Fotografia: Estrop/Getty Images
A Presidente e Diretora Executiva da Christian Dior Couture, Delphine Arnault, fala sobre a nomeação.
"Temos notícias muito entusiasmantes", diz Delphine Arnault, presidente e diretora executiva da Christian Dior Couture, em conversa com a Vogue Business. "Jonathan Anderson será o responsável pela direção criativa da Dior, tanto para homem como para mulher, Alta-Costura e acessórios."
Na quinta-feira, dia 29 de maio, a maison anunciou que Maria Grazia Chiuri deixaria o cargo de diretora criativa da Alta-Costura feminina, ready-to-wear e acessórios. Kim Jones deixou a marca em janeiro e Anderson foi confirmado como diretor artístico das colecções masculinas em abril. "Durante os últimos 11 anos em que esteve na LVMH, tivemos muitas conversas sobre o que ele queria fazer a seguir. E houve sempre uma marca pela qual ele se sentiu muito atraído", diz Arnault. "Pensamos que este é o momento certo para fazer esta nomeação. Ele é o designer mais talentoso da sua geração. Tem uma grande experiência no Grupo LVMH e na gestão de grandes equipas através do seu trabalho na Loewe, apesar de ter apenas 40 anos. Mais importante ainda, ele tem uma visão muito clara da marca."
Agora, com um único diretor artístico para a Moda feminina e masculina, a casa regressa à organização que tinha nos tempos de Christian Dior, observa Arnault. "Penso que isto vai ser ótimo para a maison. Haverá consistência e coerência nas coleções, mas também em termos de comunicação, penso que a nossa mensagem será muito mais clara", afirma. "Claro que é uma grande responsabilidade, há muitas ligações que têm de ser feitas. Para qualquer casa, ter uma nova direção artística pode ser um desafio. São necessárias algumas temporadas para ver exatamente qual é a visão. Mas acho que ele está totalmente entusiasmado com a ideia."
Arnault continua: "Ele pode contar com a nossa grande equipa — temos estúdios extraordinários com criativos fantásticos, os melhores do mundo da Alta-Costura, do ready-to-wear, da Moda masculina e feminina. E traz também uma equipa de pessoas em quem confia e que já trabalham com ele há algum tempo."
Anderson foi nomeado diretor criativo da Loewe, propriedade da LVMH, em setembro de 2013. Na altura, era um designer de 29 anos com uma marca incipiente. Criou a sua marca homónima JW Anderson em 2008, na qual a LVMH adquiriu uma participação minoritária em 2013. "Lembro-me de o conhecer pela primeira vez num showroom em Paris, onde ele estava a apresentar a JW Anderson. Devia ter 23 ou 24 anos", recorda Arnault. "Tinha alugado um pequeno apartamento perto da Gare du Nord, no quarto andar. Toquei à porta e ele abriu. Era mais novo, mas igual a hoje: muito falador, com uma grande visão e muito maduro para a sua idade, muito impressionante. Foi então que decidimos investir na sua marca e, mais tarde, nomeá-lo para a Loewe."
Durante o seu mandato, a Loewe tornou-se uma das marcas de Moda de luxo mais importantes. O seu desfile primavera/verão 2025 foi aplaudido de pé por muitos dos seus pares (Sarah Burton, Pieter Mulier, Adrian Appiolaza, Nicolas Di Felice, Kris Van Assche, Pharrell Williams e Michael Rider, todos presentes), bem como por Arnault. As vendas da Loewe passaram de cerca de 230 milhões de euros em 2014, de acordo com as estimativas da Morgan Stanley, para entre 1,5 mil milhões e 2 mil milhões de euros em 2024, de acordo com as estimativas do analista da Bernstein, Luca Solca. A Loewe ainda ficou em primeiro lugar no Índice Lyst das marcas mais populares no primeiro trimestre de 2025. A saída de Anderson da Loewe foi anunciada em março e, uma semana depois, foi substituído pelos fundadores da Proenza Schouler, Jack McCollough e Lazaro Hernandez.
