Os benefícios dos cuidados de pele sem fragrâncias, segundo dermatologistas

“A fragrância é uma das causas mais comuns de irritação nos cosméticos, mas não é intrinsecamente problemática”, explica a Dra. Clare Kiely, dermatologista consultora e co-fundadora do The Skin Diary. “Certos compostos, como limoneno, linalol, geraniol, citral e eugenol, são classificados como potenciais alergénios na UE e devem ser listados individualmente na lista de ingredientes se estiverem presentes acima de limites muito baixos. Estes ingredientes são frequentemente referidos como “culpados comuns”, não porque sejam mais prejudiciais do que outros, mas porque são usados com frequência e, portanto, têm sido mais amplamente associados à sensibilização”.

Os tipos de pele reativa e sensível – e aqueles com aversão a notas adocicadas de rosa (um ingrediente surpreendentemente controverso) – podem achar que as formulações sem fragrância são mais adequadas para as suas rotinas matinais e noturnas.

Aproveitando a onda da tendência predominante da beleza “limpa” – um termo não regulamentado, podemos acrescentar –, estes produtos dispensam os perfumes desnecessários, dando prioridade ao desempenho. Isto é algo que se estende a hidratantes, produtos de limpeza e séruns hipoalergénicos, aprovados por dermatologistas e distintamente inodoros.

No passado, este tipo de fórmulas não eram muito atraentes. Costumavam ser espessas, difíceis de aplicar e pareciam mais remédios do que outra coisa. A embalagem também era considerada algo secundário, com os produtos a destacarem-se no mar de rosa e verde menta aprovados pela Geração Z que dominavam as prateleiras de beleza. Para quem tinha condições como eczema, rosácea, acne ou psoríase, o importante era a substância, e não a estética.

Mas isso já não é verdade, pois marcas como La Roche-Posay e as estrelas da K-Beauty, Purito e Beauty of Joseon, provam que ainda é possível haver elementos sensoriais, mesmo mantendo-se neutros nas notas.

Estas marcas, juntamente com The Ordinary e The INKEY List, estão a liderar a tendência deste tipo de fórmulas e refletem uma mudança ampla na indústria da beleza, ao afastarem-se dos ingredientes supérfluos e desnecessários. Esta maior consciência dos consumidores em relação às listas de ingredientes resultou na redução de componentes redundantes, e os ingredientes isolados sobressaem como soberanos – especialmente quando apoiados pela ciência. Isto não deixa (muito) espaço para aromas supérfluos.

O desejo por produtos de cuidados da pele sem fragrância tomou um rumo inusitado no TikTok. Marcas júnior como Aquaphor e Mustela estão a ser usadas por adultos, que se deixam impressionar pelas suas fórmulas suaves e sem fragrância.

Mas não é só o perfume que deve ter em conta ao encher a prateleira da casa de banho. Quer tenha pele reativa, alergias, aversão a aromas ou queira explorar o conceito de clean beauty, procure ingredientes como ceramidas, niacinamida e glicerina para nutrir e hidratar, sem agravar a inflamação.

Qual é a diferença entre produtos sem fragrância e sem perfume?

Quando vir estes termos mencionados nas descrições dos produtos, é importante notar que não são intercambiáveis. A Dra. Clare Kiely revela: “É um equívoco comum pensar que “sem perfume” significa o mesmo que “sem fragrância”, mas na verdade são coisas bem diferentes."

A especialista explica: “Sem fragrância significa que nenhum ingrediente perfumado (natural ou sintético) foi adicionado ao produto. Essa é a melhor opção para pessoas com pele sensível ou alergias conhecidas a fragrâncias”. Por outro lado, “sem perfume” refere-se a produtos que não têm cheiro perceptível, mas ainda podem incluir agentes escondidos ou baixos níveis de fragrância para cobrir o aroma natural dos ingredientes base. Portanto, se o objetivo é evitar totalmente todas e quaisquer fragrâncias, é importante procurar produtos rotulados como sem fragrância, em vez de apenas sem perfume.

Os produtos para a pele devem ser sem fragrância?

De acordo com a dermatologista, isso depende da preferência pessoal. A Dra. Kiely afirma: “A fragrância pode melhorar o prazer e a fidelidade às rotinas de cuidados com a pele, pois, para muitos, a experiência sensorial dos cuidados com a pele é parte do seu apelo. Foi até mesmo comprovado que aumenta a sensação de bem-estar. Embora algumas pessoas com sensibilidade cutânea subjacente possam reagir à fragrância, a grande maioria tolera-a sem problemas quando usada em baixas concentrações”.  

A Dra. Kiely acrescenta: “É importante compreender que muitos ingredientes básicos em produtos sem fragrância podem ainda ter o seu próprio aroma natural”.

As fragrâncias irritam a pele?

“Os regulamentos relativos à segurança dos cosméticos são muito mais rigorosos do que as pessoas pensam”, salienta a Dr. Kiely. “Na UE, todos os produtos devem ser aprovados por um toxicologista qualificado, que analisa cada ingrediente, incluindo fragrâncias, quanto à sua segurança e conformidade. As fragrâncias são regulamentadas pelas normas da IFRA (International Fragrance Association), que estabelecem limites rigorosos quanto aos níveis de utilização e combinações, para garantir que estas são totalmente seguras”. Assim, conclui, “se não tiver alergia ou sensibilidade a fragrâncias, as fragrâncias nos produtos de skincare são seguras e agradáveis”.

Traduzido do original, disponível aqui.