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Pela boca ama o peixe

07 Feb 2018
By Irina Chitas

Ama o dia de S. Valentim? Vá jantar ao Ritz. Odeia o dia de S. Valentim? Vá jantar ao Ritz.

Ama o dia de S. Valentim? Vá jantar ao Ritz. Odeia o dia de S. Valentim? Vá jantar ao Ritz.

Roma Antiga. Dias loucos. Com ganas de formar um exército monumental, proibiu os casamentos. Não nos parece uma ideia terrível, em teoria (se bem que temos de nos lembrar que ainda não existia o Lux e o Tinder), mas os casais apaixonados discordaram por completo. É por isso que o bispo romano de seu nome Valentim abriu um negócio no mercado negro e começou a celebrar, clandestinamente, uniões eternas na saúde e na doença. O império não se enamorou da ideia e condenou Valentim à morte. Enquanto estava preso, as suas modestas e frias instalações iam-se enchendo de flores e bilhetes dos amantes que continuavam a acreditar que era mesmo "até que a morte nos separe". Artérias - uma adolescente cega - foi mais longe, talvez por nepotismo: como era a filha do guarda prisional, conseguiu privilégios de visita. Apaixonou-se por Valentim, foi mútuo, e a cegueira passou. Valentim foi decapitado a 14 de fevereiro de 270. Supostamente. A Igreja Católica deixou de celebrar o Dia de S. Valentim por duvidar da veracidade do milagre e, até, da existência do bispo Valentim, no geral. Mas o mundo não deixou de acreditar no amor, e ainda bem, porque não fosse 14 de fevereiro, muito dificilmente este menu do Varanda, no Ritz Four Seasons, existiria.

Olhemos para ele como uma espécie de sermão de São Valentim aos peixes. Ou então como um virar de costas ao cliché dos menus dos namorados - venha de lá esse naco de carne em sangue e um bolo de chocolate, com recheio de chocolate, cobertura de chocolate, mergulhado no fondue de chocolate - que é, antes, uma carta de amor ao peixe e à frescura. Este tipo de cartas de amor nós conseguimos subscrever.

Especialmente se começarem com snacks de comer à mão. Tem trufa preta, caviar de lagosta crocante e tártaro de robalo fumado? Estamos dentro. Não acabou? Não, porque o amuse bouche chega em forma de ostra Fine de Claire com direito a efeitos visuais e uma surpresa no fim (podemos chamar-lhe final feliz?). Calma. Faltam as vieiras, com condimento de gengibre e pimenta voatsiperifery, chanterelles, couve-flor e combawa (se precisar de ir ao Google para saber o que é que é cada um destes ingredientes, #noshame, também o fizemos: é difícil acompanhar a pesquisa constante do chef Pascal Meynard. Mas não é difícil degustá-la).

Nós por cá, estamos todos bem. Podemos ficar ainda melhor com a dourada rosa, espargos brancos, salicórnia, molho marinière e alho selvagem. E bater o pé nervosamente ansioso pela leve e fresca dacquoise de côco e lima, líchias aciduladas, sorbet de framboesas e sudachi

Se parece que passámos os últimos parágrafos a debitar nomes de pratos, é verdade. Mas seria injusto tentar adjetivar este Menu S. Valentim. Podemos dizer o que não é: chato, convencional, previsível, básico, moderado, morno. Levanta-nos o coração da cadeira. Faz-nos não querer ir embora. Podemos, quiçá, voltar a acreditar no amor. Pela cozinha.

Não nos vamos embora sem bombons. É que, apesar de cliché, com chocolate somos genuinamente felizes para sempre. 

O Menu S. Valentim tem o custo de 95 euros por pessoa, sem bebidas. Reservas com o concierge ou através do 213 811 400.

Irina Chitas By Irina Chitas

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