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Irina Shayk: "O arquétipo do bom gosto é o respeito às outras pessoas”
Entrevistas 14. 8. 2019
Esgotado! Esgotado! Esgotado! Foi esta a reação da cidade de Nova Iorque aos últimos três dias de espetáculo que Celeste Barber tinha previstos nos EUA e que fecharam a digressão que a comediante australiana fez pelo país durante o último mês de julho. O que prova que o “fenómeno” Celeste Barber continua a crescer muito além dos cinco milhões de pessoas que a seguem no Instagram, o sítio onde tudo começou, em 2015, com o #celestechallengeaccepted. E o que era para ter sido “apenas uma experiência” fez o caminho vertiginoso de a trazer até aqui, ao estatuto de celebridade e à capa da Vogue Portugal. Tudo porque Celeste Barber nos faz rir de nós mesmos.
O trabalho de Celeste Barber é fazer-nos rir. Mas a humorista faz muito mais do que isso. Quando, por brincadeira, lançou no Instagram o #celestechallengeaccepted, Celeste ousou o que muita gente no mundo inteiro tinha vontade de fazer, que era satirizar a faustosa vida dos ricos e as poses encenadas dos famosos. Os alvos de Celeste Barber são celebridades que todos conhecemos – Rihanna, Miranda Kerr, Victoria Beckham, o clã Kardashian, Cara Delevingne, Jennifer Lopez, Alessandra Ambrosio, Hailey Baldwin ou Jessica Alba.
As supermodelos e o pretensiosismo do mundo da Moda são os alvos mais apetecíveis da humorista porque, como ela própria confirma na entrevista que nos deu por escrito, se tornou importante passar a mensagem de que as mulheres para serem bonitas, interessantes ou sensuais não têm de ser perfeitas. Nem para a fotografia, nem para o mundo, nem para ninguém, a não ser elas mesmas. Esse é o verdadeiro poder.
“Eu sei que não me encaixo no modelo de corpo perfeito e estou mais do que resolvida em relação a isso. A minha imagem nunca foi a minha melhor ou mais interessante qualidade. Adoro fazer as pessoas rir e adoro receber o carinho das pessoas por isso”, diz. Expor o corpo faz parte do seu trabalho como atriz e, como a própria confirma, não é algo que a preocupe. Mesmo porque, o seu corpo, que se mostra com curvas e não tonificado, serve perfeitamente a mensagem de aceitação corporal positiva que a humorista quer fazer passar. Mas neste one woman show, é fácil confundir a linha que separa a artista da mulher, se é que ela alguma vez existiu.
#Hothusband foi como a humorista apresentou ao mundo aquele que é, de facto, o seu marido, e que aparece inúmeras vezes nos seus sketches a prestar-se ao papel de representar o estereótipo do homem atraente e musculado. Sendo que o marido de Celeste, Api Robin, que também já é uma pequena estrela em ascensão no Instagram (124 mil seguidores na conta @Hothusband), é mesmo um homem atraente e musculado. Sobre esta relação, Celeste chegou mesmo a dizer, “eu sou hilariante, tu és de tirar a respiração”. Show must go on!
Quando surge a parodiar mais uma “famosa”, Celeste Barber faz a caricatura daquilo que considera que seria uma mulher “normal” a viver a “normalidade” que é aparecer nas redes sociais a cair de uns saltos altos, num fato de banho dois números abaixo do tamanho recomendado, a entornar um daiquiri antes das 10h da manhã, à beira de uma piscina vazia. É neste papel que Celeste testa os limites do gosto e do humor. Quando reproduz os altos padrões de vida das celebridades ou o extravagante sentido de moda que faz a imagem das fashionistas, apresentando-se desmazelada, despenteada, olheirenta, desajeitada, desconcertante. Bom gosto ou mau gosto? Será que o humor se importa mesmo com isso? O que pensa Celeste sobre os limites do humor e dos seu pares, os humoristas?
“As pessoas podem fazer o que quiserem. Mas isso não significa que eu vá gostar ou achar piada. Mas admiro muitos humoristas. A Tina Fey, a Amy Poehler, a Melissa McCarthy, o Rhys Nicholson, o Ricky Gervais, a Katherine Ryan, o Jim Carrey.” Nós achamos que Celeste responde à pergunta, mas sem se comprometer totalmente. O que pode querer dizer que a atriz precisa desse espaço de manobra para continuar a fazer o que faz em absoluta liberdade. “Comecei por fazer aquelas fotografias a imitar as celebridades para fazer as pessoas rir e como chamada de atenção para a forma como a indústria trata as mulheres, como objetos e não como pessoas.”
