Opinião   Editorial  

Editorial | The Body Issue: março 2022

10 Mar 2022
By Sofia Lucas

Se somos uma sociedade que se rege (e sofre) pelos cânones de beleza vigentes, é uma pena que não se almeje também uma perfeição nos atos, nos sentimentos, nos valores.

“Love your hands! Love them. Raise them up and kiss them. Touch others with them, pat them together, stroke them on your face… and all yous inside parts, you got to love them... and the beat and the beating heart, love that too... love your heart. For this is the prize." - Toni Morrison

Christina Aguilera por Agata Serge.

Esta é uma edição que celebra o Corpo. Que celebra todos os tipos de corpos. Que celebra as diferenças que nos tornam tão iguais, no que é sermos únicos e incomparáveis. E belos. Se pusermos de lado a lista de imperfeições que recorrentemente fazemos sobre as nossas formas e pararmos com a autossabotagem das comparações. As horas passadas diariamente nas redes sociais fomentam ainda mais um estilo de vida dourado pelos filtros e retoques virtuais que só nos afastam de nós próprios e dos outros. Um estilo de vida narcisista, tão focado na nossa imagem e na imagem que os outros têm de nós, que tende a afastar-nos da realidade. Somos corpo como somos alma. Se somos uma sociedade que se rege (e sofre) pelos cânones de beleza vigentes, é uma pena que não se almeje também uma perfeição nos atos, nos sentimentos, nos valores. Porque, no fim do dia, a nossa imagem é muito mais do que o nosso corpo. E é quando nos encontramos connosco, de corpo e alma, que aprendemos a viver e a amar e a respeitar a pele que habitamos. Porque ela é nossa, no melhor e no pior, na saúde e na doença, como num verdadeiro casamento para a vida.

Lara Bawar, Mara Bawar, Sara Rismo & Beatriz Cortes por Alexandre Dornellas.

Enquanto fechávamos esta edição, entre as reflexões mais profundas e os pensamentos mais mundanos, de que os nossos dias são feitos, a Rússia invadiu a Ucrânia e explodiu uma guerra. Uma guerra absurda. Como todas as guerras. O choque e a indignação são globais. O mundo assiste (quase) todo, em direto, a uma violência gratuita, desmedida e desigual com base no capricho de um só homem. Mas o mundo também assiste à coragem e resistência admiráveis de um povo disposto a lutar até ao fim pela sua identidade e pelo bem maior da liberdade. Afinal, foi apenas há 77 anos que tivemos a Segunda Guerra Mundial, milhões de pessoas morreram, muitas delas a lutar pela liberdade. Respeitá-las é não voltar a cometer os mesmos erros. Fechamos esta edição com todos os ucranianos e com os nossos colegas da Vogue Ucrânia no coração. Deixamos aqui a nossa homenagem e profundo respeito por toda a equipa, a quem agradecemos os pungentes testemunhos e partilhas pessoais (pág. 170) sobre o momento em que a ameaça se tornou num pesadelo real e avassalador.

Artwork de João Oliveira.

#standwithukraine

Publicado originalmente na edição The Body Issue, da Vogue Portugal, de março 2022.For the english version, click here.

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