© Alejandro Arrias e David Bravo
"A wise man makes his own decisions, an ignorant man follows public opinion." - Provérbio chinês
A sabedoria é algo que se constrói ao longo de uma vida, com cada passo, com cada erro, com cada acerto... É o peso do tempo acumulado, um peso leve na alma de quem aprendeu a escutar o silêncio entre as palavras, a perceber o que não se diz, mas se sente. É no passar dos dias que a sabedoria vai tomando forma, sem se apressar, porque sabe que o tempo é um aliado. Cada cicatriz, cada ruga, cada linha que se desenha no rosto de quem vive com um olhar atento e curioso, é um reflexo dessa sabedoria silenciosa, que não se exibe mas se entrega aos poucos, como um rio que encontra o seu caminho, sem pressa, sem resistência.

Simone de Oliveira
Branislav Simoncik
A sabedoria transmite-se através das mãos que tocam com cuidado, no olhar que penetra sem julgar, na palavra que é dita na hora certa e que ecoa para além do momento. Ela não se faz apenas com o acumular de conhecimento, mas sim com a capacidade de saber o que fazer com ele. A sabedoria não é estática, ela cresce, adapta-se, reinventa-se... uma essência do ser humano, moldada na paciência, na humildade, na capacidade de saber ouvir e aprender, de respeitar o tempo e de acolher o que a vida tem (sempre) a ensinar. E é por isso que o saber também é algo que se passa, se herda, se partilha... não morre com alguém; perpetua-se, viaja no vento das histórias contadas, nas tradições que atravessam gerações, na memória coletiva que nunca se deve deixar apagar. O verdadeiro sábio é quem sabe que o que carrega consigo não é só seu, mas é parte de algo maior que o transcende. Carrega não apenas as suas próprias experiências, mas as lições do mundo, as histórias de todos aqueles que vieram antes e que lhe deixaram um pedaço de sabedoria, seja na forma de uma palavra, de um gesto ou de um silêncio. A sabedoria é o fio invisível que une o passado, o presente e o futuro, não numa linha reta, mas numa teia de conexões que se estende através dos tempos e de gerações.

Carla Pereira
Alejandro Arrias e David Bravo
O respeito, essa virtude que deveria ser a base das relações humanas, parece desvanecer-se, ou pelo menos, a ser reinterpretado de forma distorcida. O respeito pela idade, pela experiência acumulada ao longo dos anos, é hoje uma raridade. A sociedade moderna, acelerada e obcecada pela inovação, parece olhar com menos apreço para aqueles que viveram mais, que testemunharam e participaram na construção do mundo como o conhecemos. Os mais velhos, que antes eram as bibliotecas vivas de sabedoria, são muitas vezes marginalizados, como se o seu saber fosse já obsoleto ou desnecessário num mundo que se julga avançado e tecnológico.

Alessandra Ferri
Kosmas Pavlos
A história, esse fio que nos liga ao passado e nos dá o contexto para o futuro, também sofre o peso do esquecimento. As narrativas antigas, as lições dos erros cometidos e das vitórias alcançadas, já não são tão valorizadas. Cada vez mais, parece que vivemos num presente que não tem memória, um presente que corre a uma velocidade frenética, sem se dar ao trabalho de parar, refletir e aprender com os passos dados. Como se o único tempo que importasse fosse o agora, como se o passado fosse apenas uma sombra distante, irrelevante. Afastamo-nos da verdade das experiências humanas, preferindo ignorar o que já foi vivido, talvez com medo de nos confrontarmos com as nossas próprias imperfeições.

Simone de Oliveira - Exclusiva E-shop
Branislav Simoncik
Esta edição, que celebra a sabedoria, é acima de tudo uma homenagem ao tempo e à partilha das experiências vividas à sua passagem, um convite a voltarmos a ouvir o que os tempos "modernos" tendem a silenciar e votar ao esquecimento. Ouvir as gerações mais velhas é, na verdade, um ato de profundo respeito e amor. É reconhecer que o tempo delas, com todas as suas vivências, é um legado que merece ser preservado, entendido e transmitido. Lamento todas as perguntas que deixei por fazer aos meus pais, que já não vivem neste mundo. Muitas vezes, são as pequenas histórias do quotidiano, os relatos simples mas profundos de momentos vividos, que contêm as maiores lições. Não são apenas os grandes feitos ou as conquistas que nos tornam mais sábios, mas a compreensão das pequenas coisas, dos gestos de cuidado, dos sacrifícios feitos no silêncio. Essas histórias, essas memórias, são a verdadeira essência de quem somos e de onde viemos.
Publicado originalmente na edição em papel The Wisdom Issue, de Setembro 2025. For the english version, click here.
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