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Notícias 22. 6. 2021

O que significa ser artista no século XXI?

by Margarida Oliveira

 

O conceito de artista evolui com o tempo e nunca foi tão livre quanto na contemporaneidade.

A Criação de Adão - Miguel Ângelo © Getty Images

A história da arte tem início muito antes do conceito de arte, sendo que a documentação histórica esteve no início das civilizações e a “arte”, enquanto disciplina, nasce apenas com o Renascimento. As primeiras representações artísticas surgem claro durante a pré-história, mas nada do que foi feito desde as cavernas de Lascaux foi considerado arte até ao Renascimento. Miguel Ângelo terá sido o “primeiro artista”, dando início à longa linha de génios artistas que nos acompanharam até à atualidade pós-histórica.

A produção artística alterou drasticamente desde o século XX mas a compreensão comum do que significa ser artista manteve-se, estranhamente, intacta. Desde Miguel Ângelo a Andy Warhol, artista é artista? Parece seguro afirmar que o artista contemporâneo é um criativo, mas um criativo não é necessariamente um artista. Andy Warhol foi um artista criativo, mas Elon Musk, embora criativo, não será um artista.

Andy Warhol © Getty Images

 

Analisemos David Lynch, que no documentário The Art Life nos apresenta o seu percurso artístico até à entrada no cinema. Tendo iniciado a sua carreira artística nas artes plásticas desenvolveu uma prática em torno da escrita, da realização e da música. Também Woody Allen se aventurou pela escrita, música, realização e interpretação. Qual o critério de criação? Esperamos que nenhum. Uma personalidade criativa não deixa de ser criativa, independentemente do médium em que trabalha.

 
 
 
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A marca The Row, fundada pelas irmãs Mary Kate e Ashley Olsen, celebra 15 anos em 2021. Entre quadros, edifícios e objetos de design está uma carteiras ou um casaco – tudo é material, tudo é criação e tudo é visual. A apresentação pública da marca de roupa nas redes sociais inclui um conjunto de imagens selecionadas segundo uma curadoria estética das designers. Não será este o arquétipo da criação contemporânea? Ao invés da busca pela distinção, na contemporaneidade estamos em busca da aglomeração, das ideias que, apoiadas umas nas outras, crescem descontroladas.

Charles e Ray Eames criaram alguns dos mais icónicos modelos de cadeiras modernos e, em simultâneo, desenharam a sua casa na califórnia – um clássico da arquitetura, inicialmente pensado para o programa Case Study Houses que previa a projeção de casas de estudo que utilizassem novos materiais e tecnologias numa era pós-segunda Grande Guerra, que posteriormente se tornou na habitação do casal. Criatividade gera criatividade. Pensar em material, pensar em ideias, independentemente da secção que ocupam na distinção entre campos artísticos e de criação.

Tiremos um momento para pensar sobre o café que Patti Smith diz beber no seu livro M Train. Bebe café e escreve, sozinha em Nova Iorque, enquanto recorda a sua ida para cidade. Ler sobre o café que bebe Patti Smith, equivale a ver os seus desenhos ou ouvir as suas músicas. Afinal de contas, uma exposição gera uma sensação, da mesma forma que um concerto ou um livro, e tudo o que gera uma sensação potencialmente estética pode ser do interesse do criativo contemporâneo.



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