"Jonathan fez um trabalho impressionante ao colocar a Loewe de novo no mapa", observa Arnault. "Conseguiu encontrar a combinação certa de tradição e modernidade para a marca, trabalhando no artesanato, elevando a qualidade e criando produtos bonitos. Trabalhou também no Prémio Craft e fez maravilhas no desenvolvimento da marca, não só em termos de produto, mas também em termos de comunicação."
Conseguirá Anderson recriar a mesma magia na Dior? Após anos de enorme crescimento — as receitas passaram de 2,2 mil milhões de euros em 2017 para 9,5 mil milhões de euros em 2023, de acordo com as estimativas do HSBC — a Dior foi atingida pela recessão do luxo e pela crise global. As vendas diminuíram para 8,7 mil milhões de euros em 2024, segundo o HSBC. No primeiro trimestre, as vendas da divisão de Moda e artigos de pele da LVMH caíram 5%, posicionando o negócio de Moda do grupo no meio de um mercado polarizado. "A Dior tem de ser revitalizada", disse Solca à Vogue Business em abril.


Esquerda: primavera/verão 2025 da Loewe. Direita: primavera/verão 2024 da JW Anderson, ambas as coleções sob a direção criativa de Jonathan Anderson.
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Atualmente, a maison parece ter tudo pronto para um renascimento. Recentemente, em abril, contratou Pierre-Emmanuel Angeloglou como diretor executivo adjunto, depois de, em outubro, ter contratado a diretora executiva da Miu Miu, Benedetta Petruzzo, para ser a sua diretora administrativa. Ambos os executivos respondem perante Arnault.
Anderson, que tem a reputação de ser um designer trabalhador e brilhante, tem certamente a capacidade de se integrar no ADN da Dior, conciliando a sua forte herança e códigos. "Desde que começou a trabalhar em Moda masculina, em fevereiro, tem passado muito tempo nos arquivos a analisar todos os diferentes elementos da marca que os diferentes designers que a dirigiram ao longo dos anos desenvolveram — como Christian Dior ou Yves Saint Laurent, John Galliano, Raf Simons", diz Arnault.
Para além de enfrentar o desafio de trabalhar em linhas masculinas e femininas, Anderson vai também ganhar as suas divisas de Alta-Costura, uma vez que a Dior é uma das poucas casas que transformou a Haute Couture num negócio próspero. E embora nunca tenha estado numa casa dedicada à Alta-Costura, Anderson é conhecido pelos seus desfiles conceptuais e pelo seu espírito de couture, especialmente visível no seu desfile SS25, que apresentava "vestidos de Alta-Costura da era dourada francesa reimaginados, todos com aros e estampados florais semi transparentes", como os descreveu Sarah Mower da Vogue Runway. O mundo da Moda terá de esperar até janeiro de 2026 para ver os primeiros modelos de Alta-Costura de Anderson para a Dior, uma vez que a casa vai saltar a temporada de Haute Couture em julho. "Maria Grazia tinha 20 vestidos de couture no seu desfile de cruzeiro, que mantiveram o atelier ocupado", afirma Arnault.
Arnault também confirmou que o primeiro desfile feminino de Anderson para a Dior será durante a tão esperada temporada de setembro. "Nos 25 anos em que trabalho na Moda, nunca houve tantas mudanças criativas", diz. "Vamos ver as visões de tantos diretores artísticos diferentes para a indústria. Penso que vai trazer muita emoção e entusiasmo. E é disso que se trata a Moda". Anderson vai encontrar-se frente a frente com Matthieu Blazy na Chanel, juntamente com uma série de outras estreias de grande importância.
O primeiro desfile de Moda masculina de Anderson para a Dior terá lugar em junho, como já foi referido. Será que a Dior alguma vez fará um desfile misto? "Penso que, por enquanto, vamos manter as coisas separadas. Nunca se sabe o que pode acontecer, mas não temos quaisquer planos para reduzir o número de desfiles", responde Arnault. E quanto a JW Anderson, será que ele vai continuar ao leme? "É a sua marca homónima, por isso, obviamente, é um projeto que é muito importante para ele. Sim, ele vai continuar envolvido na JW Anderson, mas talvez de uma forma diferente. Penso que esta seria mais uma questão para ele."
Traduzido do original, disponível aqui.
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