 Jul 2020
By Mathilde Misciagna

Anabela Baldaque, “o belo como motivo, a criação como imperativo”. Dito na primeira pessoa.

Anabela Baldaque, “o belo como motivo, a criação como imperativo”. Dito na primeira pessoa.

Anabela Baldaque
Anabela Baldaque

Corria o ano de 1983 quando Anabela Baldaque concluiu o curso de Estilismo e Modelismo na Escola de Moda Gudi, no Porto. Dois anos depois, partiu para Itália onde estagiou com o designer Emilio Pucci, em Florença. Conta hoje com mais de 30 anos de carreira ao abrigo da sua marca homónima e abriu recentemente a loja Bela Balda, com um conceito alternativo que “pretende desmistificar a ideia de que as peças de criador são muito caras, ou muito estilizadas, ou para ocasiões especialíssimas”. Neste espaço, Anabela inaugurou o Pano para Mangas, projeto em que desafia um artista plástico a intervir sobre uma peça de pano-cru por ela desenhada. Já foram desafiados a pintora Ana Vidigal e o artista plástico Albuquerque Mendes. As peças serão expostas no MUDE (Museu do Design e da Moda) e o valor da venda será doado a uma instituição.

Anabela Baldaque cria roupa que não é apenas roupa. Roupa que é legado, para passar de geração em geração, para durar uma vida inteira. Elegante, romântica, audaz. Coordenados versáteis, que resolvem qualquer ocasião, que são a harmonia perfeita entre texturas, padrões e cores. Cada peça é feita com mimo, tempo, dedicação e atenção ao detalhe. O melhor exemplo do seu ADN enquanto criadora é um casaco da coleção Põem-se ao lume e deixa-se arrefecer do verão de 2000, caraterizado por um trabalho de pormenor, construído em base simples. A Vizinha, Gosto de Ti Até ao Japão, À espera da Primavera, são nomes de várias coleções que Anabela criou, todas com uma história que idealizou na sua cabeça e que transpôs para os coordenados.

‘Põem-se ao lume e deixa-se arrefecer’, verão de 2000
‘Põem-se ao lume e deixa-se arrefecer’, verão de 2000

Desde pequena desenhava vestuário para as bonecas e cedo passou a fazer experiências com as suas próprias roupas. Criadora do norte, nascida em Vizela, o têxtil corre-lhe nas veias e por isso nunca pensou desistir nem mudar de área e como a própria afirma numa troca de e-mails com a Vogue: “Não está no meu ADN desistir, a minha profissão tem tudo o que gosto, escolhi-a com 17 anos. Ela permite-me ser criativa e livre. O que se pode fazer num tecido, é algo que ainda me fascina. A Moda esta sempre em mudança, ela prevê o futuro e fala sempre do passado. A Moda desafia conceitos e formas de vida, estéticas e abordagens, sem limites. Não preciso de mudar de área. A Moda permite-me fazer tudo.” Falou e disse. Em todas as alturas o mesmo sentimento: de que valeu a pena. “Sempre que vejo as minhas peças vestidas por alguém vejo que construi beleza, e dou felicidade.” Disso não restam dúvidas.  

9 de Maio de 1998 num desfile da Moda Lisboa nos Armazéns Abel Pereira da Fonseca
9 de Maio de 1998 num desfile da Moda Lisboa nos Armazéns Abel Pereira da Fonseca

Se pudesse voltar atrás e refazer alguma coleção fá-lo-ia, porque sente a ansiedade da alteração – um sentimento que costuma aparecer a meio caminho do término da coleção. “Talvez porque a ideia de fazer melhor aparece em cada segundo, talvez porque tenha vontade de experimentar outros caminhos, talvez porque não tenho filtros”, justifica a designer. “Este verão, com o nome Pássaro de Fogo, foi uma coleção que não voou, porque o vírus não deixou”, mas Anabela Baldaque está de olhos postos no futuro, tal como todos nós – mais precisamente na coleção do próximo inverno, ainda sem nome, mas com um conceito formado. “Estou a criar capas, retângulos, olhadas por vários prismas, com bolsos, feitos de múltiplas formas sempre utilitárias. Vai dar suporte a tudo o que o futuro da vida está a incluir... um futuro mais instável/mutável. As capas Baldaque vão ser um belo embrulho confortável”, explica-nos a criadora, aguçando-nos o desejo para que esse futuro chegue bem rápido. E por falar em futuro, se fizesse uma colaboração com um colega designer português a escolha iria para o jovem João Melo Costa. Resta-nos esperar.

Anabela Baldaque acredita que a união entre criadores e indústria é possível. “Já temos alguns exemplos disso”, refere. “No entanto penso que é um caminho ainda a ser mais explorado. Juntas fazem chegar mais longe a Moda de autor. A indústria faz milagres na sua rapidez de confeção e distribuição”, acrescenta.

Loja Anabela Baldaque Porto
Loja Anabela Baldaque Porto

Anabela Baldaque está à venda na Rua Padre Luis Cabral nº 1080, 4150-461 Porto – Foz do Douro e no número 59 da Rua Adolfo Casais Monteiro, no chamado Quarteirão das Artes, também no Porto.

Mathilde Misciagna By Mathilde Misciagna

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