O mês do orgulho chegou e muitos eventos em todo o mundo se tornaram digitais. Desde a transmissão ao vivo do New York Pride até uma after party internacional no Zoom com o Club Quarantine, estão aqui 10 maneiras de celebrar a cultura LGBTQ+ este mês.
O mês do orgulho chegou e muitos eventos em todo o mundo se tornaram digitais. Desde a transmissão ao vivo do New York Pride até uma after party internacional no Zoom com o Club Quarantine, estão aqui 10 maneiras de celebrar a cultura LGBTQ+ este mês.
Pride Parade São Francisco, CA, 2017 ©Getty Images
Pride Parade São Francisco, CA, 2017 ©Getty Images
O coronavírus tem sido um desafio para todos nós, mas para as pessoas LGBTQ+ as dificuldades podem ser específicas. Há aqueles que se isolam com famílias que não lhes permitem sair do armário ou que não os aceitam. Grupos já vulneráveis de pessoas LGBTQ+ agora enfrentam um risco maior de desemprego e perda de casa, enquanto os governos de alguns países, como a Hungria e os EUA, introduziram ou poderão introduzir legislação anti-trans que pode bloquear o acesso das pessoas trans aos cuidados de saúde. Tudo isto transforma os eventos do Pride - normalmente momentos de alegria, solidariedade e consciencialização – em acontecimentos ainda mais importantes, mas centenas de Prides globalmente foram este ano canceladas ou adiadas devido ao Covid-19.
A boa notícia é que muitos organizadores estão a mover as celebrações para o online. Os protestos digitais do Pride já ocorreram de Tbilisi a Tóquio. Em abril, ativistas de todo o mundo participaram numa vigília feita no Zoom em honra dos ativistas bengalis que foram assassinados em 2016 e, no Reino Unido, pessoas trans e mulheres cis estão a manifestar-se através das redes sociais contra os planos do governo de reverter os direitos dos trans no país. A partir deste mês, dezenas de eventos do Pride serão publicados ou transmitidos ao vivo naquela que é uma erupção digital da cultura queer e da construção da comunidade - o que significa que agora o Pride não tem fronteiras.
De Londres a São Francisco e Seul, aqui está um guia para os eventos virtuais do Pride a decorrer durante o mês de junho de 2020.
30 de Junho 2019, São Francisco, CA ©Getty Images
30 de Junho 2019, São Francisco, CA ©Getty Images
Global Pride
De longe o evento mais abrangente e conectado, o Global Pride é um fluxo de discursos e performances disponíveis 24 horas através de centenas de diferentes Pride que estão a acontecer em todo o mundo. A live passará pelas comemorações de Sydney, Tel Aviv e Rio de Janeiro, além de países da Ásia e África. "Vários eventos do Pride foram cancelados ou adiados na Índia, onde eu estou neste momento, assim como no resto do mundo, e as pessoas estão muito desanimadas", explica Rahul Upadhyay, da InterPride, um dos organizadores do Global Pride. "É por isso que é importante ter Prides digitais com o mesmo zelo e entusiasmo que teríamos - espalhar a mensagem de que esta pandemia não nos pode tirar o nosso espírito comunitário".
Veja no dia 27 de junho em Global Pride 2020.
Copenhagen Pride
Além de participar no Global Pride, o Copenhagen Pride realiza o seu próprio evento digital. Transmitidas através da capital dinamarquesa, as celebrações terão presença real na cidade, mas, devido a restrições de ajuntamentos, a participação será estritamente limitada. Em vez disso, explica Lars Oskan-Henriksen, presidente do Copenhagen Pride, poderá explorar o programa de palestras, exposições e um hall of fame LGBTQ + em realidade virtual, a partir de sua sua casa. Também haverá uma campanha digital incentivando as pessoas a fazer algo positivo por uma causa LGBTQ+ e postar sobre ela, além de um concerto de duas horas na televisão nacional, transmitido na íntegra.
"A parte positiva de tudo isto é que estamos a ser forçados a desenvolver formatos digitais que nos transportam até ao futuro daqui a 10 anos", diz Oskan-Henriksen. "O Pride é algo tão físico, trata-se de reunir pessoas nas ruas. Mas voltarmo-nos para o online dá-nos oportunidade de ver se podemos envolver mais pessoas que vivem em zonas rurais ou suburbanas que geralmente não participariam no Copenhagen Pride, e é um conhecimento que podemos levar para 2021 quando Copenhaga receber o World Pride.”
