São jazz, são fado, são hip-hop e são nove. Nove razões para (re)descobrir que o presente e o futuro se escrevem no feminino.
Dançam as vozes num inquieto molde de palavras e a pele floresce-nos a toda a largura do corpo. São jazz, são fado, são hip-hop e são nove. Nove razões para (re)descobrir que o presente e o futuro se escrevem no feminino. Fotografia de Branislav Simoncík. Realização de Cláudia Barros.
Blusão em ganga e brincos em metal, ambos Mango. Vestido em algodão, Lacoste.
Blusão em ganga e brincos em metal, ambos Mango. Vestido em algodão, Lacoste.
Começou a cantar em casa mas o fado só acontece por mão de uma amiga da família que lhe mostrou os primeiros discos. No dia em que fez 12 anos, a mãe levou-a a ouvir Ana Moura no mesmo sítio onde estreou a voz ao público faz, no dia 5 de março, 10 anos. Seguiu-se uma coletividade e Braço de Prata até se cruzar com Carminho que a levaria à Mesa de Frades, onde começou a cantar aos 16.
Influências? Gosto muito de fadistas antigos, alguns muito pouco conhecidos no meio dos comuns mortais, como costumo dizer. Da nova geração, tenho influências como a Carminho, a Raquel Tavares, a Cátia Guerreiro, o Ricardo Ribeiro, o Camané. Tenho o privilégio de ouvir a Celeste Rodrigues muitas vezes e de saber que ela me considera uma amiga.
Primeira paixão musical? As músicas antigas do Festival da Canção.
As palavras são um espelho da vida? Sim, sem dúvida.
O que é que sente a cantar que não sente em nenhuma outra altura? Sinto que sou o meu expoente máximo. Não consigo esconder-me, refugiar-me. A cantar sou o mais transparente possível. Somos o que não temos coragem de ser durante o dia.
Autorretrato em três palavras? Determinada, preguiçosa e (muito) apaixonada.
Passado ou futuro? Futuro, sempre.
Uma música para o resto da vida? Qualquer coisa cantada pelo Frank Sinatra pode ser para o resto da vida.
Shiva, Beatriz Pessoa, Mynda Guevara, Sara Correia, Katerina L’Dokova, Elisa Rodrigues, Teresinha Landeiro, Russa e Diana Vilarinho são uma paisagem de sangue novo num panorama profundamente normativo. A música portuguesa tem hoje uma existência saudável e coberta de talento mas é também do crepúsculo da folhagem que a indústria respira. E esta, é a mais bonita de todas as suas constelações. Para o presente ou para o futuro.
Artigo adaptado da edição de março 2018 da Vogue Portugal.
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