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Notícias 17. 5. 2021
O poder do toque é inigualável, arriscamos até a dizer insubstituível. Mas depois de tantos meses de distanciamento social, será que ainda prestamos a devida atenção a esse poder? Ou melhor, será que algum dia tivemos consciência do toque?
Um sérum hidratante aqui, retinol acolá. Um creme de dia, outro de noite. Protetor solar, sempre. Esfoliação uma a duas vezes por semana e ainda piscamos o olho às máscaras faciais que prometem trazer um brilho extra à tez. Estamos todos ligeiramente obcecados com rituais de skincare. Mas será que damos a devida atenção à pele que habita o nosso corpo do pescoço para baixo? Será que já parámos para pensar que a roupa que escolhemos vestir - que surpresa, surpresa, está em contacto com a nossa pele 24/7 - nem sempre tem as propriedades adequadas? O toque é algo poderoso, e está na altura de ganharmos consciência daquilo que está em contacto com o maior orgão do nosso corpo - que surpresa, surpresa, é a pele.
Muito mais do que uma barreira protetora, a pele é também um fio condutor para a penetração de substância externas que precisam de ser absorvidas. Da mesma maneira que substância nocivas e químicos tóxicos são absorvidos, a pele tem também a capacidade de alojar ingredientes ativos com propriedades rejuvenescedoras. E, depois de pensarmos nisso, nunca mais vamos olhar para a roupa da mesma maneira.
Inês Neves, Inês Melo, Henrique Soutinho e Leonardo Marques formam o quarteto fantástico que ambiciona mudar a forma como olhamos para a roupa que vestimos. Juntos criaram a Gräffenberg, a primeira marca de skin-nurturing fashion do mercado. Ou seja, peças de roupa que contêm ingredientes ativos para o nosso corpo. “Existiu um momento que nós ficámos fechados em casa e parece que houve um blur the line daquilo que usamos dentro e fora de casa. Antigamente tínhamos escolhas muito limitadas, por isso, a marca vem não só tentar posicionar-se como uma a primeira marca de skin-nurturing fashion no mundo. Nós temos que olhar mais para a nossa pele e para aquilo que pomos em contacto com ela. Tudo à volta da marca está em função do toque,” explica-nos Leonardo Marques, numa conversa de Zoom com todos os fundadores da marca.
E, de facto, tudo na Gräffenberg é sobre o toque. Começando pelo próprio nome, que nada mais é do que uma homenagem a Ernest Gräfenberg, que em 1950 se deparou pela primeira vez com o ponto G. No artigo “A função da uretra no orgasmo feminino”, publicado no Jornal Internacional de Sexologia, escreveu: “São inumeráveis os pontos exógenos distribuídos por todo o corpo através dos quais a satisfação sexual pode ser alcançada.” E foi mais além: “São tantos os pontos que, até poderíamos dizer, não existir uma parte do corpo da mulher que não reaja sexualmente, o parceiro tem apenas que descobrir as zonas erógenas.” E é por isso mesmo que o epítome da Gräffenberg é: “What touchs you has so much power.”
Mudar a maneira como olhamos e utilizamos a roupa. Uma premissa um tanto ou quanto ambiciosa, mas a ciência, e agora a Gräffenberg, provam-nos que é possível. Para materializar estas peças foram precisos meses de investigação e de muita pesquisa. “Precisávamos de certas percentagens para atingir os claims, portanto, houve muitas tentativas. Tivemos dificuldade em arranjar um material que conjugasse e suportasse o G-cotton e, por isso, tivemos que fazer imensos testes com o cânhamo para ver se resultava. Muito do processo foi investido na pesquisa em laboratório para depois conseguirmos chegar a este resultado final. [Daqui para a frente] O nosso time to market vai ser muito mais fácil porque já percebemos que o cânhamo funciona bem, agora é testar com outros materiais,” conta Inês Neves. “Sem dúvida que a parte tecnológica foi aquela que nos deu mais dores de cabeça no início.”
No cerne estão o algodão e o cânhamo. Na formula deste algodão estão partículas de copper oxide, naturalmente presentes na pele, que são injetadas para a fibra do algodão que cria o G-cotton, com propriedades permanentes de skincare e também poderes antibacterianos. Este algodão é entrelaçado com o cânhamo e nasce assim uma fibra produzida com menos água, zero químicos e resíduos. Para elevar o complexo antioxidante, o material recebe microcapsulas de Coenzima Q10, conhecido por fortalecer a pele contra questões associadas ao envelhecimento.
As peças de roupa Gräffenberg promovem uma pele mais saudável e com um brilho extra (o duplo poder do antioxidante, rico em cobre e CoQ10, que ajuda a regular os níveis de colagénio), apoia a produção de colagénio e aumenta a firmeza (o CoQ10 estimula a produção de fibroblastos, células responsáveis pela produção de colagénio), reduz o aparecimento de rugas e linhas e ainda desodoriza a nossa pele, devido ao cobre que tem potentes propriedades que matam bactérias, fungos, vírus e micróbios, uma vez canalizada nas fibras, este tecido é capaz de matar as bactérias por detrás do nosso corpo, tornando as roupas anti-odor.
A primeira coleção, Ernest, é composta por cinco staples intemporais no nosso guarda-roupa. As silhuetas oversized e o tom neutro dão a estas peças um allure muito contemporâneo. Sobre o processo criativo, Henrique Soutinho explica que: "Foi todo feito por nós, a quatro mãos. Trabalhamos com uma pequena costureira em Ílhavo, no início.” O tecido é único e composto por 55% de cânhamo, 23% de algodão orgânico e 22% de G-cotton, no final todo o tecido recebe as cápsulas de Coenzima Q10, que à medida que este tecido entra em contacto com a nossa pele as propriedades começam a ser absorvidas. A manutenção destas peças é quase idêntica aquelas que temos no nosso guarda-roupa e dizemos “quase idêntica” porque o número de lavagens pode ser reduzido devido à desodorização do próprio tecido e o material pode ser lavado até 50 lavagens que as propriedades antibacterianas mantêm-se intactas.
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De Portugal para o mundo, com muito orgulho. Com a exceção do cânhamo foi tudo produzido em terras de Camões. “É importante procurar tudo no lugar onde estás para diminuir os transportes e qualquer tipo de custo que possas ter. Diminuir a pegada,” sublinha Inês Melo. “Portugal é exímio e seria tonto da parte da marca não aproveitar este know-how que já existe e é tão grande. E porque há este orgulho em ser português, que também tem que ser enaltecido. E o resultado é isso: é toda a equipa que trabalhamos, desde o início foram sempre pessoas portuguesas. E isso é transmitido naquilo que a marca é.”
Este quarteto tem o sangue a fervilhar por um futuro onde a Moda se funde com o skincare. Dizem que vieram para revolucionar a forma como olhamos para a roupa e depois de percebemos que a nossa pele é uma verdadeira esponja, vamos pensar duas, ou até três vezes, sobre aquilo que queremos vestir.