Fotografia: Jacob Bixenman
Numa nova era que une o universo criativo de Miley Cyrus ao legado da Maybelline, a Vogue conversou com a cantora para conhecer melhor a colaboração, perceber o encontro entre as duas visões artísticas e compreender de que forma encara o seu papel neste projeto.
Miley Cyrus está "verdadeiramente no meio do nada" numa tarde de sexta-feira, a organizar toda a sua vida até agora. "Estou imersa no inventário e na organização", diz-me, categorizando tudo, desde as suas bonecas American Girl e os sapatos Manolos da sua mãe, até cadernos onde rabiscou letras de músicas, os seus prémios e as roupas que usou para os receber. Melhor hoje do que daqui a 20 anos, quando houver mais uma centena de prateleiras para organizar. "Estou a criar uma legacy rack, com alguns looks de cada época que eu gostaria que fossem lembrados", revela. "Acabámos de brincar com o look Bob Mackie dos Grammys." E agora, enquanto a magnata do pop anuncia a sua nova parceria com a Maybelline New York, irá adicionar produtos de beleza ao arquivo.
Sobre a sua era profissional
Catalogar as suas "eras" é uma prática de bem-estar para Cyrus. "Sinto-me feliz quando estou a organizar e a limpar — nunca me parece uma tarefa", admite. "Tudo o que faço na minha vida é um pouco intenso, mas tem de ser holístico. E é por isso que as minhas eras não são uma máscara, são na verdade como uma metamorfose ou uma verdadeira evolução para mim pessoalmente", explica. Quando uma coisa se transforma, tudo pode estar sujeito a mudanças. "Até ganhei o nome de Queen of Pristine porque em cada canto, cada gaveta, cada amizade, cada dinâmica familiar, está tudo a ser renovado na limpeza."
É uma experiência emocional também, e "eu precisava da minha mãe aqui comigo", diz a artista com a sua forma simples e descontraída de ser. "Tenho literalmente um vestido que usei quando conheci o meu ex-marido e tenho o vestido que usei no nosso primeiro encontro, juntamente com cartas e outras coisas que realmente quero guardar destes momentos bonitos da minha vida. Mas, como estas memórias íntimas também foram momentos públicos, é um pouco difícil decidir o que quero partilhar e o que permitiria que fosse visto." Percebendo que o mundo digital pode ser efémero (Cyrus aponta o desaparecimento do MySpace como um exemplo), "estas coisas que são analógicas são realmente eternas, e isso é algo que também adoro no meu trabalho com a Maybelline", diz. "É um nome conhecido. É tão icónico e está enraizado em todas estas épocas que adoro e que realmente honro".
Sobre manifestar com "Maybe"
Recentemente, Cyrus também tem notado algumas mudanças na Lua. "Eu interesso-me muito pelas fases da Lua", partilha. "Aproveito essas oportunidades para manifestar e ser sempre muito específica com o universo. Sou uma pessoa que se preocupa muito com os detalhes, porque se podemos conseguir o que desejamos ou exatamente o que queremos, prefiro conseguir o que desejo." Isso pode até mesmo ser traduzido na linguagem. "Algo que adoro na Maybelline é que a marca se baseia no talvez, e acho que esta pode ser uma palavra mais poderosa do que imaginamos", destaca Cyrus. "Porque quando fechamos as portas com um sim ou um não, não deixamos entrar algo que poderia ser um talvez. Acho que as pessoas me associam a ser uma pessoa muito definitiva. Mas, na verdade, no que diz respeito à espiritualidade, sou especificamente pouco específica. A qualquer momento, qualquer pessoa ou coisa pode mudar drasticamente a minha opinião".
É uma atitude que estimula a sua criatividade. A cantora lembra-se de quando era pequena, à espera de uma oportunidade para experimentar a máscara Colossal da sua mãe (agora, é o rosto da máscara Sky High, o best-seller da marca) e ficava colada ao ecrã quando os anúncios apareciam na televisão, "a pensar que um dia poderia dizer que talvez fosse Maybelline". Fast-foward para alguns meses atrás, no estúdio a trabalhar no seu novo álbum Something Beautiful com um grupo de músicos ao vivo, a contar-lhes sobre a sua parceria então secreta. "Começámos a tocar o jingle e escrevemo-lo juntos na sala", diz sobre a "magia improvisada" que se desenrolou. "Tudo o que fiz foi conectar-me criativamente", revela. Ninguém lhe pediu para escrever uma música original. "Foi algo que simplesmente fiz, senti-me inspirada." Quando lhe pergunto se tem algum sonho profissional para o futuro, o teatro ao vivo vem-lhe à cabeça. "Não sei se algum dia vou querer fazer isso, porque já convivi com colegas como a Pamela Anderson, que quando estava a fazer Chicago, fui a um dos seus espetáculos de estreia e sei o esforço que isso exige".


Fotografia: Jacob Bixenman
Sobre ser uma pessoa matinal, diurna ou noturna
Descansar nunca foi algo que realmente interessasse a Cyrus. Até "costumava ficar frustrada com os meus amigos que dormiam", quando eles não tinham o mesmo entusiasmo pela vida que ela tinha ao abrir os olhos pela manhã. "Agora percebo que ligar o meu modo de funcionamento é tão difícil para eles quanto desligar é para mim", diz a artista. "Sou uma pessoa matinal e, infelizmente, também sou um pouco noturna. Se tivesse de escolher uma das duas, seria matinal. Estou muito bem disposta assim que abro os olhos, e isso é insuportável para quem está à minha volta", afirma. Embora tenha muita energia sem cafeína, "o meu café é absolutamente imprescindível". Mas o pedido muda tão consistentemente quanto as suas fases. "Hoje, fui uma esquisita e fiz um café frio com leite normal, sem nenhum processamento especial de árvore. É apenas de uma vaca normal".
Quando é hora de desligar, uma "prática de bem-estar sem a qual não consigo viver atualmente é o detox digital", explica. O seu telemóvel nem sequer é permitido no quarto. "Não é a primeira coisa que vejo de manhã, nem a última coisa que vejo à noite", diz a artista sobre mantê-lo no escritório. "Isso tem sido realmente crucial para o meu bem-estar geral".
Sobre celebrar despedidas
Este ano será dedicado a focar "não apenas no que estou a fazer, mas no que não estou a fazer", diz Cyrus. A cantora está a fazer "escolhas menos numerosas, mas mais significativas" e sente uma responsabilidade para com os seus fãs de se comprometer apenas com projetos que sejam verdadeiros e "autênticos" para a sua vida. "Adoro esta frase: só porque alguma coisa está a acabar, não significa que não esteja concluída." Em vez de pensar em finais e despedidas como fracassos, ela vê-os como vitórias. "Quando acabamos um teste, celebramos. Quando acabamos algo, celebramos. E, às vezes, quando nos despedimos de pessoas, lugares ou coisas, vemos isso com a sensação de que acabou. É um fracasso, é um desperdício — eu nunca vejo as coisas dessa forma".
Sempre foi assim. "Nasci com uma confiança inabalável, mesmo que seja uma ilusão, e não faço ideia de onde ela vem", diz Cyrus a rir-se. "Posso até não saber do que estou a falar, mas digo isso com toda a convicção e acredito em cada sílaba. Mesmo quando era pequena, dizia coisas como se fossem factos, mesmo sem ter motivos para crer em mim mesma dessa forma, mas acreditava mesmo assim".
Traduzido do original, disponível aqui.
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