Vivemos uma cultura de “good vibes only”, fomentada pelas redes sociais, que amplificam o desejo de mostrar que estamos sempre bem e felizes, mesmo quando não é verdade. Há sempre valor numa perspetiva positiva, mas quando a palavra é “only” (apenas), pode tornar-se tóxica.
“We can easily forgive a child who is afraid of the dark; the real tragedy of life is when men are afraid of the light." - atribuído a Platão

© Carl Diner
© Carl Diner
Vivemos uma cultura de “good vibes only”, fomentada pelas redes sociais, que amplificam o desejo de mostrar que estamos sempre bem e felizes, mesmo quando não é verdade. Há sempre valor numa perspetiva positiva, mas quando a palavra é “only” (apenas), pode tornar-se tóxica. E não se pode confundir atitude positiva com positividade tóxica, que nega ou minimiza as emoções negativas e que lida com a angústia, que faz parte da vida de todos, com chavões e falsas garantias, em vez de empatia. Negamos sentimentos de raiva, tristeza, medo, ciúme e deceção e, em vez de nos sentirmos felizes o tempo todo, ficamos entorpecidos. Vivemos as nossas vidas em fast forward, ocupados a cada segundo, para que nunca precisemos de estar realmente a sós com os nossos pensamentos ou sentimentos.
Cada vez mais me surpreendo com adultos inteligentes, à minha volta, que se sentem deprimidos e excluídos, porque a vida dos outros lhes parece mais feliz e perfeita do que a deles. E sim, parece, mas só nas histórias aos quadradinhos que as redes sociais, como o Instagram, nos contam. A vida não é fácil para ninguém, ainda menos no momento, particularmente insano, que o mundo atravessa, e mais do que nunca há um poder real em trazermos autenticidade para as nossas vidas, deixar os filtros de lado, e deixar fluir as verdadeiras boas energias, que normalizam a expressão das emoções e das experiências, tanto positivas como negativas.

© Elliot James Kennedy
© Elliot James Kennedy
Independentemente das crenças ou narrativas, mais espirituais ou científicas, de cada um, a verdade é que fazemos todos parte da mesma verdade e do mesmo universo, regido pelas leis naturais – tudo no mundo é composto por energia e estamos todos intimamente ligados neste oceano de átomos em movimento. Os nossos pensamentos, sentimentos, palavras e ações são todos formas de energia. O que pensamos, sentimos, dizemos e fazemos, em cada momento, volta para nós, cria a nossa realidade, e também a dos outros. A energia move-se em círculo, vai e volta. A combinação dos sentimentos, palavras e ações, de todos, no planeta, cria a nossa consciência coletiva, cria o mundo em que vivemos.
É verdade que há tanto bem no pior de nós, e tanto mal no melhor de nós, mas há uma energia que nos liga a todos, intimamente ligada a amor e perdão, empatia e tolerância, fé e esperança, que pode encher mentes e corações com a energia mais poderosa e positiva de todas – podemos enfrentar qualquer obstáculo ou dificuldade com que nos deparemos. Precisamos uns dos outros para transformar esta imensa cadeia de energia em algo de verdadeiro e genuíno, bom e construtivo, porque a felicidade que todos procuramos vive no equilíbrio, individual e coletivo. É quase difícil, se não mesmo impossível, conseguir um sem o outro.

© Guilherme Nabhan
© Guilherme Nabhan
Esta Vogue não é um cartaz de “good vibes only”, mas é uma edição sobre a luz que queremos na nossa vida, sem ignorar as sombras que dela fazem parte, impressa com as cores do sol e das boas energias com que queremos imprimir o seu verão.
Publicado originalmente na edição Sunny Vibes da Vogue Portugal, de julho 2022.For the english version, click here.
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