Com novas regras, mas a mesma energia de sempre, a competição Sangue Novo apresentou nesta sexta-feira os dez jovens talentos da 51ª edição da ModaLisboa: Archie Dickens, Carolina Raquel, Federico Protto, Saskia Lenaerts, Opiar, Pu Tianqu, Rita Carvalho, The Co.Re, Victor Huarte e Vitor Antunes.
Com novas regras, mas a mesma energia de sempre, a competição Sangue Novo apresentou nesta sexta-feira os dez jovens talentos da 51ª edição da ModaLisboa: Archie Dickens, Carolina Raquel, Federico Protto, Saskia Lenaerts, Opiar, Pu Tianqu, Rita Carvalho, The Co.Re, Victor Huarte e Vitor Antunes.
A dupla de designers Rachel Regent e Inês Coelho, vencedoras do prémio The Feeting Room. Fotografia de Ugo Camera ©ModaLisboa
As regras do jogo mudaram, mas a competição Sangue Novo continua a trazer à plataforma uma vaga de talentos nacionais e internacionais com uma visão refrescante e um fôlego renovado. Depois do juri Miguel Flor, Alfredo Oróbito e Cláudia Barros, Diretora de Moda da Vogue Portugal, terem selecionado os dez novos talentos que apresentariam as suas propostas na ModaLisboa Multiplex, os jovens criadores Archie Dickens, Carolina Raquel, Federico Protto, Saskia Lenaerts, Opiar, Pu Tianqu, Rita Carvalho, The Co.Re, Victor Huarte e Vitor Antunes rumaram ao Pavilão Carlos Lopes, em pleno coração da capital, para dar a conhecer ao público portugês o seu talento e as suas propostas.
Archie Dickens
Uma resposta criativa à atual política britânico-europeia, Forma de Viver deu nome à coleção de knitwear apresentada pelo criador britânico, numa descrição visual da evolução do traje de viúva num contexto europeu. "Um ovo de tubarão que encontrei na praia de Vila Nova de Milfontes, em agosto de 2017, serviu de inspiração para a forma, silhueta e desenvolvimento têxtil das peças", explicou Archie Dickens. "Ele transmite uma sensação de estar inbetween, a flutuar em silêncio - não tendo consciêcia do que o rodeia". Apesar de predominantemente masculina, nas palavras do próprio criador, Forma de Viver apresentou peças que podem ser consideradas ungendered, bem como uma ideia de handmade luxury e durabilidade emocional do design.
Carolina Raquel
Induviae explora a inexistência/existência de conexão emocional entre nós próprios e as nossas peças de roupa", explicou a criadora portuguesa e vencedora do prémio FashionClash. "Ao elevá-las a tema principal de debate, Induviae pondera novos significados ligados à roupa como objeto pessoal e, consequentemente, como um importante depósito de memória". Silhuetas com folhos, peças desconstruídas, sobreposições de tecidos e acessórios oversized foram alguns dos elementos principais das propostas da coleção de Carolina Raquel, que apostou numa paleta de tons contrastantes entre o preto, o branco e o vermelho.
Federico Protto
Imortality & Fashion foi o mote escolhido pelo criadora natural do Uruguai, distinguido com uma menção honrosa no concurso Sangue Novo da 50ª edição da ModaLisboa. De regresso à mostra de jovens talentos, Federico Protto encenou uma espécie de garden party, com elementos como padrões florais, folhos, peças em tule, transparências e chapéus a imitar cestas em verga. "Explorando as dimensões da imortalidade da Moda, esta coleção visa retratar a pesquisa teórica e histórica", explicou. "Cada coordenado é personificado em metáforas lúcidas associadas aos convidados da nossa festa. Esses personagens juntam-se para uma reunião teatral. Juntam-se a nós: o jardineiro do paraíso, Marie Antoinette, a rainha das fadas, St. Veronika, o carrasco, o fantasma do lençol e, claro, o génio da garrafa!".
For All Kind by Saskia Lenaerts
"É uma celebração da diversidade, uma afirmação de que hoje somos todos híbridos de alguma forma", explicou a criadora sobre a coleção Rare Fruit que, nas suas próprias palavras, "questiona a sustentabilidade da circulação global de vestuário e, simultaneamente, desafia e levanta questões humanitárias relativamente à descolonização e à alteridade". Coordenados femininos e masculinos completaram as propostas da designer, onde cada look se distinguia pela silhueta, material e cor, com destaque para o uso de objetos usados, cortes de couro e algodão tingido. "A diversidade das minhas origens e o meu fascínio por tentar entender como as pessoas seguem em frente, formam identidades e se retratam a si mesmas, através da moda e do vestuário, são as bases da coleção", disse a criadora.
