Entrevistas  

Barbie: 65 anos de empoderamento feminino

27 Mar 2024
By Ana Marta Ferreira

“De princesas a presidentes, astronautas a zoólogas, engenheiras de robótica, dentistas e até mesmo rappers, não há uma barreira que a Barbie não tenha conseguido quebrar”. A boneca mais famosa do mundo comemorou 65 anos este mês.

Há 65 anos, no dia que sucede o Dia Internacional da Mulher, coincidência ou não, nasceu a boneca mais famosa do mundo. Numa época onde os meninos brincavam aos pilotos, cowboys e astronautas, e as meninas apenas faziam de conta que eram mães ou enfermeiras, Ruth Handler decidiu criar a Barbie para que todas as meninas pudessem imaginar ser o que quisessem.

Corria o ano de 1965 quando a Barbie lançou a boneca Barbie Astronauta, mesmo antes do homem ter ido à lua em 1969. Ou 1973 quando foi lançada a Barbie Cirurgiã, numa altura em que a profissão era pouco acessível a mulheres. É neste sentido, que a marca desde a sua criação veicula valores de inclusão e aceitação e “dá poder às crianças para sonharem sem limites”, conta-nos a responsável da marca na Península Ibérica, Celine Ricaud. Com mais de 250 profissões, Barbie tem hoje em dia uma das linhas mais populares, Barbie You Can Be Anything. Sempre com o foco na inclusão e empatia, a linha Fashionistas surgiu em 2015, e hoje conta com “mais de 35 tons de pele, 97 estilos de cabelo e nove tipos de corpos, mas também Barbies com condições diferentes, como a Barbie Síndrome de Down, a Barbie Cadeira de Rodas” afirma Celine Ricaud. Uma edição que continua a inspirar o potencial de todas as mulheres e a promover a diferença, “tendo-se convertido num símbolo cultural e ícone da Moda”. 

Algumas bonecas da coleção Fashionistas

Para celebrar o aniversário da icónica boneca, a marca deu início a um movimento de partilha de histórias de empoderamento, de forma a materializar a frase “you can be anything”. Em Portugal, a celebração refletiu-se na criação de um vídeo sob o mote #BarbieHistóriasInspiradoras, que contou com caras bem conhecidas do público como Inês Castel-Branco, Iva Domingues, a escritora e jornalista Isabel Stilwell, a apresentadora e atriz Raquel Strada, Anna Lins chef de renome internacional e Mariana Duarte Silva. Joana Schenker recebeu a primeira Barbie bodyboarder feita à sua imagem, uma iniciativa que foi feita também no panorama internacional, com figuras célebres como “Viola Davis, artista, produtora e autora de Best-Sellers e ativista nos Estados Unidos, a superestrela Shania Twain como uma das mais famosas pioneiras da música e da Moda no Canadá. Na austrália, Kylie Minogue, uma artista de renome mundialmente conhecida e, do outro lado do mundo, Nicole Fujita, uma modelo e personalidade televisiva também estará presente nesta homenagem”, celebrando, ao mesmo tempo, o Dia Internacional da Mulher.

À esquerda a boneca de Viola Davis, ao centro a de Kylie Minogue e à direita a de Shania Twain
À esquerda a boneca de Viola Davis, ao centro a de Kylie Minogue e à direita a de Shania Twain

À esquerda a boneca de Viola Davis, ao centro a de Kylie Minogue e à direita a de Shania Twain

Em 2023 vimos a Barbie multiplicar-se em vários formatos, sendo um dos mais marcantes o filme, que esgotou salas de cinema ao redor do globo. Segundo Ricaud, o filme “tece um papel muitíssimo importante na comunidade”, porque veio reforçar ainda mais todos os ideais em que a marca se sustenta desde a criação. Alinhados com o mote de que “todos podemos ser o que quisermos ser”, o filme é “uma história de empoderamento feminino, imaginação, inclusão e criatividade, espelhando a Barbie enquanto criadora e reflexo de cultura, tendo-se tornado um símbolo da mesma”, assegura a responsável: “É desta forma que o filme recontextualiza as futuras gerações para o maior propósito da marca Barbie. As gerações que se seguirão aos jovens adultos de hoje – que um dia provavelmente serão pais – vão crescer certamente com ideias mais fortes e presentes de que qualquer pessoa pode pertencer no imaginário Barbie, a boneca mais inclusiva do mundo, alinhados com o mote de que “todos podemos ser o que quisermos ser [...].”

Foi a frase “as meninas acreditam que podem ser qualquer coisa, mas o mundo acredita?”, que o deu o mote para o Dream Gap Project, desenvolvido pela Mattel em 2018. “Uma iniciativa global que nasceu da identificação de um período crítico, entre os 5 e os 7 anos de idade, no qual as meninas começam a acreditar que são menos do que os rapazes, a duvidar da sua inteligência e a perder, consequentemente, a confiança nas suas competências”, conta-nos a responsável da marca. Assim, o Dream Gap Project, tem o objetivo de fornecer às meninas o apoio de que precisam para continuarem num mundo onde podem ser tudo o que quiserem ser. Da homenagem a Teresa Bonvalot, “surfista portuguesa que integrou os jogos Olímpicos”, ao programa Meninas na Ciência powered by Barbie que oferecia uma bolsa de estudo para ingressar num curso de Ciências ou Tecnologias da Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade de Lisboa, a boneca mais famosa do mundo “promete manter-se relevante para as gerações de meninas vindouras, reforçando de forma simples, clara e divertida o total potencial de cada criança."

Ao longo destes 65 anos, embora se verifiquem progressos na igualdade de género, ainda existem estereótipos e preconceitos sociais que podem afetar a trajetória e as escolhas das meninas. Nesse sentido, “a Barbie tem trabalhado de forma contínua com investigadores para compreender qual a origem das barreiras para os grandes sonhos das meninas", como diz Celine Ricaud. Contudo, “passados cinco anos desde o lançamento do Projeto Dream Gap, uma nova investigação da Universidade de Nova Iorque demonstra que os desafios não residem na falta de autoconfiança ou de motivação das raparigas, mas sim no mundo que as rodeia.” Atuando como um “enorme catalisador da mudança, o Projeto Barbie Dream Gap espera inspirar um movimento mais vasto que reformule a forma como a sociedade perceciona e apoia o empoderamento das meninas.”

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