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Privado: Raquel Prates

05 Jan 2017
By Irina Chitas

A apresentadora, galerista, fundadora da 39A Concept Store e um poderio de mulher que nunca consegue ser oito – é sempre 80.

Recebe-nos de vestido, saltos maiores e maquilhagem impecável. Eram só 10h da manhã. A apresentadora, galerista, fundadora da 39A Concept Store e um poderio de mulher que nunca consegue ser oito – é sempre 80. 

Primeira memória de Moda. A minha mãe foi a minha referência de sempre. Foi das primeiras mulheres portuguesas a usar, por exemplo, Ana Salazar. Foi aí que rapidamente percebi que a minha mãe – que é uma pessoa profundamente tímida – utilizava a roupa como meio de comunicação, e de uma forma muito poderosa. De maneira que olho para a roupa exatamente como forma de comunicar. Não é por acaso que uso uma peça num momento ou no outro. Obviamente que existem as regras formais, de protocolo, mas nada são acasos.

Coleção. Há peças que se tornaram pontos altos na carreira de criadores que eu admiro e, a partir daí, passaram a coleção em vez as de usar diariamente [como os sapatos da última estação de Tom Ford para a Gucci]. Já tenho bastantes peças, a idade trouxe-me isso e, felizmente, também herdei muitas peças dos anos 60 e 70.

Pequenos tesouros. Aparelhagem de válvulas; Bíblia de 1835 (comprada em leilão); anel de noivado da Bulgari; aguardente que fiz com o vinho do meu avô; escultura de Cruzeiro Seixas; obras do meu marido, João Murillo.

Produtos de Beleza. Gosto muito de ir experimentando, não sou nada fiel porque a tecnologia traz-nos produtos e abordagens totalmente diferentes. Lembro-me que, quando comecei a fazer televisão, usavam-se bases de teatro. Hoje em dia, há bases com hidratação, antipoluição, proteção solar, as propriedades são imensas. Ao nível dos produtos tradicionais, o medronho é cada vez mais usado como anti-aging e está a ser bastante explorado. Mas sim, há um produto de eleição que eu amo de paixão: a Clarisonic é milagrosa.

Fragrância. Estou sempre a mudar de perfume e são sempre masculinos. Detesto florais, gosto de perfumes que sejam apimentados, amadeirados, especiarias, cedro.

Mimos. O tempo de manhã; tomo o pequeno-almoço sentada à mesa e acordo muito mais cedo para poder fazer isso, não abdico.

Acessório de sempre. A minha aliança.

Sapatos para dançar. Ao contrário da maioria das pessoas, saltos altos. Agora aderi às botas de cowboy que são profundamente confortáveis e dão com quase tudo.

Música que está sempre na playlist. Running Up That Hill de Kate Bush na versão dos Chromatics.

Magia de vestir. Adoro o meu casaco da Concepto, uma marca de designers emergentes da Roménia que conheci através do Instagram e que já estão na minha loja, com o Mickey nas costas. E gosto porque tem a ver com o nosso lado emocional, o nosso lado de criança, com a magia que não devemos perder. Acho graça aos unicórnios, acho graça a brilhantes – a Swarovski para mim, se fosse criança, era daqueles tesouros que guardava numa caixinha e, de vez em quando, ia lá ver (na verdade, ainda faço isso).

Arriscar. Às vezes questiono-me: "Será que me estou a esticar muito para fora de pé?" Uma vez tentaram dizer mal de mim num blogue – que acabou por ser das melhores coisas que já me disseram: "A Raquel Prates conseguiu com que um vestido de velhinha virasse tendência", e eu fiquei mesmo feliz! Quando eu própria tinha medo de o usar, era muito fora, um vestido Nina Ricci que usei nuns Globos de Ouro, e todo ele era hiperfolhos e laços, e depois era de um rosa­-bebé que não era nude, nem era choque, nem era velho, era um rosa totalmente descabido e desleixado e deslavado e tudo aquilo não tinha forma. E é isso que me diverte na Moda: é esticar a corda.

Privacidade. Sou um bocadinho tímida, um bocadinho bicho do mato. Estou sempre a fazer as minhas coisinhas, num mundo muito meu e acho que é a primeira vez que o estou a revelar assim, desta forma.

Elegância. Acima de tudo, é uma forma de ser. Tem a ver com um certo timing, com a forma como tratamos as pessoas à nossa volta, a generosidade com que acordamos no dia a dia, o sorriso que lançamos a alguém que percebemos que não está bem. É esse timing que acho que as pessoas perderam, as pessoas correm demasiado. Perdeu-se uma essência humana. Tudo está a mudar muito rápido e acho que nós não estamos preparados para esta velocidade. Ser elegante não tem a ver com o que se veste, com o ser gordo ou ser magro, tem a ver com o que se é – o Ser. "Ela está bonita ou não está bonita", who fucking cares? Elegância está além disso.

Irina Chitas By Irina Chitas

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