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11 Tendências para 2021, segundo a trends forecaster Marian Salzman

07 Dec 2020
By Sara Andrade

Redução da semana de trabalho, voltarmo-nos para a família e os nossos, mais tolerância e mais resiliência são algumas das mudanças de paradigma que podemos esperar que se consolidem a partir do próximo ano.

Redução da semana de trabalho, voltarmo-nos para a família e os nossos, mais tolerância e mais resiliência são algumas das mudanças de paradigma que podemos esperar que se consolidem a partir do próximo ano.

© iStock
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Quem o diz é Marian Salzman, especialista em Comunicação e RP, trends forecaster (por outras palavras, identifica tendências vindouras) e vice-presidente sénior de Comunicação da Philip Morris International. A autora (e coautora) de mais de 20 livros tem ainda no CV uma seleção dos mais prestigiados prémios na área das Relações Públicas. Comunicadora nata, deixou o cargo de CEO da Havas PR, da América do Norte, bem como o de presidente global da Havas PR Global Collective, em 2018, para ajudar a tabaqueira a criar um mundo sem cigarros, identificando ainda tendências futuras e o caminho que a população mundial está a trilhar.

As tendências para o ano que se avizinha estão, claro, intimamente ligadas aos eventos que marcaram 2020 e às alterações que vieram a introduzir, voluntaria e involuntariamente, no nosso quotidiano. Algumas perdurarão, outras obrigarão a shifts por completo no modo como vivemos e coexistimos, independentemente da evolução da pandemia. Há fatores que este ano nos obrigou a repensar e a adotar, talvez primeiro por obrigação, mas que eventualmente poderão tornar-se uma escolha e, consequentemente, uma realidade. Como explica Marian, "a Covid-19 precipitou um mundo já de si caótico em novas profundidades de incerteza, tumulto e medo. E chegou numa altura em que os cidadãos estavam já profundamente divididos e com menos predisposição para confiar na ciência, nos líderes políticos, e uns nos outros".

Tomando tudo isto em consideração, o seu mais recente relatório, Zoomsday Predictions, foi apresentado à imprensa este mês e fala em 11 macrotendências para os tempos que se aproximam a passos largos:

1. Zoomed in (and out)

Que é como quem diz voltarmo-nos para a comunidade, para o local, fazer uma introspeção para perceber o que queremos nas nossas vidas e no nosso mundo. "Estamos a fazer o zoom in para nos conectarmos com as pessoas e os negócios em nosso redor", explica Salzman. "Estamos a fazer o zoom in para examinar como podemos mudar de direção e viver vidas que nos preencham mais. Estamos a fazer o zoom in para criar lares que funcionem melhor. É viver a vida hiper-localmente". Ao mesmo tempo, fazemos também o zoom out, numa espécie de "yang para o yin", como compara a comunicadora: fazemo-lo porque queremos ter uma percepção mais clara do enquadramento para tudo isto, do mundo e como podemos impactá-lo positivamente. 

2. Misturar tempo e espaço

Ou seja, repensar o tempo e a sua linearidade. Principalmente, depois de uma quarentena que forçou o teletrabalho, e tendo em conta que o burnout profissional e a sua ligação à saúde mental se tornou um vocábulo bem conhecido dos últimos anos, a autora fala num reestruturamente da semana de trabalho, colocando na mesa a possibilidade de termos semanas com quatro dias úteis e três de descanso, tornando esses quatro dias mais produtivos ao mesmo tempo que incrementamos o tempo em família e pessoal em 24 horas - um win-win. "Há cada vez mais casos de sucesso de empresas que optam por semanas de trabalho de apenas quatro dias", diz Salzman. "Já estamos a ver uma discussão mais séria sobre esta abordagem, incluindo os seus benefícios para as pessoas e o planeta. A experiência da Microsoft no Japão, com uma semana de trabalho de quatro dias no início deste ano, resultou num aumento de 40 por cento na produtividade dos trabalhadores. Outras empresas como a Shake Shack já estão mesmo a considerar adotar uma semana de trabalho mais curta, criando planos inteligentes para dar ao trabalhador melhores condições para fazerem o seu trabalho”, exemplifica.

3. Regresso ao "nós" 

Mas não um regresso quantitativo, antes qualitativo. De uma forma algo incongruente, o distanciamento social trouxe ao de cima a necessidade de conexões mais profundas e partilhadas. Tornámo-nos mais empáticos, apurámos o sentido de comunidade. "Agora, os círculos sociais são menos sobre proximidade e conveniência, e mais sobre intimidade e ligação", sublinha Marian Salzman. Este regresso pode ter não só um rescaldo de aproximação mas também de distanciamento para com elementos de outras "tribos", por assim dizer.

4. O real torna-se irreal e o irreal torna-se real

Uma expressão para explicar que não estamos condenados ao digital, pelo contrário: a obrigatoriedade do online enquanto presença constante deverá precipitar uma vontade de regressar ao analógico, aos clássicos. É verdade que os acessos remotos e a aproximação virtual continuará a ser uma realidade, mas encontrar um equilíbrio entre o físico e a internet estará na ordem do dia. "Numa era de profundas aparências, somos atraídos por aquilo que é profundamente autêntico - mesmo que continuemos a migrar as nossas vidas para o reino virtual.", sintetiza a comunicadora. "Espere um regresso à valorização da intelectualidade e de valores tradicionais como integridade e autosuficiência".

