Reimaginar um universo cinematográfico nem sempre é fácil – como o comprovam centenas de exemplos falhados na história do Cinema... mas há quem o tenha feito (muito) bem!
Reimaginar um universo cinematográfico nem sempre é fácil – como o comprovam centenas de exemplos falhados na história do Cinema... mas há quem o tenha feito (muito) bem!
Hollywood adora reciclar. Não, não estamos – com muita pena nossa – a louvar uma civilizada inclinação ambiental, mas a constatar o seu excessivo afeto pela repetição, reutilização ou reimaginação de obras pré-existentes ou até, quem sabe, pelo famigerado luto pela originalidade definhada. E assim vivemos a Era onde a Religião se rege em nome da Sequela, Remake e Reboot Santo.
Se sente confusão na terminologia, nós ajudamos: uma sequela é uma continuação, um remake é uma nova versão de um filme que usa o original como principal fonte de inspiração (mesmo que se atualize em termos estéticos, de tom, fotografia, etc) e um reboot é... um botão de reset – uma oportunidade de começar de novo, reimaginando e reinvigorando para atrair novo público e estimular o sucesso económico.
Reimaginar um universo cinematográfico nem sempre é fácil, e os resultados são frequentemente esquecíveis ou abertamente desastrosos. No entanto, há um grupo seleto de reboots prontos a salvar a alma do convento. Hoje trazemos-lhe seis.
BATMAN – O INÍCIO (2005)
O filme que alimentou a loucura moderna pelo reboot tinha uma tarefa hercúlea pela frente: fazer esquecer as tenebrosas consequências de ter de viver com o fantasma da memória dos mamilos de Goerge Clooney em Batman & Robin (1997) – ainda hoje sentimos suores frios! Alimentando-se do tema do medo, o até então nunca testado nas peculiaridades do blockbuster Christopher Nolan criou uma trilogia épica que marcou a história do Cinema, e tudo começou na abertura humilde de Batman – O Início. Taciturno e negro, o filme de Nolan – bem como a restante trilogia do Cavaleiro das Trevas - enraíza o mito Batman num mundo áspero e profundamente real e provou que um filme de super-heróis pode, afinal, ser levado muito a sério.
007: CASINO ROYALE (2006)
Há uma crença instalada nos meandros da crosta cinematográfica de que haverá sempre espaço para um novo filme de James Bond nas salas de Cinema. Todavia, o enquadramento antiquado e, por vezes, caricaturado das aventuras do Agente Secreto mais eficiente do mundo começou a perder tração com a entrada no novo milénio e, talvez pela primeira vez na sua história, viu-se em risco de perder a sua licença para... vender bilhetes. Em 2006, Martin Campbell revitalizou a saga com uma adaptação moderna do primeiro romance Bond de Ian Flemming em Casino Royale – o filme que será semre recordado como aquele que, contraprotestos de descrentes e contestações de puristas, tornou o superespião do MI6 relevante e cool de novo.
STAR TREK (2009)
Depois da desastrosa performance de Star Trek: Nemesis na box-office e entre a crítica, muitos pensaram que o icónico franchise espacial estava definitivamente perdido. Todavia, depois de um período sabático, a Paramount decidiu voltar a apostar na saga reenquadrando-a desta feita para uma nova geração de espectadores que, convenhamos, não estavam propriamente familiarizados com a complexidade das personagens do Capitão Kirk e de Spock. Sem desonrar o passado, J.J. Abrams inspirou-se na energia clássica de Steven Spielberg e George Lucas e tornou Star Trek um poço de entretenimento, apostando num elenco totalmente renovado e levando a equipa da Enterprise na sua primeira missão de sempre.
X-MEN: O INÍCIO (2011)
X-Men (2000) foi uma espécie de fomiguinha pioneira dos filmes de super-heróis de configuração contemporânea e X-Men 2 (2003) é rotineiramente considerado um dos melhores filmes do género alguma vez feitos. Com este currículo irrepreensível seria difícil antecipar o chorrilho de más decisões que foi X-Men: O Confronto Final (2006) e o desastre absoluto de X-Men Origens: Wolverine (2009) que quase destruiu as hipóteses de algum dia virmos a ter uma boa encarnação cinematográfica de Deadpool. Quase! Com as mãos trémulas e a alma desfeita, chame-se o 112 e desespere-se por uma dose generosa de X-Men: O Início para reanimar a saga moribunda. Dito e feito. Surgindo como um sucesso modesto na box-office, O Início apoia-se num argumento forte, um elenco jovem e renovado e uma direção firme para alavancar o regresso à forma de um dos grupos de super-heróis mais icónicos e adorados da banda-desenhada.
PLANETA DOS MACACOS: A ORIGEM (2011)
Quando a Fox anunciou a sua intenção de fazer um reboot de O Planeta dos Macacos, todos levamos as mãos à cabeça – nem sequer nos tinham deixado lamber convenientemente as feridas deixadas pelo também reboot de 2001 de Tim Burton. Como poucas vezes acontece em cinema, os nossos medos foram deliciosamente infundados e Rupert Wyatt abriu caminho àquela que já vai sendo chamada à boca cheia de uma das grandes trilogias da nova geração de blockbusters. Com efeitos visuais de deixar o queixo no chão, uma realização altamente personalizada e uma performance de outro mundo de Andy Serkis, Planeta dos Macacos: A Origem vê esta semana a conclusão da sua brilhante trilogia contemporânea com a estreia de Planeta dos Macacos: A Guerra.
DREDD (2012)
A Lei de Dredd (1995) não é propriamente o pior filme da história, mas a inconsistência generalizada e o afastamento do que tornou a banda desenhada verdadeiramente memorável tonou-o uma incursão cinematográfica que os fãs mais acérrimos da personagem preferiam esquecer – e graças ao reboot de 2012, já podem fazê-lo. Dredd é já um clássico de ação contemporâneo que parece arrancado de uma Era onde fazer Cinema era muito mais simples e as intenções (e atenções) não se perdiam em desnecessários fogos de vista. Explosivamente violento e à prova de viciados em adrenalina, Dredd é a reimaginação por que os fãs sempre esperaram.
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