Celeste não só continua a jogar com essa liberdade, como conta com o fair-play da indústria, que a adora. Tudo somado, Celeste Barber parece imparável. No Instagram, nos espetáculos que apresenta ou durante as tours de promoção do seu livro, Challenge Accepted: 253 Steps to Becoming an Anti-it Girl, e sobre o qual a atriz Reese Witherspoon já disse: “preparem-se para rir”. Nem esperávamos outra coisa. Celeste Barber faz o que quer, como quer e com quem quer. As celebrities veneram-na. Tom Ford andou com ela aos beijos. E não foram beijos técnicos. Celeste será ainda a anti-it girl ou estará a reinventar o conceito? Afinal, estamos na Vogue a falar dela. É ela a nossa capa e a dividir o spotlight com quem? Irina Shayk, que é só das miúdas mais populares do universo. Celeste não está onde começou. Mas nem nós, nem o mundo.
“Partilhar a capa da Vogue Portugal com a Irina é muito chique. E é muito positivo que revistas como a Vogue façam produções onde possamos ver mulheres de todas as formas e feitios. Ainda não nos conhecemos pessoalmente, mas sempre admirei muito o trabalho dela como modelo. A Irina é provavelmente a mulher mais incrivelmente bonita que alguma vez vi.” A beleza deslumbra-nos e o humor desarma-nos. Celeste Barber aceitou o desafio de ser transformada neste “corpo celeste” quando escolheu estudar representação, há cerca de dez anos.
“Sou formada em representação, mas sempre gostei de comédia. Sempre me vi como atriz, a única diferença entre o que se passava no início da minha carreira e agora é que, agora, tenho trabalho.” Um trabalho cujo reconhecimento é a confirmação que Celeste está no caminho certo. A humorista participou em várias séries na televisão australiana (All Saints, How not to Behave ou The Letdown), mas o Instagram é que pôs Celeste Barber debaixo dos holofotes. E também das críticas. “As pessoas conhecem-me por ser honesta. Sempre disse o que penso. Sei o que estou a fazer e reconheço o poder que tenho. Sei o que é o humor e sei quando uma piada vai resultar e fazer rir as pessoas. Não leio os comentários negativos que possam fazer sobre mim. As pessoas podem não gostar de mim, isso não me incomoda nada.”
Quem gosta de Celeste é Elizabeth Banks, a atriz americana co-fundadora da plataforma WhoHaha, que promove e apoia o trabalho de mulheres comediantes e nomeou, em 2017, Celeste para o prémio WhoHaha Funniest Lady on Instagram. E Celeste ganhou. “Fiquei muito feliz com esse prémio. Adoro a Elizabeth Banks. O facto de ela ter reconhecido o meu trabalho foi muito importante para mim, foi incrível.”
É pouco provável que o killer instinct da humorista se desligue, porque para ela, “depois de molhar as cuecas a rir, nunca mais nada irá parecer tão sério.” Mas, se há coisa que a fama faz é levar-se a sério. E quando se tem muitos amigos famosos, será que vamos mesmo querer arranjar chatices com eles no Instagram? “Já gozei com a Beyoncé, por isso suponho que ninguém esteja a salvo”, atira Celeste, segura de que pode mudar o mundo, uma celebridade de cada vez. “O humor pode mesmo mudar o mundo, as pessoas precisam de se rir mais.”
E é isso que Celeste faz, mesmo quando a vida lhe troca as voltas e a deixa “desconfortável”. Como assim? A mulher que o mundo inteiro já viu em posições que o comum dos mortais pagaria para que não caísse nas mãos erradas sabe o que é sentir pudor? “Sinto-me embaraçada se tiver de ler em público. Essa situação assusta- -me.” Sim, ler em público pode ser altamente destabilizador. Especialmente quando sabemos que as pessoas que nos estão a ouvir já não precisam de imaginar como é que somos lá em casa.
Artigo originalmente publicado na edição de agosto de 2019 da Vogue Portugal.
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