O Copenhagen Pride Week acontece entre os dias 18 e 23 de Agosto – pode ver o livestream no Facebook ou no Youtube.
O-zine Pride, Rússia
“Celebrações do Pride como as da Europa são absolutamente impensáveis para a Rússia”, explicam Dmitry Kozachenko e Sasha Kazantseva, da O-zine, uma revista online que destaca a cultura queer russa (o O significa 'open'). Devido à homofobia nas ruas, à censura dos media estatais e à 'lei de 2013 de propaganda anti-gay' do governo segundo a qual as pessoas LGBTQ+ ainda são perseguidas, eles dizem que “só recentemente [tivemos] pequenas manifestações de rua, que continuam a ser interrompidas pela polícia e pelos queerphobes. Com visibilidade e aceitação limitadas, um orgulho digital é ainda mais adequado e importante, fornecendo alguma segurança.
Em 2019, o vídeo do O-zine Pride foi amplamente compartilhado por celebridades russas - um momento de avanço. Este ano, os músicos Dorian Electra, Róisín Murphy e Pussy Riot estão a apoiá-los em concertos online ou partilhando as suas palavras de apoio às pessoas LGBTQ+ russas. "É realmente difícil ser queer na Rússia - muitos de nós somos forçados a viver no armário, e é improvável que possamos contar com o apoio de familiares ou colegas", diz Kazantseva. "Mas nos últimos dois anos, mais pessoas LGBTQ + na Rússia estão a correr riscos e a falar abertamente, criando projetos queer inspiradores e apoiando-se uns aos outros."
Pussy Riot, Nova Iorque, 2019 ©Getty Images
Pussy Riot, Nova Iorque, 2019 ©Getty Images
Siga o O-zine no Instagram para assistir a atuações musicais diárias e vídeos inspiradores de 3 de junho até o final do mês.
Nova Iorque e São Francisco Prides
Grandes Prides dos EUA, como Nova Iorque e São Francisco, foram cancelados a par com centenas de outras paradas mais pequenas do Pride na América do Norte, mas existem alternativas no digital. O San Francisco Pride comemora o seu 50º aniversário, e o seu evento virtual contará com um festival de cinema queer, com curadoria de Frameline, além de uma marcha pelos direitos trans e um baile LGBTQ+. Também pode assistir ao especial 50 Years of SF Pride no canal CBS. Este ano, o New York Pride, que será discreto e disponível online, contará com performances e participações de Janelle Monáe, Billy Porter e Margaret Cho.
Billy Porter, NYC, 2019 ©Getty Images
Billy Porter, NYC, 2019 ©Getty Images
O San Francisco Pride Online Celebration and Rally acontecerá nos dias 27 e 28 de junho. O New York Pride estará no ar no Canal 7 da WABC do meio dia às 14h EST no dia 28 de junho.
O Pride do Museu de arte Leslie-Lohman, Nova Iorque
Se o principal evento do Pride de Nova Iorque não lhe encher as medidas, o Museu de Arte Leslie-Lohman oferece uma alternativa cultural queer. O programa especial do Pride, criado para oferecer consolo, alegria e conexão durante o fecho temporário do museu, promete um "calendário vibrante, marcante e diversificado de arte, eventos e atividades gratuitas interdisciplinares". Os destaques incluirão a estreia de Can You Save Superman, um projeto digital do artista Jordan Eagles; uma série de apresentações ao vivo que a acontecer no Zoom; e o Lockdown Loft, uma festa virtual gratuita dia 28 de junho, com leituras, performances, exibições e uma festa de dança que evoca – nada mais nada menos do que o famoso clube de Nova York, The Loft.
Os eventos acontecem a partir de 10 de junho - verifique as atualizações em leslielohman.org
Voices 4 e Far and Pride’s Virtual Queer Solidarity March, London, Berlin e New York
Todos os anos, Prides em Londres, Berlim, Nova York e outros países são criticados pelos seus patrocínios corporativos em massa e por não apresentarem questões urgentes que afetam a comunidade LGBTQ +, como falta de alojamento e violência. O Queer Solidarity Protest será uma marcha virtual sem marcas associadas, na qual os usuários podem postar fotos de si mesmos com cartazes que descrevam o que o Orgulho significa para eles. Haverá discursos de ativistas queer, com foco na celebração, mas também na educação, incluindo uma seção dedicada à partilha de experiências do QTBIPoC.
