To Be Continued | Leve no Copo, Leve no Corpo

03 Jul 2025
By Pureza Fleming

Summertime Daydreams | Julho-Agosto 2025

Dizem que o champanhe não é uma bebida — é uma atmosfera. Uma forma de estar. Um estado de espírito com perfume de festa e gosto seco. Durante décadas, mulheres inesquecíveis escolheram-no como companhia constante: nos bastidores, na solidão, no amor, no palco.

Hoje, ele reaparece sob nova luz — como aliado dos que querem celebrar sem excesso. Uma indulgência que não pesa. Uma leveza que não culpa. Será wellness? Talvez. Mas se for, é da variedade mais rara: aquela que também sabe ser bela.

O que têm em comum Coco Chanel, Marlene Dietrich, Bette Davis, Marilyn Monroe, Brigitte Bardot e Tina Turner? Para começar, muita coisa: talento, beleza, carisma, fama — you name it. Mas havia ainda outro traço partilhado entre estas figuras icónicas: um gosto assumido por champanhe. Coco Chanel dizia que só bebia champanhe em duas ocasiões — quando estava apaixonada e quando não estava; para Dietrich, a bebida era capaz de transformar qualquer dia num domingo; Bette Davis acreditava que há sempre um momento na vida de uma mulher em que nada ajuda, a não ser um copo de champanhe; Monroe jurava deitar-se com uma gota de perfume na pele e começar o dia com um copo de champanhe, só para “aquecer o corpo”; Brigitte Bardot dizia que o champanhe era a única coisa capaz de animá-la quando se sentia cansada. E Tina Turner, entre gargalhadas e lágrimas, dizia que o champanhe a deixava sempre à flor da pele — “adoro-o!”. Um brinde à leveza? Sempre — mas com personalidade.

A verdade é que a relação entre o champanhe e as mulheres é antiga — e notoriamente especial. Segundo relatos, a Rainha Isabel II terminava os seus dias com um copo de champanhe. E hoje, numa nota menos aristocrática mas igualmente simbólica, as mulheres representam já quase um quarto dos membros da prestigiada Ordem dos Cavaleiros do Champanhe Törley. No universo da Moda, é comum vermos esta bebida em tudo o que é bastidores. Em dias de desfiles, pequenas garrafas de champanhe são idilicamente sorvidas por palhinhas ultra-stylish, ajudando a amenizar os nervos das manequins antes de entrarem confiantes, catwalk adentro, com a leveza de quem já brindou. É que ninguém está ali para se embebedar — até porque apanhar bebedeiras é tão 90’s. Mas há qualquer coisa naquela efervescência etérea que parece elevar a sensualidade. A confiança. A feminilidade. A beleza. E tudo isto, sem pesar no estômago. O champanhe tem poucas calorias. Um flute (125 ml) fica entre as 80 e as 100 calorias — menos do que um copo de vinho tinto ou muitos cocktails de moda. Se for um Brut Nature, então o açúcar mal se sente (nem no paladar, nem na consciência). Estaríamos, portanto, perante a bebida ideal para quem gosta de brindar sem prejudicar a silhueta. Mas será que isso a torna wellness?

A verdade é que o champanhe pode parecer leve — mas nunca foi simples. Por trás de cada bolha vive uma ciência complexa, um terroir controlado, uma história de excesso, glamour e festas em casas com escadarias. E, claro, uma carga emocional por vezes imprevisível. Porque o champanhe pode até ser low calorie — mas é decididamente high maintenance. Vejamos em detalhe. Como já mencionámos, num flute de champanhe — idealmente servido entre os 8 e os 10 °C — escondem-se, em média, entre 80 e 100 calorias. Este número varia conforme o teor de açúcar, que por sua vez dita também a personalidade da bebida: um Brut Nature, por exemplo, não leva qualquer adição de açúcar (apenas 0 a 3 gramas por litro), resultando num perfil seco, elegante e cada vez mais apreciado por quem procura prazeres menos culpados. Já um Brut, o estilo mais comum, pode conter até 12 g/L — o equivalente a cerca de 1 a 2 gramas de açúcar por flute, menos do que muitos vinhos brancos ou cocktails. E há ainda os Demi-Sec, mais doces, com teores que podem ir dos 32 aos 50 g/L. A tendência, no entanto, parece clara: consumidores mais atentos à saúde e à autenticidade estão a virar-se para versões mais secas e “limpas”, como o Extra Brut e o Brut Nature, transformando o champanhe num gesto de indulgência quase consciente. No fundo, tudo depende do que se entende por wellness. Se for uma vida em permanente contenção, feita de smoothies verdes, alarmes às 6 da manhã e treinos com nomes motivacionais, talvez não. Mas se for sobre prazer com moderação, escolhas conscientes e a arte de celebrar com estilo — então sim, talvez o champanhe seja a mais hedonista das bebidas saudáveis. Afinal, não há nada mais well do que brindar à vida com leveza: no copo e no corpo.

Pureza Fleming By Pureza Fleming
All articles

Relacionados


Moda   Coleções  

Em Paris, chegadas e despedidas

15 Jul 2025

Moda   Notícias  

Simone Bellotti dá os seus primeiros passos na Jil Sander

15 Jul 2025

Palavra da Vogue  

O que lhe reservam os astros para a semana de 15 a 21 de julho

15 Jul 2025

Notícias  

Meryll Rogge é a nova diretora criativa da Marni

15 Jul 2025