5. O dia dos drones (e droids)

Pode chegar mais depressa do que julgamos, com esta pandemia a expor inevitavelmente as nossas fraquezas e vulnerabilidades nos negócios, tanto quanto na vida. Se já estávamos a caminhar para uma automação do trabalho, este ano pode ter servido de catalisador para esse trilho se pavimentar mais rapidamente. 

6. Estar sempre pronto para a "batalha"

Porque "depois de termos sido apanhados desprevenidos, isso não volta a acontecer", pensámos nós com os nosso botões. Salzman tratou de verbalizar: "nos últimos anos, tem-se assistido a uma crescente mentalidade de bunker, sendo os mais fundamentalistas os que já se estão a preparar para o Dia do julgamento Final", aponta. A partir do próximo ano, essa mentalidade parece ganhar contornos mais sérios com a população a preparar-se tanto em termos físicos e mentais como financeiramente para o que quer que o futuro possa reservar. Essa preparação pode ser feita das mais variadas maneiras, desde aperfeiçoar técnicas de bricolage e outras práticas úteis a considerar "casas seguras" em locais remotos e stocks de kits de emergência. Basicamente, criar condições de autosuficiência, caso o Apocalipse se abata sobre nós.

7. Redefinir o que é essencial.

Dito assim, até parece estranho que seja uma tendência para 2021 e não um mantra de vida sempre, mas a verdade é que este ano, enquanto culminar de uma consciência que já vem de anos anteriores, alterou as prioridades de tal forma que nos obrigou a mudar a hierarquia do que nos é primordial. Por exemplo, "numa altura em que os empregos e a escolaridade de faz remotamente, a banda larga é um luxo ou uma necessidade? Quando as pandemias se espalham de forma rápida e letal, as expectativas de condições sanitárias básicas e de cuidados de saúde elementares mudaram?", questiona Marian. Essencial é também a igualdade, aponta Salzman: 2020 tornou-nos intolerantes com a intolerância e as desigualdades. Em 2021, vamos (continuar a) lutar por mais justiça, nomeadamente para com os mais desprotegidos e ostracizados.

8. Salvo pela Internet - mas a que custo?

Não há bela sem senão e, na emergência do tele-tudo - medicina, trabalho, escola - (até às raves se tornaram virtuais e o Supremo Tribunal dos E.U.A julga casos via telefone), 2020 mostrou tanto que podemos migrar a vida para o virtual, mas que podemos perder muito com essa transição. Nomeadamente, conhecimentos e talentos da manufatura, principalmente quando podemos fazer outsourcing de tudo isso (por enquanto). Marian Salzman acredita que no horizonte podem estar aulas para ensinar estas skills que deixaram de ser passadas de geração em geração.

9. As empresas como agentes de mudança

Vem um pouco no seguimento do ponto sete e até do ponto número um e esta necessidade de querermos um mundo mais justo. A responsabilidade de um planeta mais saudável e de uma sociedade mais justa e melhor não é da exclusiva responsabilidade de entidades solidárias ou representantes da população, como o estado, Governo e Organizações Não-Governamentais, mas também de grande companhias corporativas que agora enfrentam exigências para não virarem costas não só a contribuirem ativamente para um bem comum, mas também a serem mais sustentáveis e inclusivas, por exemplo.

10. Repensar os lugares, ou seja, reorganizar e descentralizar 

Das grandes cidades para zonas mais remotas. As desvantagens citadinas, como o trânsito, a poluição, o custo de vida, têm até agora sido largamente suplantados pelas vantagens de uma oferta larga e variada em comércio, educação, emprego. Mas a quarentena diluiu esses pontos positivos, mostrando que o local não é tão importante quando as ferramentas digitais nos premitem ter acesso a todas esses upsides sem os downsides. "Porquê trabalhar de casa num apartamento minúsculo e atolado quando pode estar num sitío com mais espaço - de armário, verde, etc?", aponta a trend forecaster. Mas não é só na vertente do êxodo citadino que isto acontecerá: as próprias cidades serão repensadas para albergarem mais espaços verdes, casas acessíveis e infraestruturas inteligentes, tornando-se mais apelativas e funcionais.

11. Fazer as pazes com a incerteza

A perda de controlo que sempre tivemos, mas que 2020 tornou mais gritante que nunca significa que vamos chegar ao novo ano a aceitar que o inesperado acontece e que o melhor é estarmos o mais preparados possível - um pouco numa resposta ao ponto 6 -, seja através de vacinação preventiva, seja através de uma simplificação do estilo de vida para reduzir custos, seja através de um investimento em material para situações de emergência, estar preparado é aceitar que o pior pode acontecer, mas esperar que não aconteça. 

Talvez algumas destas tendências já lhe tenham passado pela mente. Talvez alguma delas até já esteja a vivê-las. Talvez Marian Salzman tenha validade e confirmado o que tem vindo a acreditar nos últimos tempos. Mas acima de tudo, o que a comunicadora traz aqui, em muitos pontos, ao abordar a resiliência, o regresso às origens, família, analógico, preparação e paz interior que parecem ter sido abaladas no ano que passou, talvez possa traduzir-se num par de palavras: esperança no futuro.

Marian Salzman
Marian Salzman

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