"Será um dia em que todos poderão comparecer", diz Prishita Maheshwari-Aplin, uma das organizadoras e membro do grupo ativista Voices 4 London. "Quer as pessoas não estejam bem, estejam no hospital, acamados, seccionados ou em isolamento. Onde quer que estejam no mundo, independentemente de poderem sair com segurança do armário ou não. Se ainda estão a explorar a sua sexualidade ou identidade de género, não há pressão para se vestirem, parecerem ou para se comportarem de alguma maneira específica. Isto é extremamente necessário, especialmente estando ciente de quão inacessíveis os eventos do Pride lotados e orientados para festa podem ser para muitas pessoas.”
Junte-se a partir de 20 de junho no Instagram.
Unsung Heroes, Hong Kong
Muitos países asiáticos não realizam seus eventos do Orgulho em junho, o que significa que o Jeonju Pride na Coreia e o Tóquio Pride já decorreram virtualmente. O Aomori Pride do Japão também será virtual este ano. Ainda não se sabe se o Orgulho de Seul ocorrerá no final do ano.
A recente agitação política em Hong Kong deixou as comunidades LGBTQ + com incertezas sobre o futuro da aceitação pela qual lutaram. Kenneth Kwok, da Better Together Foundation e do Hong Kong Pride, explica que, além de participar do Global Pride, uma campanha digital chamada Unsung Heroes será apresentada como parte do evento para “destacar histórias de esperança e resiliência de pessoas que defendem direitos iguais e um tratamento justo em toda a Ásia". Depois, durante o Festival Anual do Orgulho de Hong Kong, em novembro, será realizada uma cerimónia especial de premiação em homenagem a esses ativistas.
Faça o check-in no Festival do Orgulho de Hong Kong para confirmação de horários e datas.
PinkNews #PrideFor All, UK
Quando a equipa do meio de comunicação LGBTQ+ do Reino Unido PinkNews descobriu que o Pride London foi cancelado, começaram a planear a sua própria celebração. O evento digital contará com tutoriais drag, painéis de discussão e um desfile animado criado pelo artista digital Adam Hoyle, com carros alegóricos digitais criados por marcas - faça login no site, crie o seu próprio avatar e explore. O editor do PinkNews, Ryan Butcher, diz: "Espero que ajude as pessoas isoladas ou sozinhas, e que talvez não conheçam muitas outras pessoas LGBTQ+, a sentir que fazem parte de uma comunidade ampla e rica. Especialmente em países onde se está a tornar cada vez mais perigoso ser abertamente LGBTQ+ ".
De 4 a 7 de junho em Pinknews.co.uk.
Festas Club Quarantine’s Pride, internacional
À procura de uma afterparty do Pride? Durante o confinamento, o Club Quarantine tem vindo a dar festas queer no Zoom todos os sábado à noite e conta com a atriz Hunter Schafer e as músicas Caroline Polachek e Robyn entre os seus frequentadores, enquanto Charli XCX e Yaeji atuam. Durante o mês do Pride, estarão a promover festas temáticas.
Todos os sábados de junho, com links publicados em @clubquarantine.
them apresenta Out Now Live
Começando no dia 22 de junho, este festival digital destacará o talento favorito da revista LGBTQ+ online, com apresentações e muito mais no site them.us e no Instagram, e celebrará a resiliência queer diante da pandemia. Pode contar com aparições de Jeremy O Harris, Michael Kors, Cynthia Nixon, Tegan e Sara e Evan Rachel Wood, além de notáveis aliadas LGBTQ+ como Naomi Campbell, Judith Light e Whoopi Goldberg.
"A comunidade LGBTQ+ sempre emergiu apesar das adversidades para inspirar, criar e organizar nos nossos próprios termos, e este ano não é diferente", afirma o editor executivo Whembley Sewell. "Enquanto comunidade vibrante e resiliente, ainda iremos celebrar orgulhosamente o quão longe chegamos e juntos continuaremos a trabalhar em direção ao mundo que mais queremos ver acontecer uns para os outros."
A partir de 22 de junho, as apresentações serão transmitidas nas redes sociais de @them. Verifique them.us para atualizações do evento.
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Amelia Abraham é a autora do livro Queer Intentions: A (Personal) Journey Through LGBTQ + Culture, publicada por Picador.
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