Opiar
Entre clássico e futurista, fluidez e rigidez, construção e desconstrução, o criador Artur Dias encenou uma espécie de mundo imaginário para apresentar Rapture, a sua segunda coleção na plataforma Sangue Novo. Nas palavras do próprio, as propostas primavera/verão 2019 de Opiar são "uma cidade voadora criada com o intuito de albergar pessoas cujas ideologias não seguem os princípios do altruísmo praticadas por diversas forças em terra. Local onde o Artista não temerá a censura, o Cientista não será restringido, onde os Menores não serão limitados pelos Maiores".
Pu Tianqu
A coleção teve como ponto de partida "o sentido de humor presente na escultura de Erwin Wurm", que levou o criador a "questionar sobre a forma como nos comportamos e sobre quem realmente somos". No processo de construção, deparou-se com uma entrevista sobre "adultos bebés", que levou o designer a explorar a ideia de vontade individual e regras convencionais. "Toda a pesquisa é baseada num jovem profissional imaginário, que tem um novo emprego. Provavelmente trabalha num departamento financeiro. Luta para esconder a sua natureza ou ser ele próprio no escritório", explicou. "O seu trabalho é sobretudo calcular números e preparar tabelas. Eu geralmente odeio tabelas, mas surpreendentemente sinto-me atraído por vários gráficos das tabelas. Todas as estampagens da coleção são inspiradas nesses gráficos".
Rita Carvalho
De regresso à plataforma Sangue Novo com Não Degenera, a criadora portuguesa apostou na feminilidade e ingenuidade das silhuetas, nas transparências, nos motivos florais e nos laços como pormenores principais de uma coleção geracional, que pretende ser um reflexo do passado, sem esquecer o presente e o futuro. "Viajamos para o passado. Andamos para trás no tempo. Chegamos aos antepassados. Criamos um universo ficcionado de uma realidade longínqua, realidade não vivida, apenas imaginada através de histórias contadas e fotos antigas guardadas", explicou a designer. "Hoje existimos, como somos, na nossa realidade presente. Em nós permanece toda uma carga genética, de uma herança que nos foi deixada por quem já não está cá ou ainda está. Resta-nos a responsabilidade de não degenerar. Porque ainda existe um futuro".
The Co.Re
O projeto conjunto das criadoras Rachel Regent e Inês Coelho, distinguidas com o prémio The Feeting Room, estreou-se no concurso Sangue Novo com uma mensagem tão atual quanto universal, que se estendeu aos coordenados de The Co.Re para quebrar estigmas e preconceitos. "A ansiedade é a epidemia da nossa geração. Atualmente os jovens têm tanta ou mais ansiedade do que o comum paciente de um hospital psiquiátrico dos anos 50", explicaram as designers sobre a inspiração por detrás de Modern Daze. "Com esta coleção, procuramos chamar atenção para a natureza prejudicial da ansiedade e como esta condição psicológica limita quem tem de lidar com ela diariamente. Ao utilizar motivos inspirados em camisas de forças e elementos que restringem o movimento, esperamos iniciar uma conversa sobre o tema da saúde mental, sobre o qual ainda há demasiados preconceitos."
Víctor Huarte
Inspirado na festividade da procissão de barcos que se realiza anualmente no dia 4 de junho pela escola Eton, em Inglaterra, como explicou o criador espanhol, a coleção Britannia é "uma crítica ao sistema académico, que em muitos casos considero desatualizado, arcaico e, infelizmente, autoritário". Uma reinterpretação estética com uma forte identidade visual, a coleção de Víctor Huarte procurou atualizar e reinterpretar peças clássicas do guarda-roupa masculino com um olhar contemporâneo, entre elas coletes transformados em crop tops, camisas com mangas de balão construídas como vestidos, e corpetes que procuram redefinir a silhuetas masculina convencional, aliados a chapéus de palha com coroas de flores.
Vítor Antunes
Inspirado na "história de um jovem ambicioso que se muda para uma grande capital pela primeira vez", a coleção Vivant explora o modo com a inocência e a inexperiência podem levar a falsos encantos e a mundos de interesse, dinheiro, fama, drogas, sexo e poder, "numa luta corrosiva entre o que é certo ou errado". Na paleta de cores de Vítor Antunes para a estação estival, o preto foi a estrela da apresentação na plataforma Sangue Novo, "representando o lado dark dos ambientes envolventes, com toques de amarelo desespero, ou o vermelho, que traduz paixão, poder e excitação". Os materiais semi-transparentes usados pelo designer, num jogo entre opaco e replente à água, deixaram "passar a visão e a luz, sendo possível espreitar para o verdadeiro 'eu' da personagem", ao mesmo tempo que criavam um "escudo contra o mundo exterior".
Todas as fotografias: Ugo Camera © ModaLisboa
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