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Inspiring Women 26. 2. 2019
Ruth Carter e Hannah Beachler foram as primeiras mulheres afro-americanas a vencerem os Óscares de Melhor Guarda-Roupa e Melhor Cenografia, respetivamente, pelo seu trabalho em Black Panther.
Ruth Carter, vencedora do Óscar de Melhor Guarda-Roupa ©Getty Images
Depois do hashtag #OscarsSoWhite ter assombrado a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood pela falta de diversidade, tantos nos bastidores como nas nomeações, a nonagésima primeira cerimónia dos Óscares, que aconteceu no passado domingo, foi uma cerimónia verdadeiramente histórica para as mulheres na sétima arte.
Para além de Period. End of Sentence. ter ganho o Óscar de Melhor Documentário de Curta-Metragem, num momento que fez subir ao palco uma importante discussão sobre igualdade menstrual, Ruth Carter e Hannah Beachler foram as primeiras afro-americanas a levar para casa as estatuetas douradas de Melhor Guarda-Roupa e Melhor Cenografia, ambas pelo seu trabalho em Black Panther - o primeiro filme do universo Marvel a fazer história e ser galardoado nos Óscares.
Ruth Carter, que trabalhou no guarda-roupa de filmes como Selma, Malcolm X ou Amistad - estes dois últimos, com realização de Spike Lee e Steven Spielberg, valeram à figurinista duas nomeações para os Óscares de 1993 e 1998, respetivamente -, foi a primeira das duas galardoadas a subir ao palco da nonagésima primeira cerimónia para aceitar aquela que foi, também, a primeira distinção da noite para Black Panther.
"Spike Lee, obrigada por me teres dado a minha primeira oportunidade. Espero que este prémio te deixe orgulhoso", disse Ruth Carter no seu discurso de agradecimento. "A Marvel pode ter criado o primeiro superherói negro, mas através do design do guarda-roupa, conseguimos transformá-lo num rei africano", defendeu a figurinista.
"Obrigada à Academia. Obrigada por honrarem a majestosidade africana, e honrarem o modo empoderador como as mulheres podem ser e liderar no grande-ecrã", continuou Carter. "Obrigada ao nosso diretor e génio, Ryan Coogler. És uma verdadeira força e um verdadeiro guia. Obrigada pela tua confiança. Obrigada por compreenderes o meu papel e contares a história afro-americana."
Poucos minutos depois de Ruth Carter deixar um marco nos 91 anos da Academia, foi a vez de Hannah Beachler fazer história como a primeira mulher afro-americana a não ser apenas nomeada, mas também a receber o Óscar na categoria de Melhor Cenografia, valendo a Black Panther a segunda vitória da noite.
Hannah Beachler, que foi responsável pela cenografia de projetos como Lemonade, o primeiro e aclamado álbum visual de Beyoncé, e de longas-metragens como Moonlight, Creed: O Legado de Rocky ou Miles Ahead, subiu ao palco da cerimónia acompanhada por Jay Hart, o decorador dos cenários que deram vida ao mundo imaginário e extraordinário de Wakanda.
"Hoje, estou aqui mais forte do que ontem", disse Beachler no seu discurso. "Estou aqui com liberdade, independência e autoestima graças ao Ryan Coogler - que não só fez de mim uma melhor designer e uma melhor contadora de histórias, mas também uma melhor pessoa. Estou aqui graças a este homem, que me ofereceu uma perspetiva diferente sobre a vida. Que me ofereceu um espaço seguro. Um homem que é paciente, que me deu espaço, humanidade e irmandade. Obrigada, Ryan, adoro-te."
Para terminar aquele que foi um dos discursos mais empoderadores e emotivos da noite, Beachler deixou uma lição valiosa não só a futuros cenógrafos, mas também a todos aqueles que assistiam à cerimónia. "Quero dar esta força a todos aqueles que vierem depois de mim. Para que possam continuar e para que nunca desistam. Quando pensarem que é impossível, lembrem-se deste conselho que uma mulher verdadeiramente sábia me disse em tempos: 'Eu fiz o meu melhor, e o meu melhor é suficientemente bom.'"
Hannah Beachler e Jay Hart ©Getty Images
Como noticia o Slate - e somando a distinção de Regina King como Melhor Atriz Secundária (If Beale Street Could Talk) às vitórias verdadeiramente históricas de Ruth Carter e Hannah Beachler -, a nonagésima primeira edição dos Óscares viu três mulheres negras ganharem três estatuetas douradas na mesma noite, batendo mais um recorde para a Academia.
"Estar aqui, a representar um dos maiores artistas da nossa geração, James Baldwin, é um pouco surreal", disse King, que também levou para casa o prémio de Melhor Atriz Secundária nos Golden Globes deste ano, no seu discurso. "O James Baldwin fez este bebé nascer, e tu, Barry [Jenkins], deste-lhe tanto amor e apoio. Por isso, é apenas apropriado que eu esteja aqui, porque eu própria sou um exemplo daquilo que acontece quando se dá amor e apoio a alguém", continuou a vencedora."Às minhas irmãs nesta arte, Marina [de Tavira], Amy [Adams], Rachel [Weisze] e Emma [Stone], tem sido uma honra ouvir o meu nome seguido dos vosso." Mulheres que apoiam mulheres? Estamos aqui para isso.
Regina King ©Getty Images
Em retrospetiva, a nonagésima primeira cerimónia dos Óscares foi uma noite memorável para as mulheres na sétima arte, que chegaram prontas para ganhar e empoderar os nomes que vierem a seguir, abrindo um caminho mais democrático e inclusivo.
Maya Rudolph, Tina Fey e Amy Poehler foram responsáveis pelo primeiro monólogo da noite. Regina King foi nomeada pela primeira vez, e sagrou-se vencedora. Hannah Beachler e Ruth Carter fizeram história como as primeiras mulheres afro-americanas a ganharem o Óscar nas categorias para as quais estavam nomeadas.
Bao, a primeira curta de animação da Pixar realizada por uma mulher, Domee Shi, levou a estatueta dourada para casa. Na categoria de Melhor Documentário de Curta-Metragem, uma história sobre igualdade menstrual, um tema que continua a ser tabu na nossa sociedade, foi uma das grandes vencedoras da noite.
E depois veio Olivia Colman que, na sua primeira vez como nomeada, venceu o Óscar de Melhor Atriz com The Favourite. "Emily e Rachel, as duas mulheres mais maravilhosas do mundo por quem te podes apaixonar, e as mulheres mais maravilhosas com quem podes trabalhar todos os dias. Quer dizer, acho que todos conseguem imaginar", disse a atriz. "E estar nesta categoria, com todas estas mulheres maravilhosas. Glenn Close, há tanto tempo que és a minha ídola, e não era assim que eu queria que tivesse sido. Acho que és fantástica e adoro-te."
Em retrospetiva, é impossível ficar indiferente a uma cerimónia que, no centro de tanta controvérsia - do dilema dos apresentadores às questões da igualdade de género e de raça -, acabou por nos dar quase quatro horas de empoderamento feminino, das mais diversas formas. Obrigada, Óscares de 2019 - podemos apenas esperar que daqui para a frente seja assim, ou melhor ainda.
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