Para a leitura deste mês do Vogue Book Club, a escolha foi "A Parede" de Marlen Haushofer.
Publicado pela primeira vez em 1963, A Parede, de Malen Haushofer, narra a vida de uma mulher que, durante umas férias nas montanhas austríacas, acorda para uma realidade sinistra: encontra-se sozinha, isolada do resto do mundo por uma misteriosa parede invisível. A partir desse momento, acompanhamos um enredo de sobrevivência que oscila entre o relato minucioso do cultivo de batatas e feijões e a exploração das emoções humanas perante tal situação, ao mesmo tempo que disseca o peso da presença humana no mundo natural.

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Inaya Mussa, Jornalista
Embora reconheça a importância da obra de Marlen Haushofer – sobretudo na década em que foi publicada –, a leitura revelou-se para mim algo monótona. A resposta (extremamente) racional perante um dos piores cenários imagináveis para o ser humano faz com que o livro funcione como uma espécie de reportagem do quotidiano numa realidade solitária e desesperante. É, sem dúvida, uma história interessante e fascinante, mas não pude deixar de me sentir um pouco insatisfeita e entediada. Talvez isso se deva ao facto de ter iniciado a leitura com expetativas diferentes, além de não estar totalmente ciente do contexto em que a obra foi escrita e do impacto que teve na literatura feminista – algo que só me apercebi no posfácio.
Mariana Pimenta, Editora de Moda
No meio de umas semanas intensas, este livro foi uma verdadeira fuga da realidade. O enredo do livro tende a seguir a mesma rotina e pode ser considerado repetitivo, o que eu entendo perfeitamente. No entanto, achei-o terapêutico. A simplicidade da escrita e a mundanidade da vida da protagonista fizeram-me sentir como se estivesse dentro daquela casa de campo, a aprender a viver a vida de uma maneira completamente nova. O único aspeto com o qual tive dificuldade foi a morte constante de animais. Eu e minhas colegas tivemos reações diferentes a este livro, algo que nunca aconteceu a este extremo. Isso tornou a experiência ainda mais interessante, oficializando-a, na minha opinião, como uma leitura obrigatória.
Rita Petrone, Jornalista
A Parede foi uma leitura paralisante. Acima de tudo, é uma lição feminista em resiliência, sobrevivência e independência à qual acho impossível ficar indiferente. Ao longo de meses e anos, a personagem vai colecionando uma família de animais que acabam por se tornar tanto o seu sustento como a sua razão de viver. Com um desenrolar inicial calmo, a história afetou-me de forma gradual. À medida que a narrativa avança e as circunstâncias da mesma se alteram, comecei a sentir uma inquietação constante, que teimava a seguir-me página após página. No final, tornou-se claro que este livro me estava a arrastar até a um precipício de ansiedade, onde cada decisão e relato da personagem me faziam questionar a minha própria identidade e sanidade. Apesar disso, concedo que é uma leitura necessária devido ao seu impacto na literatura feminista e à forma como nos faz (re)pensar na forma como vemos o mundo de diferentes perspetivas.
Leitura do próximo mês

Orgulho e Preconceito, de Jane Austen.
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