Das histórias de outros tempos à realidade dos nossos dias, este é o espírito de quem marcha na Lisboa de 2018.
1932, Lisboa. Em pleno regime Salazarista, a capital do país enchia-se, pela primeira vez, com as mil cores, cantigas e coreografias das Marchas Populares. No início dos anos 70, pela sua associação ao Estado Novo, a tradição entrou em declínio para, nos anos 80, regressar ao coração da cidade, em plena Avenida da Liberdade. Das histórias de outros tempos à realidade dos nossos dias, este é o espírito de quem marcha na Lisboa de 2018. Fotografia: Tomás Monteiro.
©Tomás Monteiro
Se é verdade que a tradição faz o povo, é igualmente verdade que o povo faz a tradição: e as Marchas Populares são o ponto onde o imaginário português se encontra com aqueles que não deixam morrer a memória daquilo que é verdadeiramente nosso. No passado dia 12 de junho, como acontece todos os anos desde 1932, as marchas tomaram de assalto a Avenida da Liberdade para, passo a passo, encherem a cidade de Lisboa com o espírito típico dos bairros, a energia contagiante das suas canções e coreografias, e a vivacidade das cores com que se pinta o sonho de miúdos e graúdos.
Podíamos escrever o mundo sobre os marchantes que, com os seus trajes e os seus arcos, representam os bairros com o coração nas mãos, num reflexo autêntico da verdadeira alma lisboeta, mas encontrámos a expressão máxima da emoção das Marchas Populares nestes quatro versos de Norberto de Araújo, interpretados pela voz de Amália Rodrigues:
Enquanto os bairros cantarem,
Enquanto houver arraiais,
Enquanto houver Santo António,
Lisboa não morre.
Num retrato puro, entre o orgulho e a inocência, a prova destas palavras está na lente de Tomás Monteiro, que levou a Vogue até às Marchas Populares de 2018.
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