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Saint Laurent: primavera/verão 221

16 Dec 2020
By Rui Matos

Com um allure dos anos 60, Anthony Vaccarello apresentou a primavera/verão de 2021 da maison francesa no deserto, um lugar que “traz uma energia que limpa a mente,” confessou o diretor criativo ao Business of Fashion.

Com um allure dos anos 60, Anthony Vaccarello apresentou a primavera/verão de 2021 da maison francesa no deserto, um lugar que “traz uma energia que limpa a mente,” confessou o diretor criativo ao Business of Fashion.

Depois de uma coleção focada no tailoring e nas silhuetas estruturadas, o designer imaginou uma coleção mais soft e serena, com coordenados bastante fluidos e muito funcionais - um reflexo dos últimos meses. “Queria concentrar-me na essência das coisas. Acho que é um sinal dos tempos que vivemos. Não queria nada sombrio ou pesado. O deserto, para mim, simboliza a ânsia de serenidade, espaço aberto, um ritmo mais lento. A roupa é também mais suave, o espírito da coleção é mais soft e despojado”, adianta Anthony Vaccarello, que deixou o calendário oficial da Semana de Moda de Paris e também os cenários estrondosos com a Torre Eiffel como pano de fundo.

A serenidade e a imensidão do deserto, uma paixão partilhada pelo o atual diretor criativo e por Monsieur Yves, que no início da década de 60 fundou esta maison. Aliás, a escolha do deserto como cenário partiu de uns registos de 1969 da Saint Laurent, onde as modelos tinham vestidos de chiffon adornados por peças em ouro de Claude Lalanne. “Eu pude usar peças vintage de Lalanne no desfile,” começou por contar Vaccarello ao Business of Fashion. “Achei importante misturar essas peças com os coordenados de hoje, e quando eles concordaram, foi o toque final que tinha em mente para esta coleção.”

“Depois do grande sucesso das cores e do látex do inverno passado, não queria ficar preso àquilo. Queria voltar às raízes da casa, aos traços, à pureza, aos vestidos curtos”, confidenciou o criador. Esse regresso foi inspirado na coleção de Alta-Costura de 1968, ano em que França foi palco de uma crise política, social e cultural, o Maio de 1968.

Para a passerelle, Vaccarello levou uma coleção 80% pintada a preto, com alguns apontamentos em tons mais quentes e um estampado muito típico da década de 60 - o famoso padrão florido do sofá das nossas avós. As plumas e os vestidos marabou, que nos recordam Valley of the Dolls, são os coordenados perfeitos para ficarmos em casa deitados na cama a ler um livro. Esta coleção mostra-nos também um lado de Vaccarello que até então nunca tínhamos visto, um lado mais calmo e sereno. “Nunca fiz nada assim. Gostei do macio, é muito elegante, muito ton sur ton com a areia. E, embora pareça coberto, o corpo não é apagado,” confessou ao BoF.

E se se está a perguntar pela location, esse é um segredo que não a Saint Laurent não quis desvendar. Foi um destino para onde todos puderam viajar. Não houve grandes estruturas nem uma iluminação como aquela a que já nos habitou, houve a simplicidade das dunas que, provavelmente, já nem devem existir. “Isso é aquilo que me emociona. Estamos ocupado a fazer roupa, a tratar de negócio, mas, no final do dia, somos uma coisa pequena contra a enormidade do mundo.”

Rui Matos By Rui Matos

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